Startups de carne alternativa de Singapura miram retomada após dificuldades no setor
Publicado qua, 26 fev 2025 • 10:23 AM GMT-0300 | Atualizado há 8 horas
Publicado qua, 26 fev 2025 • 10:23 AM GMT-0300 | Atualizado há 8 horas
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Carne alternativa
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Após um pico de popularidade durante a pandemia, o entusiasmo e o financiamento para startups desenvolvendo alternativas à carne diminuiu. No entanto, algumas empresas de tecnologia alimentar de Singapura estão esperançosas de que inovações em cultivo celular e fermentação microbiana possam reverter essa tendência.
As proteínas produzidas em fábricas, utilizando extratos de animais, fungos ou plantas, ganharam destaque durante os anos da Covid-19 como uma maneira sustentável de comer.
Atualmente, carne e laticínios representam cerca de um sétimo das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo estimativas das Nações Unidas.
Singapura, que importa a maior parte de seus produtos devido à escassez de terras, investiu consideravelmente no setor, oferecendo financiamento generoso para pesquisa e comercialização, como parte de sua estratégia para aumentar a segurança alimentar.
“Há poucos lugares no mundo… com uma fusão tão grande de culturas, permitindo um teste de mercado real com uma gama de consumidores de diferentes origens”, disse Mihir Pershad, CEO da Umami Bioworks, uma startup local especializada em frutos-do-mar cultivados. Diferente das proteínas vegetais, os produtos cultivados são feitos em laboratório a partir de células animais.
Fundada em 2020, a empresa expandiu suas operações, abrindo filiais nos EUA e Japão. Entrou no Reino Unido no ano passado e anunciou, em janeiro, um novo produto de caviar utilizando células de esturjão e ingredientes vegetais.
Os consumidores de Singapura devem ser os primeiros a experimentar os pratos da Umami Bioworks, já que a empresa busca aprovação regulatória no país. A Umami Bioworks planeja vender unagi cultivado (enguia de água doce comumente grelhada) ainda este ano, caso os processos regulatórios sejam concluídos com sucesso, disse Pershad.
Singapura foi o primeiro país a permitir a venda de produtos de carne cultivada em 2020, com Israel e os EUA seguindo o exemplo posteriormente. O Reino Unido aprovou tais produtos para uso em ração animal.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta dificuldades. As vendas não corresponderam às expectativas devido aos altos preços e à falta de compradores recorrentes. Em 2024, o setor arrecadou US$ 1,1 bilhão globalmente, uma queda em relação aos US$ 1,5 bilhão de 2023, segundo o Good Food Institute.
Os planos da empresa americana Eat Just para uma planta de carne cultivada em Singapura estão suspensos, assim como a construção de uma fábrica separada de ovos à base de plantas.
Uma loja conceito da varejista Green Monday, de Hong Kong, também fechou em 2023. Poucos novos players surgiram desde então, enquanto algumas startups existentes estão encolhendo ou se fundindo com outras.
Esses desafios levaram a uma reflexão interna na indústria. Para Anli Geng, cofundadora da startup Mycosortia, de Singapura, reduzir os custos de produção é essencial. A Mycosortia usa fermentação microbiana para transformar okara, um subproduto da produção de tofu, em um pó rico em proteínas e fibras. A empresa também busca desenvolver um processo de fermentação sólida que dispense o uso de biorreatores caros.
“Embora a pesquisa sobre okara seja uma área muito concorrida, sempre há oportunidades para inovação”, disse Geng, acrescentando que o setor está agora buscando compartilhar instalações para reduzir custos.
A empresa, baseada no Singapore Polytechnic, usa seu produto FibProt para fazer análogos de peixe, maionese e queijo.
Outras empresas de proteínas alternativas têm diversificado suas ofertas para incluir produtos farmacêuticos, corantes e ração para animais de estimação, feitos com os mesmos ingredientes.
Alguns acreditam que o futuro está no retorno a alimentos à base de plantas mais simples. A Jungle Kitchen, uma novata do mercado, foi lançada em Singapura em 2023 e utiliza jaca do Sri Lanka como substituto de carne moída vegana. Outros produtos, como os tempehs indonésios, também estarão disponíveis em breve.
“Vimos muito mais engajamento de clientes em busca de alternativas minimamente processadas e com rótulos limpos para substituir a carne convencional”, disse Surekha Yadav, cofundadora da Jungle Kitchen, que foi criada como uma resposta ao ciclo de altos e baixos da indústria de proteínas alternativas.
Seus produtos estão disponíveis em Singapura, EUA e Arábia Saudita.
Os números mais recentes de captação de recursos oferecem alguma esperança. A AgFunder, capitalista de risco, reportou que os investimentos na Ásia-Pacífico para alimentos inovadores, incluindo proteínas vegetais e carne cultivada, aumentaram 85%, chegando a US$ 204 milhões em 2024.
No entanto, levantar capital ainda é um desafio para algumas empresas, com investidores apreensivos quanto à capacidade das startups de atrair clientes suficientes para gerar retornos saudáveis, disse Pershad.
Ele acrescentou que Singapura é um bom campo de testes, mas fica atrás como mercado final devido ao número limitado de habitantes.
Ele acredita que trabalhar com empresas alimentícias maiores pode melhorar o acesso ao mercado, mas as regulamentações para carne cultivada representam outro obstáculo.
“Esperava-se que, até agora, tivéssemos três, quatro ou cinco países com frameworks e aprovações, mas ainda não temos isso”, afirmou Pershad. Tanto os governos quanto os investidores privados precisam aumentar significativamente o financiamento para ajudar as proteínas alternativas a se expandirem, segundo Mirte Gosker, diretora-executiva do Good Food Institute Ásia-Pacífico.
“Diferente das energias renováveis e outras tecnologias climáticas, as proteínas alternativas ainda não estão se beneficiando dos grandes investimentos governamentais e programas de financiamento verde que permitiram que as startups de energia limpa ultrapassassem o ‘Vale da Morte’ e migrassem da bancada de laboratório para a fabricação em escala industrial”, disse Gosker.
O sucesso de Singapura nesse setor continuará dependendo de seu papel como parceiro de inovação e facilitador, acrescentou Gosker, observando que países vizinhos têm seguido o modelo de regulamentações do país para seus próprios esforços.
Um conjunto regional padronizado de normas, ela afirmou, ajudaria startups a lançar produtos em vários mercados ao mesmo tempo — uma conquista que poucas conseguiram realizar.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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