O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu interromper a trajetória de queda em sua aprovação, mas ainda enfrenta um cenário marcado por forte polarização e pessimismo. É o que revela a nova pesquisa Datafolha, que aponta crescimento de cinco pontos na avaliação positiva de seu governo, saltando de 24% para 29% desde fevereiro.
Ainda assim, a reprovação segue numericamente superior, com 38% dos entrevistados classificando a gestão como ruim ou péssima — número que, embora inferior aos 41% registrados anteriormente, continua dominante. A avaliação regular permaneceu estável em 32%.
O levantamento ouviu mais de 3 mil pessoas entre os dias 1º e 3 de abril, em 172 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Perspectiva futura estagnada
Apesar da leve melhora nos índices de aprovação, a expectativa sobre o futuro da gestão não acompanhou o mesmo movimento. Apenas 35% dos entrevistados acreditam que o governo será bom ou ótimo daqui em diante — exatamente o mesmo percentual dos que projetam um desempenho ruim ou péssimo. Esse equilíbrio inédito, segundo o Datafolha, reflete o desalento de parte do eleitorado em relação à condução do país.
Para efeito de comparação, em março de 2023, logo no início do terceiro mandato, 50% acreditavam que Lula faria um bom governo, enquanto apenas 21% tinham expectativa negativa.
Mudanças estratégicas e desafios de comunicação
O Planalto aposta em uma reestruturação da área de comunicação para recuperar a narrativa. A nomeação do marqueteiro Sidônio Palmeira para a Secretaria de Comunicação (Secom) no início do ano marca esse reposicionamento, que já começa a produzir sinais — ainda tímidos — de recuperação.
Na última quinta-feira, o governo realizou um evento institucional com tom publicitário, batizado de “Brasil Dando a Volta por Cima”, no qual apresentou os resultados dos primeiros meses de gestão. A ofensiva prevê contratos que podem somar até R$ 3,5 bilhões em publicidade institucional em 2025.
Quem sustenta a recuperação?
A melhora na imagem do presidente é mais evidente entre os eleitores com ensino superior (de 18% para 31%) e nas faixas de renda mais alta — em especial entre os que ganham acima de cinco salários mínimos, onde a aprovação também passou de 18% para 31%.
Já entre os brasileiros mais pobres, que historicamente formam a base do eleitorado petista, a recuperação foi discreta: a aprovação subiu de 29% para 30%. Em dezembro, esse grupo representava 44% de avaliações positivas.
A região Nordeste segue liderando a aprovação de Lula, com 38%. No Sudeste, o índice subiu de 20% para 25%.
Vida melhorou? Opiniões divididas
Quando perguntados se a vida melhorou desde que Lula reassumiu o comando do país, apenas 28% disseram que sim. Outros 29% acreditam que a situação piorou, enquanto a maioria — 42% — afirma que tudo continua igual.
Essa percepção reflete o impacto de temas como a alta no preço dos alimentos, pressões inflacionárias e episódios mal compreendidos pela população, como a crise envolvendo o Pix, alvo de desinformação nas redes sociais.
Comparativos históricos
O atual patamar de aprovação é o segundo pior da gestão atual de Lula. Ele se aproxima dos índices vividos por ele próprio em 2005, durante a crise do mensalão, quando teve 28% de aprovação. Para efeitos de contexto, no mesmo momento de governo, em maio de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro registrava 24% de aprovação e 45% de reprovação.
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