Os líderes da Tailândia e do Camboja vão se reunir na Malásia para conversas de paz na segunda-feira (28), após os países se enfrentarem pelo quarto dia seguido em uma disputa de fronteira que já deixou mortos.
Pelo menos 34 pessoas morreram e mais de 200 mil foram forçadas a deixar suas casas enquanto os dois países, ambos destinos turísticos bastante procurados, brigam pelo controle de alguns templos localizados em áreas de fronteira disputadas.
Mediação regional para cessar-fogo imediato
Bangcoc anunciou no domingo (27) que o primeiro-ministro interino Phumtham Wechayachai, da Tailândia, e o premiê cambojano Hun Manet vão participar das negociações, que terão a mediação do líder da Malásia, Anwar Ibrahim, atual presidente do bloco regional da ASEAN, do qual Tailândia e Camboja fazem parte.
Anwar disse que o objetivo principal das conversas é um cessar-fogo imediato entre os dois vizinhos.
“Eles (representantes dos governos do Camboja e da Tailândia) me pediram para tentar negociar um acordo de paz”, declarou Anwar à agência de notícias Bernama no fim da noite de domingo (27).
“Estou conversando sobre os limites, as condições, mas o que importa agora é um cessar-fogo imediato”, reforçou o premiê malaio.
O Camboja ainda não comentou oficialmente sobre as negociações, que estão marcadas para começar às 15h (horário local, 4h da manhã em Brasília).
Pressões internacionais e diálogo dos líderes
O presidente dos EUA, Donald Trump, que conversou com os dois líderes no fim da noite de sábado (26), afirmou que ambos concordaram em “resolver rapidamente” um cessar-fogo.
Trump ameaçou os dois países com tarifas pesadíssimas em sua ofensiva de impostos globais, caso não aceitem fechar acordos comerciais independentes com os EUA.
“Quando tudo estiver resolvido e a paz estiver próxima, quero fechar nossos acordos comerciais com ambos!”, escreveu ele nas redes sociais.
Novos confrontos com artilharia pesada começaram na manhã de domingo (27) perto de dois templos antigos localizados há anos em uma região de fronteira entre o norte do Camboja e o nordeste da Tailândia, área que concentra a maior parte dos combates.
‘Não dava para ficar seguro’
A porta-voz do Ministério da Defesa cambojano, Maly Socheata, afirmou que tropas tailandesas começaram a atacar áreas próximas aos templos às 4h50 da manhã.
“A gente teve que sair de casa correndo hoje cedo”, contou Maefah, moradora tailandesa de 61 anos que reorganizava sacos de lixo com os pertences da família na caçamba de uma caminhonete parada em um posto de gasolina na província de Surin.
“Todos os meus vizinhos já foram embora. E a gente não se sentia mais seguro para ficar”, disse ela, sem querer revelar o sobrenome.
O barulho constante da artilharia fazia as janelas tremerem na cidade cambojana de Samraong, a cerca de 20 quilômetros da linha de frente, relataram jornalistas da AFP.
O porta-voz adjunto do exército tailandês, Ritcha Suksuwanon, declarou que as forças cambojanas começaram a disparar artilharia por volta das 4h, enquanto os dois lados lutam pelo controle de pontos estratégicos.
Com o conflito acirrando o clima nacionalista, a Tailândia fez um alerta aos seus cidadãos para “evitarem qualquer tipo de violência, seja em palavras ou ações”, contra migrantes cambojanos que vivem no país.
Apelos por cessar-fogo e acusações mútuas
Hun Manet, do Camboja, disse no domingo (27) que seu país “concordou com a proposta de um cessar-fogo imediato e sem condições entre as duas forças armadas”.
Depois do telefonema de Trump, Phumtham afirmou que aceitou, em princípio, aderir ao cessar-fogo e iniciar as negociações.
Mesmo assim, no domingo (27), cada lado voltou a culpar o outro por dificultar os esforços de paz.
O Ministério das Relações Exteriores da Tailândia acusou as forças cambojanas de lançarem projéteis sobre casas de civis na província de Surin.
“Não tem como chegar a um cessar-fogo enquanto o Camboja agir sem boa fé”, afirmou o ministério.
Por outro lado, a porta-voz do Ministério da Defesa cambojano, Maly Socheata, negou que suas tropas tenham iniciado os disparos e acusou a Tailândia de “atos de agressão deliberados e coordenados”.
A disputa na fronteira virou confronto aberto na quinta-feira (24), com aviões, tanques e tropas em solo se enfrentando numa região rural marcada por uma cadeia de morros cercada de selva fechada e plantações de arroz e seringueiras, onde moradores vivem da agricultura.
A Tailândia afirma que oito soldados e treze civis do país morreram, enquanto o Camboja confirmou a morte de oito civis e cinco militares.
O conflito obrigou mais de 138 mil pessoas a deixarem as regiões de fronteira da Tailândia, e 80 mil foram expulsos de suas casas no Camboja.
O governo cambojano também acusou as forças tailandesas de usarem bombas de fragmentação, enquanto Bangcoc acusa Phnom Penh de atacar hospitais.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Como Trump e as guerras comerciais deixaram Rússia e Ucrânia de lado
