O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (18) que o governo dos Estados Unidos vai elevar de menos de US$ 1.000 (cerca de R$ 5,3 mil) para US$ 100 mil (cerca de R$ 535 mil) a taxa de solicitação do visto H-1B, usado por trabalhadores estrangeiros de alta qualificação, em especial no setor de tecnologia. A medida, que ainda depende de regulamentação para entrar em vigor, representa um salto de cem vezes no valor atual e pode trazer custos extras milionários para estrangeiros que buscam ou mantêm emprego nos EUA.
O impacto para brasileiros
Dados oficiais da USCIS mostram que o Brasil registrou 2.521 aprovações de H-1B em 2022, 2.214 em 2023 e 2.641 em 2024. Hoje, com a taxa abaixo de US$ 1.000, esse contingente desembolsou cerca de US$ 7 milhões (R$ 37 milhões) ao longo dos últimos três anos. Se o novo valor de US$ 100 mil (R$ 535 mil) fosse aplicado, o custo subiria para aproximadamente US$ 738 milhões (R$ 3,95 bilhões) no mesmo período.
Na prática, cada visto H-1B tem validade de três anos, com possibilidade de renovação por igual período. Isso significa que os 2.521 brasileiros que obtiveram o documento em 2022 teriam que pagar, em 2025, o equivalente a US$ 252 milhões (R$ 1,35 bilhão) apenas para manter a autorização válida por mais três anos, caso a medida de Trump já estivesse em vigor.
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Embora expressivo, o número brasileiro não se compara ao da Índia, que responde por cerca de três quartos das aprovações anuais e é a maior “exportadora” de trabalhadores especializados para os EUA. Em 2024, dos quase 400 mil vistos concedidos, mais de 280 mil foram para indianos. Nesse cenário, o impacto para a Índia chegaria facilmente à casa das dezenas de bilhões de dólares (centenas de bilhões de reais) caso a nova taxa seja efetivamente implementada.
Dependência do Vale do Silício
O H-1B é considerado vital para o Vale do Silício. O programa distribui cerca de 65 mil vistos anuais, com validade inicial de três anos, além de 20 mil adicionais para portadores de títulos de mestre e doutor em universidades americanas. Somando renovações, o número de aprovações ultrapassa centenas de milhares por ano.
Grandes empresas de tecnologia como Google, Microsoft e Meta dependem do ingresso de profissionais estrangeiros, sobretudo indianos, mas também de países como China e Brasil.
Trump justificou a decisão afirmando que muitas companhias “subvalorizam salários” ao contratar estrangeiros, e defendeu que “talvez suas licenças devam ser retiradas” caso descumpram regras. O governo também anunciou que vai revisar parâmetros salariais para evitar que trabalhadores com H-1B aceitem remuneração inferior à média paga a americanos.
Críticas e riscos
A decisão foi alvo de críticas no Congresso e entre empresários. Parlamentares democratas classificaram a medida como “xenófoba”, enquanto líderes republicanos alertaram para riscos de retaliação e efeitos negativos na competitividade.
No setor privado, nomes como Elon Musk — ex-aliado de Trump — advertiram que os EUA não têm mão de obra qualificada suficiente para preencher vagas em áreas estratégicas, como inteligência artificial e computação avançada, e que restringir o H-1B enfraquece a posição do país.
Analistas ouvidos por veículos como AP, Politico e Financial Times destacam que as big techs podem absorver parte do impacto, mas startups e empresas menores terão dificuldade em competir por talentos internacionais. O FT alerta que os EUA podem perder dinamismo como polo global de inovação se a barreira de custo se confirmar.
O que vem pela frente
Ainda não há prazo definido para que a nova tarifa passe a valer. O anúncio foi feito via ordem executiva e depende da publicação de regras complementares pelo Departamento de Segurança Interna. Especialistas apontam que o tema pode ser judicializado, já que a alta inédita da taxa pode ser considerada desproporcional e discriminatória.
Enquanto isso, milhares de profissionais e empresas aguardam para saber como ficará o programa que, segundo executivos do setor, “nunca foi apenas um visto, mas um instrumento estratégico de atração de talentos”.
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