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Apartamento 03 redefine o luxo brasileiro com criatividade, ancestralidade e expansão global em foco
Publicado 24/10/2025 • 19:35 | Atualizado há 22 horas
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Publicado 24/10/2025 • 19:35 | Atualizado há 22 horas
Luiz Cláudio Silva, diretor criativo do Apartamento 03
Luiz Cláudio Silva é um dos nomes mais respeitados e tecnicamente aclamados da moda brasileira contemporânea. Como Diretor Criativo e fundador da marca de luxo Apartamento 03, ele se notabilizou por uma estética que combina alta técnica de alfaiataria e excelência em acabamento com uma profunda narrativa cultural e social.
Nascido em Minas Gerais, Luiz Cláudio construiu sua trajetória superando barreiras sociais. A marca Apartamento 03 (registrada em 2006) foi batizada em alusão ao local modesto em Belo Horizonte onde ele começou a costurar e modelar, e onde a clientela inicial o procurava. Sua história de vida — como um criador negro, oriundo da periferia — infunde em seu trabalho um poderoso discurso de resistência e resiliência, embora seu foco principal seja sempre a qualidade e a invenção têxtil.
O DNA da Apartamento 03 é marcado pela poesia do vestir, pela devoção ao tecido e por um processo experimental que resulta em peças sofisticadas, não-óbvias e de caimento impecável. Suas coleções frequentemente mergulham em referências culturais brasileiras, como a inspiração na obra do pintor negro do século XIX, Estevão Silva, ou o estudo do simbolismo do café na história nacional. O estilista é conhecido por sua habilidade em desconstruir e reconstruir texturas, criando uma linguagem que é, simultaneamente, vanguardista e atemporal.

A Apartamento 03 faz parte do seleto grupo de marcas que se beneficiaram da integração em uma holding de moda nacional. A marca mineira se tornou parte da Nohda, Holding criada por Patricia Bonaldi, um movimento que visava otimizar a gestão, a produção e a expansão do negócio no mercado de luxo.
Embora o faturamento consolidado específico da marca Apartamento 03 não seja um dado público, a sua importância reside no valor intangível e na expansão de mercado:
Luiz Cláudio Silva é, portanto, um designer que utiliza a alta técnica e a poesia do tecido como ferramentas para contar histórias profundas e elevar a moda brasileira a um patamar de reconhecimento que honra sua própria trajetória de talento e resistência.
1. Suas coleções trazem referências culturais profundas, como a última inspiração. Como voce quantifica o valor da autenticidade e da narrativa histórica, como o resgate da figura de Benjamim, o primeiro palhaco negro brasileiro e como essa profundidade se traduz nas passarelas?
A gente tem isso do bairrismo, né? De olhar para as pessoas por perto e querer levar as histórias para além dos horizontes. E aí o Benjamin era um personagem que eu já conhecia. Tem uma escola de samba em 2002 que fez um samba para ele. Rodrigo Fraga já fez um desfile sobre o Benjamin de Oliveira. Mas eu queria trazer o meu olhar, sabe? Eu olhava para a foto dele, que é uma foto de 1891 de um jornal, e ele usava fraque e cartola. Aquilo, para mim, me parecia muito elegante para uma época em que foi logo depois da Lei Áurea. Então, esse homem já era naturalmente elegante. Eu queria falar disso para a moda, para a passarela do apartamento 03.
2. É extremamente importante termos uma marca de moda de luxo no Brasil comandada por um homem negro e trazendo ancestralidade e relevância da raca e cultura negra em sua historia. Fale um pouco sobre estar nesse lugar e os desafios.
Você sabe que eu poucas vezes me vejo em coisas que eu gravo, vídeo, TV. Enfim, com o tempo eu aprendi que a minha imagem era importante porque tem esse recorte. A gente tem uma imagem de pessoas que produzem moda nesse país que não parecem com a minha. Então quando a minha imagem chega e você me apresenta como diretor, sócio, fundador do apartamento 03, uma marca de luxo, para quem está assistindo e que se parece comigo, que é o meu espelho… Começa a mudar uma chave ali, pensando que também é possível para ele outros caminhos. Não precisa ser moda, mas ele pode sonhar com medicina, pode sonhar com direito, pode sonhar com N caminhos. Eu acho que a imagem muda muito, sabe? E eu estar nesse lugar, isso representa muita força para quem te assiste, para quem te vê.
3. Qual é sua a visão sobre o futuro do luxo brasileiro? A Apartamento 03 está preparada para assumir um papel de liderança nesse cenário, e como voce pretende garantir que a marca continue relevante em um mundo da moda que se move cada vez mais rápido?
É tão difícil, né? Porque as coisas mudam muito rápido. A tecnologia tem trazido coisas de uma forma muito rápida. Eu acredito muito que o que é feito à mão, o que é feito com cuidado, o que é feito com um número limitado, isso é um pouco de luxo, né? É muito diferente de coisas que você compra e que em algum momento você vai encontrar alguém tendo aquilo por perto, sabe? Eu acho que a exclusividade é mais disso. E o que é feito no nosso país, eu acho que também tem esse grau de exclusividade.

4. A Apartamento 03 é conhecida pela manipulação e invenção de tecidos. Conte sobre o processo em que a experimentação têxtil (desfiar, pintar, aplicar) se integra ao corte da alfaiataria. Esse processo é liderado pelo seu ateliê ou envolve parcerias com fornecedores técnicos?
Eu me apaixonei pela moda porque eu sou um apaixonado por tecido. Eu acho que a possibilidade de se construir roupa a partir de uma coisa que é plana e de você vestir um corpo e tornar aquilo… Bonito, confortável, moderno, né? Sei lá, você pode fazer milhões de leituras a partir do que a pessoa veste. E aí, pegar o tecido e a possibilidade de poder brincar com ele de forma plana e trazer desenhos e mexer com a superfície dele, eu acho que isso é a cara de apartamento 03. É por onde eu gosto de caminhar na costura, sabe? E aí, dessa vez, eu tinha visto uma bolsa numa feira livre lá em Porto Alegre e eu achei que aqueles triângulos eram bem interessantes, aquilo podia virar uma roupa. Eu fiquei pesquisando na internet até conseguir encontrar um fornecedor e aí a gente foi montando como se faz uma cestaria. Isso em cima do molde, em cima de uma boneca. É meio feito uma mulagem mesmo no corpo. E ficou lindíssimo, né? O efeito é incrível.
5. A Apartamento 03 tem presença em showrooms internacionais. Qual é o plano de negócios para aumentar a fatia de mercado global? A estratégia será focar em vendas B2B ou em expandir canais de e- commerce e lojas próprias no exterior?
Hoje a gente vende Apartamento nas lojas PatBo. Está espalhado em todo o Brasil. A gente deve ter mais ou menos 15, 16 lojas. Tenho uma ideia de ter a loja Apartamento 03 em São Pau e de começar a exportar. Esse é o nosso caminho. Acho que é um caminho natural para as marcas depois que chegam no São Paulo Fashion Week.
6. A entrada na holding Nohda de Patrícia Bonaldi foi um marco para a moda brasileira em termos de negocio. Do ponto de vista empresarial, quais eram as gaps que a marca enfrentava e que justificaram a necessidade de se unir a um grupo maior?
O que acontece é que quando você entrega a administração para um grupo, eles passam a cuidar de coisas que ocupam muito o seu tempo, sabe, do criativo. E aí, a gente acaba deixando, por exemplo, compra de matéria-prima, troca de matéria-prima, cuidado, qualidade. Então, fica tudo com eles. E a gente cuida, basicamente, da criação. Então, você se sente mais livre para trabalhar. E eu acho que isso é o sonho de todo designer, né? Se sentir livre e com tempo de poder pesquisar, poder trabalhar, poder fazer as suas investidas na moda.
7. Hoje na moda brasileira, não tem muito investimento em novos estilistas, em novos criadores, em novos designers. O que você acredita que investidores, grandes grupos poderiam fazer para poder transformar a moda através da entrada em um grande grupo?
Acho que o olhar para algumas marcas e para alguns criativos, ele precisa ser mais cuidadoso. Eu acho que a gente tem muita gente com talento no Brasil e que acaba no meio do caminho desistindo porque, realmente, trabalhar com moda e vender e produzir e entregar isso para o grande público é um caminho difícil, principalmente hoje com milhões de oportunidades na internet. Você compra roupa de qualquer preço e ela chega para você muito rápido. Então, o que a gente está falando é de design. Eu acho que quem tem as empresas, os grandes grupos de moda, eu acho que seria interessante olhar com mais cuidado para os criadores que a gente tem nesse país. Eu acho que a gente também precisa pedir que as políticas tenham um outro olhar para essa parte de ajuda mesmo para as empresas, para quem está começando, para quem está empreendendo, para quem quer crescer no mercado.
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