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No RADAR Alberto Ajzental

Crédito cresce, juros resistem, e famílias se afundam

Publicado 28/07/2025 • 16:17 | Atualizado há 1 dia

Alberto Ajzental, do Times Brasil

Foto de Alberto Ajzental

Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

KEY POINTS

  • Desde setembro de 2024, o Banco Central reverteu o ciclo de cortes e iniciou uma sequência agressiva de aumentos na taxa Selic, que saltou de 10,5% para os atuais 15% ao ano em sete decisões consecutivas do Copom.
  • Foram 7 altas acumulando 4,5 pontos percentuais, com intensidade variável — de 0,25 a 1,0 p.p. — refletindo a tentativa de reancorar expectativas inflacionárias, conter o crédito às famílias e responder à deterioração fiscal.
Muitos clientes de coaching não sabiam que os consultores financeiros cobram uma porcentagem do seu dinheiro, geralmente 1% do seu portfólio anualmente.

Muitos clientes de coaching não sabiam que os consultores financeiros cobram uma porcentagem do seu dinheiro, geralmente 1% do seu portfólio anualmente.

Reprodução Pexels

Em semana de COPOM, cabe discutir crédito

Desde setembro de 2024, o Banco Central reverteu o ciclo de cortes e iniciou uma sequência agressiva de aumentos na taxa Selic, que saltou de 10,5% para os atuais 15% ao ano em sete decisões consecutivas do Copom.

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Foram 7 altas acumulando 4,5 pontos percentuais, com intensidade variável — de 0,25 a 1,0 p.p. — refletindo a tentativa de reancorar expectativas inflacionárias, conter o crédito às famílias e responder à deterioração fiscal. A política monetária, agora contracionista em grau máximo, busca não só reduzir a inflação, mas também preservar a credibilidade do regime de metas.

TABELA 1 – Reuniões do COPOM e taxas SELIC

Data da decisãoNova Selic (%)Variação (p.p.)
18/09/202410,75+0,25
06/11/202411,25+0,50
11/12/202412,25+1,00
29/01/202513,25+1,00
19/03/202514,25+1,00
07/05/202514,75+0,50
18/06/202515,00+0,25

O crédito continua crescendo no Brasil. Mas serve a quem?

O saldo total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 6,7 trilhões em junho. Alta de 0,5% no mês, mas nos últimos 12 meses desacelerou para 10,7% contra alta de 11,8% em maio. Para pessoas físicas desacelerou para 11,9% contra alta de 12,4% em maio. Para pessoas jurídicas desacelerou para 8,8% contra alta de 10,9% em maio.

Por que esse desempenho? A resposta está na natureza do sistema: há demanda por crédito, sim, mas mais por necessidade do que por expansão econômica. Com renda comprimida, juros altos e inadimplência crescente, as famílias recorrem ao crédito como tábua de salvação. Já as empresas, diante de um cenário macro ainda incerto e custo de capital elevado, pisam no freio.

Saldo de Crédito, com recursos, Ampliado e Livre

O crédito ampliado abrange tudo: operações livres, direcionadas, externas e títulos. O crédito livre, por sua vez, é aquele em que os bancos têm autonomia total sobre taxas e destinação.

Como mostra a ARTE 1, esse crescimento está fortemente puxado pelas famílias (R$ 4,5 tri), que continuam ampliando seu endividamento, enquanto as empresas (R$ 6,6 tri) avançam com mais cautela.

O saldo de crédito ampliado às famílias já soma R$ 4,5 trilhões, com crescimento de 0,4% em um mês e 11,9% em 12 meses. No caso das empresas, o crédito ampliado soma R$ 6,6 tri, mas teve queda de 0,6% no mês, com crescimento de 9,1% em 12 meses.

O crédito livre às famílias está em R$ 2,3 tri e o crédito livre às empresas está em R$ 1,6 tri com crescimento em ambos quer seja no mês como acumulado em 12 meses.

ARTE 1 – Crédito Ampliado e Crédito Livre: famílias vs empresas

Juros continuam altos e spreads seguem impunes

A taxa média de juros no sistema está em 31,5% a.a., com 36,3% a.a. para famílias e 21,2% a.a. para empresas. O crédito livre às famílias chega a 58,3% a.a. — mesmo com inadimplência relativamente controlada, o spread bancário continua em 20,4 pontos percentuais.

Em outras palavras, o custo do dinheiro segue desproporcionalmente alto. E esse custo recai sobre o lado mais frágil da relação: o tomador.

ARTE 2 – Taxa média de juros

Inadimplência

A inadimplência total no sistema chegou a 3,6% em junho.

No crédito livre, esse número sobe para 5,0%. E no caso das famílias, atinge 6,3%, com alta de 0,8 ponto percentual em 12 meses. No caso das empresas chega a 3,1%.

A ARTE 3 mostra esse avanço ao lado de um dado ainda mais preocupante: o comprometimento da renda das famílias alcançou 27,8%, e o endividamento total chegou a 49,0%.

ARTE 3 – Inadimplência e saúde financeira das famílias

Ou seja, quase um terço da renda familiar já está comprometida com dívidas, e quase metade das famílias apresenta endividamento. Isso não é dinamismo do crédito — é fragilidade social sendo monetizada.

O crédito cresce, mas também comprime

Mais crédito, sim. Mas também mais inadimplência, mais endividamento e mais dependência. O sistema financeiro continua lucrando com a fragilidade da população — e o Estado ainda incentiva. Os mesmos protagonistas de “Gasto é vida” proclamam “Credito é vida” O crédito deveria ser instrumento de mobilidade e investimento. No Brasil, virou alívio momentâneo para famílias asfixiadas, e um ciclo vicioso que só favorece quem empresta.

O que parece expansão, pode ser só um alerta.

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