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Para Gustavo Loyola, alta da Selic pode ser até mesmo de 1 ponto

Publicado 10/12/2024 • 22:19 | Atualizado há 4 meses

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • O economista Gustavo Loyola aponta que o Banco Central pode adotar uma postura mais agressiva no controle da inflação, elevando a taxa Selic em até 1 ponto percentual nas próximas reuniões, para evitar a desancoragem das expectativas inflacionárias.
  • Ele ressalta a importância de maior responsabilidade fiscal para aliviar pressões sobre os juros e permitir cortes a partir de 2025, apesar do ceticismo do mercado quanto à implementação efetiva do arcabouço fiscal.
  • Além disso, Loyola destaca os desafios externos, como o impacto da política monetária americana, e reforça a necessidade de o Banco Central manter o compromisso com a meta de inflação de 3% em 2026.

O economista Gustavo Loyola, sócio-diretor da Tendências Consultoria, não descarta a possibilidade de o Banco Central adotar uma postura mais agressiva no controle da inflação durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual.

Para ele, uma alta de 0,75 ponto percentual e o cenário mais provável, mas existe a possibilidade de uma elevação de 1 em dezembro e outra da mesma dimensão em janeiro.

Essa estratégia, segundo Loyola, poderia evitar a “desancoragem das expectativas” de inflação, que comprometeriam o controle dos preços no longo prazo. Após essas elevações mais fortes, o Banco Central poderia reduzir o ritmo de alta nas reuniões seguintes.

Desafios fiscais e impacto na inflação

Loyola, que foi presidente do Banco Central duas vezes, afirmou que a aprovação do pacote fiscal, embora tenha gerado decepção inicial no mercado, contém medidas com potencial para melhorar a gestão das contas públicas. Segundo ele, sinais de maior responsabilidade fiscal no próximo ano, com controle de despesas, podem contribuir para a redução das pressões inflacionárias.

“Se o cumprimento das metas do arcabouço fiscal ocorrer, será uma surpresa positiva. Isso terá um efeito favorável sobre a inflação e, principalmente, sobre os juros”, explicou. O economista avalia que, nesse cenário, o Banco Central teria mais liberdade para reduzir o ritmo de alta da Selic ou até iniciar cortes nos juros no segundo semestre de 2025.

No entanto, ele destacou que o mercado permanece cético quanto à implementação efetiva do arcabouço fiscal e ao cumprimento das metas estabelecidas.

Pressões externas e desafios da política monetária

Além das questões domésticas, Loyola alertou para os efeitos da política monetária americana e a possibilidade de fortalecimento do dólar nos mercados internacionais. Esse movimento pode dificultar a gestão econômica de países emergentes, inclusive o Brasil.

O economista ressaltou a importância de evitar que o Banco Central carregue sozinho o peso do combate à inflação. “Se a política fiscal for frouxa, tudo recai sobre os juros. Bancos públicos, por exemplo, muitas vezes atuam na contramão do Banco Central, oferecendo juros subsidiados, o que enfraquece a política monetária”, afirmou.

Meta de inflação e expectativas para 2026

Loyola acredita que o Banco Central seguirá comprometido com a meta de inflação de 3% para 2026. Ele considera que, embora desafios possam interferir nesse objetivo, o compromisso com a meta é crucial para manter as expectativas sob controle.

“O Banco Central tem que equilibrar uma postura pragmática, mas sem abandonar a meta de inflação. Dizer que não vai mais perseguir os 3% em 2026 levaria as expectativas a subirem ainda mais”, avaliou. Para ele, se a inflação estiver muito próxima da meta em 2026, será considerada uma vitória.

No geral, Loyola reforçou que a política monetária, combinada com responsabilidade fiscal, será essencial para o equilíbrio econômico nos próximos anos.

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