Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Decisão de Trump de demitir funcionária que divulgou dados negativos gera onda de críticas nos EUA; especialistas temem crise de credibilidade
Publicado 03/08/2025 • 11:28 | Atualizado há 2 dias
Trump diz que tarifa sobre remédios pode chegar a até 250%
Aramco registra queda na receita no 2º trimestre, mas projeta aumento na demanda de petróleo
Vendas da Tesla no Reino Unido e na Alemanha caem mais de 55%, enquanto a chinesa BYD dispara
Pfizer eleva projeção de lucro para 2025 com cortes de custos e resultados trimestrais fortes
Trump diz que JPMorgan Chase e Bank of America o rejeitaram como cliente
Publicado 03/08/2025 • 11:28 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
Erika McEntarfer, ex-comissária do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, na sigla em inglês)
U.S. Bureau of Labor Statistics
A demissão da comissária do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, na sigla em inglês), Erika McEntarfer, por ordem direta do presidente Donald Trump, gerou uma onda de críticas de economistas, ex-autoridades e associações técnicas. Especialistas afirmam que a decisão representa um ataque sem precedentes à credibilidade dos dados econômicos americanos e pode comprometer a confiança de mercados e agentes econômicos nos indicadores oficiais da maior economia do mundo.
Leia mais:
Dólar recua após payroll fraco nos EUA, apesar de impacto inicial de tarifaço de Trump
A decisão foi anunciada por Trump nesta sexta-feira (1º), após a divulgação do payroll de julho, que mostrou desaceleração na criação de empregos, com 73 mil vagas criadas, além de revisões negativas nos dois meses anteriores, somando um ajuste em baixa de cerca de 250 mil postos. O presidente classificou os dados como “chocantes” e, sem apresentar provas, acusou McEntarfer de manipular os números para prejudicá-lo politicamente. Segundo Trump, ela teria sido nomeada por Joe Biden com o intuito de “fraudar os números antes da eleição”.
A reação foi imediata. O Nobel de Economia Paul Krugman classificou o episódio como um marco de deterioração institucional. “Adeus, dados econômicos confiáveis”, escreveu. Para ele, a medida elimina a possibilidade de tratar o BLS como referência isenta e faz parte de um padrão de corrosão institucional promovido pelo governo Trump.
“Nos últimos seis meses, vimos instituição após instituição ser corrompida. Agora eles vieram atrás dos dados econômicos. Não podemos mais tratar os dados do BLS como ‘padrão ouro’.” Krugman afirmou que esperava um processo mais gradual de politização, “mas Trump simplesmente demitiu a chefe do BLS porque não gostou dos números, um sinal claro à equipe restante de que más notícias não serão toleradas”.
O economista disse que passará a dar mais atenção a pesquisas privadas de emprego e atividade econômica. “Quando essas fontes disserem algo diferente dos dados oficiais, não haverá mais motivo para acreditar nos dados oficiais. É mais um passo na nossa rápida descida ao status de república de bananas.”
Jason Furman, que presidiu o Conselho de Assessores Econômicos (CEA, na sigla em inglês) da Casa Branca no governo Obama, também alertou para o risco institucional. “Dados econômicos confiáveis são uma força essencial da economia dos EUA”, disse. Ele lembrou que, em países como Argentina e Grécia, a manipulação de dados contribuiu para grandes crises.
Para Martha Gimbel, que integrou o CEA no governo Biden, tentar distorcer os dados é inócuo. “Você pode manipular os números que quiser. Mas, se as pessoas não confiarem neles, não vai adiantar de nada. E o mercado de trabalho é algo que as pessoas vivenciam todos os dias.”
Para a Associação Nacional de Negócios Econômicos (Nabe), “esse ataque sem precedentes ao sistema estatístico dos EUA ameaça a credibilidade de longa data de nossa infraestrutura de dados econômicos”. A entidade aponta que as estatísticas econômicas dos EUA são o “padrão de excelência mundial”, e revisões nos indicadores refletem limitações orçamentárias, não manipulação.
A associação pediu que o Congresso investigue as circunstâncias da demissão e tome medidas para reforçar a independência das agências estatísticas.
Um dos grupos mais contundentes foi o Friends of the BLS, que reúne ex-comissários do BLS de governos democratas e republicanos. Segundo ele, “a comissária não determina o número, apenas relata o que os dados mostram, e o processo é descentralizado para evitar interferência”. O grupo pediu que McEntarfer seja mantida no cargo e criticou duramente a tentativa de politizar a produção dos dados.
William Beach, que foi comissário do BLS entre 2019 e 2023 e nomeado por Trump, também condenou a decisão. “A demissão sem fundamento de McEntarfer estabelece um precedente perigoso e mina a missão estatística do BLS”, escreveu.
Além da reação institucional, o episódio lança luz sobre a trajetória de McEntarfer. Doutora em economia pelo Virginia Tech, ela acumula passagens pelo CEA e pelo Departamento do Tesouro. Nomeada por Biden, foi confirmada no Senado por ampla maioria (86 a 8) em janeiro de 2024, com votos favoráveis de republicanos como JD Vance, hoje vice-presidente, e Marco Rubio, atual secretário de Estado.
Ex-colegas relataram que McEntarfer sempre manteve uma postura técnica. “Ela nunca se envolveu com política no trabalho”, disse Heather Boushey, pesquisadora da Universidade Harvard que atuou com McEntarfer no CEA.
Já a Casa Branca, em postagem, endossou a demissão, alegando que McEntarfer teria um “histórico extenso de imprecisões e incompetência” que, segundo o governo, “comprometeu completamente a confiança pública” no BLS. Wiliam Wiatrowski, vice-comissário desde 2015, será o responsável, interinamente, pelo comando do Escritório de Estatísticas de Trabalho.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
EXCLUSIVO CNBC: Trump diz estar otimista sobre acordo com a China; quer terceiro mandato; e indica favoritos ao Fed
Tarifaço não afeta Embraer, que tem resultado histórico, com recorde em receitas e pedidos
EUA condenam prisão domiciliar de Bolsonaro e atacam Moraes: “abusador de direitos humanos”
Índia reage às ameaças de Trump e critica EUA e União Europeia por comércio com a Rússia
iFood anuncia R$ 17 bilhões em investimentos no Brasil até março de 2026