Seis em cada dez trabalhadores que ganham até 1,5 salário mínimo pedem demissão
Publicado 08/04/2025 • 12:38 | Atualizado há 2 semanas
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Publicado 08/04/2025 • 12:38 | Atualizado há 2 semanas
KEY POINTS
Foto de uma pessoa assinando a Carteira de Trabalho
Marcello Casal Jr/Agência Brasil.
O mercado de trabalho brasileiro se mostra aquecido não somente pelo número de contratações, mas também pelos desligamentos. Explica-se: somente no ano passado, 35% das demissões formais ocorreram a pedido do empregado. Isso significa 8,5 milhões de dispensas voluntárias, ainda mais do que em 2023: 7,3 milhões (34% do total).
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, reunidos pela economista Marilane Oliveira Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp).
Mostram, segundo ela, um mercado dinâmico, com oportunidades e, ao mesmo tempo, com problemas estruturais. “Esse aumento [de pedidos de demissão] pode estar relacionado a fatores como insatisfação salarial, busca por melhores condições de trabalho ou novas oportunidades no mercado”, afirmou.
Cerca de seis em cada dez (57%) dos pedidos de demissão em 2024 vieram da faixa de 1 a 1,5 salário mínimo.
O setor com maior número de pedidos (2,2 milhões, 26% do total) foi o do comércio, que inclui reparação de veículos. A indústria de transformação responde por quase 1,3 milhão (15%). Entre as funções, individualmente, a maior quantidade de desligamentos a pedido foi de vendedor varejista (461 mil — 38,5% do total desta atividade).
Outras ocupações se destacam pela proporção de pedidos em relação ao total de demissões: operador de telemarketing (55,7%), atendente de lanchonete (49,8%), operador de caixa (47,2%), repositor de mercadorias (46,2%) e auxiliar em serviços de alimentação (43,7%).
Com exceção de 2020, ano da pandemia, o mercado não parou de criar vagas com carteira assinada. Entre admissões e desligamentos, o saldo foi de 2,8 milhões em 2021, 2 milhões em 2022, 1,5 milhão em 2023 e 1,7 milhão em 2024. Oito milhões de vagas a mais, formando um estoque de 47,2 milhões de trabalhadores formais.
Nesse período, o comércio/reparação de veículos abriu 1,7 milhão de postos de trabalho (+19,1%). Destes, 1 milhão no comércio varejista, que saltou de 6,3 milhões de empregados (2020) para 7,3 milhões (2024), crescimento de 15,9%.
Apenas no ano passado, foram 337,3 mil vagas no comércio — 194,1 mil na área de varejo. Em todo o país, segundo o Caged, foram registradas 25,6 milhões de contratações e efetuadas 23,9 milhões de demissões.
O estoque total de empregos formais chegou a 47,2 milhões, sendo 10,6 milhões no comércio (22,4% do total). O emprego continuou crescendo neste início de 2025: apenas em janeiro e fevereiro, o saldo é de 576,1 mil vagas com carteira, ante 480,7 mil em igual período do ano passado.
Os dados mostram que ficou mais fácil encontrar outro trabalho, diz o economista Renan Gomes di Pieri, professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica (PAE) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-Eaesp).
Isso faz muitas pessoas pedirem a conta, até como estratégia para aumentar a renda. Por outro lado, o crescimento que ele chama de “surpreendente” nos três últimos anos dá sinais de esgotamento.
A taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, foi de 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, a menor para o período desde o início da série histórica (2012) e equivalente à registrada em 2014.
Di Pieri observa que, excluídas as faixas etárias mais jovens, a taxa fica abaixo de 5%, no chamado “desemprego friccional”, movimento considerado normal em qualquer economia. “Não tem mais espaço para o mercado de trabalho assimilar mais pessoas”, afirmou o professor. “E os salários cresceram muito. Estamos no limite da geração de emprego no Brasil.”
Ainda segundo a Pnad, o rendimento médio atingiu nível recorde (R$ 3.378), assim como o número de empregados com carteira assinada no setor privado (39,6 milhões). Assim, “tudo leva a crer”, como diz o professor, que o país tenha crescimento mais moderado no segundo semestre — ou mesmo estagnação.
No caso do mercado de trabalho, há outro componente preocupante, relacionado à produtividade. “O Brasil tem um componente histórico de estagnação”, disse di Pieri, lembrando que os salários vêm crescendo acima da produtividade, pressionando a inflação. “Esse ciclo de crescimento está sendo puxado, basicamente, por aumento da demanda.”
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