Como farmácias de manipulação estão crescendo mais do que a economia

Diante de novas tendências de consumo e mudanças demográficas, como o envelhecimento da população, o mercado de farmácias de manipulação cresce em ritmo acelerado, mais rápido até mesmo do que a economia brasileira. O faturamento do setor teve uma alta de 17% em cinco anos, um índice superior ao avanço do PIB nacional nesse período, que aumentou 15% entre 2019 e 2023.

As principais diferenças deste tipo de estabelecimento e das farmácias tradicionais é o foco do serviço, os modelos de negócio e a concentração da empresa em uma matriz ou poucas filiais, de acordo com Marco Fiaschetti, diretor executivo da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), em entrevista exclusiva ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

“Diferentemente das grandes redes de drogarias, ou seja, aquelas farmácias que revendem o medicamento produzido em série pela indústria farmacêutica, as farmácias de manipulação são, primeiro, um caráter de empresas familiares, onde, à frente desse estabelecimento, tem um profissional farmacêutico que é proprietário e atua no setor em mais de 80% dos casos.”

A farmacêutica e empresária Silvia Muxfeldt Chagas está no mercado de farmácias de manipulação há mais de três décadas e explica que seu modelo de negócio permite “a manipulação de fórmulas personalizadas” que podem atender necessidades específicas de diversos clientes, como pessoas veganas e alérgicas, e desenvolver produtos com diferentes gostos, texturas e doses.

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O setor farmacêutico no Brasil

Apesar de as grandes redes farmacêuticas concentrarem mais da metade das vendas de medicamentos no país, elas respondem por uma fatia menor do varejo no setor, representando menos de 20% dos negócios. Nos dois segmentos predominam as pequenas empresas.

O mercado de farmácias e drogarias é maior. Há mais de 120 mil lojas no Brasil, que movimentaram um valor estimado de R$ 200 bilhões em 2025. Já as farmácias de manipulação somam 9 mil estabelecimentos, chegando a R$ 11 bilhões. A menor concorrência e a possibilidade de maior diversificação compõem a janela de oportunidade para os investidores.

A maior parte dos negócios do setor tem vida longa, com 35% deles somando mais de 20 anos. São Paulo lidera em número de farmácias, mas os estados do Nordeste têm atraído investimentos. A região concentra quase metade das novas unidades abertas recentemente. O diretor executivo identificou o crescimento médio do PIB dessas regiões acima da média nacional e a menor concorrência como fatores que contribuem para essa realidade.

Além disso, a empresária aponta que, como qualquer outro, “o setor enfrenta obstáculos estruturais, mas segue resiliente”. Entre os principais desafios, Chagas destaca a alta carga tributária, que acaba onerando a operação e impactando o custo final ao consumidor, e a falta de mão de obra qualificada.

Porém, ela afirma que a falta de educação sobre esses estabelecimentos — tanto entre consumidores quanto na sociedade em geral — também pode representar uma oportunidade.

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Laura Kaiser

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