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O Brasil quer negociar?
Publicado 22/07/2025 • 14:56 | Atualizado há 7 dias
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Publicado 22/07/2025 • 14:56 | Atualizado há 7 dias
No dia 1º de agosto, as tarifas americanas sobre produtos brasileiros entram em vigor. Não se trata mais de se, mas de quanto e quando nossa balança comercial vai sangrar. Enquanto isso, Brasília — ingênua, barulhenta e desarticulada — sonha com uma trégua que Washington nunca prometeu.
O Brasil se comporta como quem pode esperar. Mas não pode. Donald Trump, de volta à Casa Branca, tem todos os incentivos para manter a dureza. Já deixou claro: não vê por que conceder mais prazo, tampouco aliviar tarifas para um país que representa apenas 1,2% de suas importações totais. Para ele, o Brasil é irrelevante do ponto de vista econômico e precioso do ponto de vista simbólico: um alvo barato para sinalizar força ao resto do mundo.
Do lado de cá, a simetria é inexistente. Os EUA são responsáveis por 12% das exportações brasileiras. E não se trata de commodities brutas — estamos falando de carne processada, aeronaves, celulose, maquinário. Produtos com alto risco cambial, logístico e político.
Ou seja: para eles, somos um detalhe. Para nós, eles são um pilar. Um pilar que está prestes a ruir.
Porque podem. Porque custa pouco.
O Brasil, aos olhos da Casa Branca, é o BRICS com pés de barro. É o elo fraco da corrente. Punir a China seria briga de gente grande. Confrontar a Rússia, um risco geopolítico. Enfrentar a Índia, um jogo de incertezas. Já o Brasil… o Brasil late, mas não morde.
As tarifas são um recado aos BRICS, mas o destinatário é um só: um sul-americano que resolveu brincar de geopolítica sem ter estrutura, aliança ou plano de voo.
A “estratégia” brasileira, se é que há uma, parece baseada na espera. Mas esperar só é estratégia quando se tem tempo — e nós não temos. Insistir em adiar o conflito sem oferecer concessões ou soluções concretas apenas reforça o que já está óbvio: não temos direção, nem proposta, nem autoridade.
Em 1981, Roger Fisher e William Ury lançaram o livro Getting to Yes — ou Como Chegar ao Sim. A proposta era simples e transformadora: negociar não é empurrar posições, é alinhar interesses.
O ponto central da tese é o conceito de BATNA (Best Alternative to a Negotiated Agreement): qual é sua melhor alternativa caso a negociação fracasse?
Quem tem um BATNA forte, impõe respeito. Quem tem um BATNA fraco, é ignorado.
O BATNA do Brasil é fraco:
a) Retaliar os EUA? Irrelevante e autodestrutivo.
b) Acionar a OMC? Lento e inócuo.
c) Redirecionar exportações? Exige anos, acordos, infraestrutura e diplomacia que não temos.
Se for sentar à mesa sem plano, sem alternativa e sem credibilidade, só restará discursos inflamados para uma plateia ignorante.
Exportar para os EUA é interesse brasileiro. Proteger empregos industriais no Sul e Sudeste é interesse brasileiro. Diversificar mercados e não depender só da China, dos EUA ou de quem quer que seja, é interesse brasileiro.
Já os interesses dos EUA são outros, mesmo que não claramente verbalizados em seus discursos.
Tratar essa negociação como uma conversa entre iguais é ingenuidade mascarada de soberania. O Brasil precisa parar de repetir slogans vazios e começar a decifrar o que realmente está em jogo.
Resta saber se, de fato, o Brasil quer negociar com os EUA — ou se apenas finge que quer. Talvez a intenção real seja se distanciar ainda mais dos americanos e aprofundar sua aposta nos BRICS. Se for isso, o aumento de tarifas viria a calhar como desculpa perfeita: um incidente diplomático útil para fortalecer a narrativa de antagonismo e justificar o deslocamento estratégico. Mesmo que custe o sacrifício de alguns setores produtivos.
O tempo é curto e o custo da paralisia cresce. O Brasil precisa, urgentemente:
Conclusão: ou o Brasil aprende a negociar, ou será negociado
A retórica da soberania derrete no escâner do porto. As tarifas americanas não são um castigo — são um teste. E o Brasil, até agora, está reprovando. Em vez de fortalecer seu jogo, tenta dobrar a mesa. Enquanto não entender que diplomacia é pragmatismo, e não palco, continuará escrevendo discursos para a ONU enquanto perde contratos, mercados e respeito.
Ou aprendemos a negociar com o mundo real — ou continuaremos sendo negociados por ele.
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