Rolls-Royce do advogado Nelson Wilians é o carro mais caro já apreendido pela PF

O Rolls-Royce Phantom pertencente ao advogado Nelson Wilians, apreendido nesta sexta-feira (12) em São Paulo durante a Operação Cambota, é o veículo mais caro já retido pela Polícia Federal. Avaliado em R$ 11 milhões, o sedã de luxo foi alvo da ação que investiga um esquema de descontos bilionários em aposentadorias e pensões do INSS.

Símbolo máximo da fabricante britânica, a unidade ano/modelo 2024 carrega a icônica escultura “Spirit of Ecstasy” no capô e traz sob o motor um V12 biturbo de 6,75 litros, capaz de gerar 571 cv de potência e 91,8 kgfm de torque.

O Phantom carrega quase um século de história como referência de sofisticação e exclusividade. Lançado pela primeira vez em 1925, o veículo chegou à sua oitava geração em 2017 e segue atualizado em 2024, mantendo o posto de carro-chefe da fabricante britânica.

Cada unidade é produzida sob medida, com opções praticamente ilimitadas de personalização em cores, acabamentos e materiais.

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O câmbio automático de oito marchas utiliza GPS para antecipar trocas conforme o traçado da estrada. Mesmo com quase 2,6 toneladas, o Phantom acelera de 0 a 100 km/h em pouco mais de 5 segundos e tem velocidade máxima limitada a 250 km/h.

Couro, madeira nobre e metais polidos compõem a cabine, que pode abrigar a chamada Gallery: uma obra de arte personalizada exibida no painel. Os bancos traseiros oferecem configuração lounge ou individual, com massagem, mesas dobráveis e até geladeira. O isolamento acústico é um dos grandes diferenciais, e a marca garante que o Phantom está entre os carros mais silenciosos do mundo.

Além disso, há a opção do teto estrelado, conhecido como Starlight Headliner. Este recurso exclusivo da Rolls-Royce utiliza fibras ópticas para criar a ilusão de um céu noturno iluminado por estrelas.

A exclusividade tem preço. Nos Estados Unidos, o Phantom 2024 parte de cerca de US$ 503 mil, valor que cresce significativamente com as customizações. No Brasil, a importação oficial pode elevar o custo para algo entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões, dependendo da configuração escolhida.

A operação

A operação contra fraudes em aposentadorias e pensões do INSS trouxe à tona dois personagens que ajudaram a sustentar a rede de desvios além do lobista conhecido como “Careca do INSS”, segundo a Polícia Federal.

As investigações apontam que o empresário Maurício Camisotti, ligado ao setor de seguros e planos de saúde, e o advogado Nelson Wilians também são peças relevantes no esquema que usava associações de fachada para descontar valores indevidos de aposentados e pensionistas.

Wilians, alvo de mandado de busca e apreensão também nesta sexta, entrou na mira da PF após o Coaf identificar movimentações suspeitas entre 2019 e 2023 ligadas ao seu escritório. Conhecido por sua presença nas redes sociais — com 1,5 milhão de seguidores no Instagram e postagens sobre viagens, carros e vida pessoal —, o advogado é investigado por sua relação com Camisotti e com a Ambec. Ambos foram alvos da Operação Cambota, que prendeu o empresário em São Paulo e realizou buscas no escritório e na casa do advogado.

Quem é Nelson Wilians

O advogado Nelson Wilians é fundador de um dos maiores escritórios de advocacia empresarial do país. Segundo documentos obtidos pela PF, o Coaf identificou movimentações financeiras consideradas suspeitas e ligadas a repasses feitos por entidades controladas por Camisotti.

Wilians também é conhecido por sua atuação pública e estilo de vida exposto nas redes sociais. No Instagram, onde reúne 1,5 milhão de seguidores, e no TikTok, publica vídeos que mostram rotinas de trabalho, viagens e passeios de lancha. Nas postagens, exibe carros de luxo e um cotidiano de ostentação que ajudou a projetar sua imagem para além da advocacia.

Ele já atuou em campanhas políticas: em 2024, prestou serviços jurídicos para a candidatura de Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo, recebendo R$ 10 mil. Durante as buscas realizadas pela PF, nesta sexta, em sua residência e escritório, em São Paulo, foram encontradas dezenas de obras de arte.

O que diz a defesa

A defesa de Nelson Wilians afirma que ele tem colaborado integralmente com as autoridades e que a investigação demonstrará sua inocência. Ressalta que sua relação com Camisotti foi estritamente profissional e ligada à compra de um terreno vizinho à sua residência. Diz ainda que os valores envolvidos referem-se a essa transação e que a medida é investigativa, sem implicar culpa.

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Chico Fireman

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