Lula chega aos EUA para Assembleia da ONU sem sinalização de Trump para encontro sobre tarifaço

Na terça-feira (23) começa a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O crescente isolacionismo, a guerra comercial iniciada pelo país sede, os Estados Unidos, e os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza terão centralidade nesse encontro que marca uma ONU que para muitos já é vista como mais enfraquecida e esvaziada do que aquela do pós-Segunda Guerra Mundial.

O presidente Lula desembarcou em Nova York no fim da tarde deste domingo (21). Com agenda fechada durante a manhã de segunda (22), o presidente ficará hospedado na residência oficial do Representante Brasileiro na ONU, embaixador Sergio Danese.  E à tarde terá a primeira agenda na ONU, com participação na Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na sede da ONU.

O Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do debate geral, como já acontece desde 1955. Lula vai falar na terça-feira (23) de manhã, logo após os discursos do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª assembleia geral, Annalena Baerbock. O discurso de Lula será seguido pelo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

De acordo com assessores da Secretaria de Comunicação da Presidência e também do Itamaraty, diversos países pediram reuniões bilaterais com Lula. Em um briefing com jornalistas brasileiros em Nova York, na tarde de domingo (21), não foram confirmados quantos e quais pedidos seriam esses. Sabe-se apenas que não existiu qualquer sinalização por parte do governo americano. Já o governo Ucraniano pediu uma reunião entre Volodymyr Zelensky e Lula – possibilidade que ainda está sendo avaliada pelo governo brasileiro.

Os temas de central interesse do Brasil durante a 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU são a defesa da democracia e do Estado de direito; o combate à fome e à insegurança alimentar; a preparação para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro próximo; a promoção dos direitos das mulheres; e o combate ao racismo.

Na comitiva brasileira estão os ministros Mauro Vieira, das Relações Exteriores; Camilo Santana, da Educação; Marina Silva, do Meio Ambiente; Márcia Lopes, das Mulheres; Jader Barbalho, das Cidades; Sônia Guanabara, dos Povos Indígenas e Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública. Antes previstos para acompanhar o presidente, os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Alexandre Padilha, da Saúde, ficaram no País. Haddad informou que vai acompanhar de perto a agenda econômica da semana, com expectativa para a aprovação do IR; Padilha teve o visto liberado, mas com restrição.  

Agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em NYC

SEGUNDA-FEIRA (22):

• Agenda fechada durante a manhã na residência do Representante Brasileiro na ONU, onde Lula ficará hospedado

• 16h (15h no horário local), participação na Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na sede da ONU.

TERÇA-FEIRA (23):

• 9:40 (horário Brasília), conversa bilateral com o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, na sede da ONU.

• 10:00 (horário Brasília), Lula faz a primeira fala dentre os chefes de Estado e governo que discursam na Assembleia Geral, como manda a tradição

• 16:00 (horário Brasília), preside encontro de alto nível com objetivo de ampliar apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre na sede das Nações Unidas
  

  QUARTA-FEIRA (24):
• 11:00 (horário Brasília), participa do segundo encontro “Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo”, juntamente aos presidentes do Chile, Gabriel Boric; da Espanha, Pedro Sánchez; da Colômbia, Gustavo Petro; e do Uruguai, Yamandú Orsi.

• 15:00 (horário Brasília), participa do Evento de Alto Nível sobre Ação Climática, organizado pelo Secretário Geral da ONU

• 16:15 (horário Brasília), coletiva de imprensa
• Após a coletiva, o presidente Lula segue direto para o aeroporto rumo ao Brasil.

*O freelancer Pedro Paiva mora em Nova York desde 2021, mas trabalha como foco nos Estados Unidos desde 2020, quando se tornou produtor de canais internacionais e, desde então, vem trabalhando como correspondente para diversas emissoras brasileiras. Pedro cobriu a visita de Lula à Casa Branca em 2023; duas Assembleias Gerais da ONU; os indiciamentos contra Donald Trump em Nova York, Washington e Miami, além da eleição presidencial de 2024. Para o Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, cobriu a Brazilian Week 2025 e também a chegada da JBS à Bolsa de Valores de Nova York.

Lsantini

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