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Startups nucleares: como elas estão redefinindo a energia limpa
Publicado 15/04/2025 • 13:44 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 15/04/2025 • 13:44 | Atualizado há 2 meses
As usinas nucleares estão entre as invenções mais impopulares do século XX. As razões são várias: em primeiro lugar, elas estão associadas na mente das pessoas às armas nucleares que geraram pesadelos durante a guerra fria.
Depois, houve os acidentes de Chernobyl em 1986 e Fukushima em 2011. Além disso, ainda hoje há a questão dos resíduos produzidos: alguns dizem que podem se tornar combustível, outros questionam.
Isso tudo fez com que a energia nuclear se tornasse alvo fácil de críticas e virasse uma espécie de pesadelo contemporâneo.
Acontece que se trata de energia limpa, baseada em matérias-primas abundantes, que pode ser gerada em grande quantidade, para atender à demanda crescente dos servidores de inteligência artificial - entre outros usos.
Esses fatores inspiraram o surgimento de uma nova leva de startups de energia que vêm puxando a atenção para o setor, ainda que, na prática, a energia nuclear tenha papel central em vários países. Na França, 70% da energia gerada é nuclear; e na Eslováquia, Hungria e Ucrânia, onde a taxa gira em torno de 50%.
Uma série de fatores joga contra o uso de energia eólica e solar para alimentar os data-centers de IA. Esses “fatores” de forma alguma são impeditivos, mas tornam seu uso mais caro e complicado, o que desmotiva as empresas do setor, a despeito do que sugere a empolgação que se vê no Brasil em relação a isso.
A energia solar (ou eólica) gera corrente contínua (DC), enquanto os servidores precisam de corrente alternada (AC). A conversão gera pouca perda, mas é preciso estabilizá-la, o que é mais caro e complexo.
Os fabricantes, por exemplo, alegam que essas fontes renováveis podem afetar as placas de vídeo, que custam até 150 mil reais cada uma.
A demanda dos servidores é flutuante e tende a atingir picos altíssimos durante a noite. Isso significa que as usinas precisam contar com uma imensa estrutura de baterias, que passarão boa parte do tempo subutilizadas.
Finalmente, usinas eólicas e solares demandam áreas imensas e permissões ambientais, razão pela qual costumam estar fora das cidades. Em contraste, os servidores demandam redes estáveis e mão de obra especializada, o que é encontrado nas cidades.
A energia nuclear mitiga esses problemas, especialmente o da intermitência da alimentação.
Até hoje, houve dois acidentes graves em 18500 reatores/ano. Agora, de fato, é possível aumentar a segurança ainda mais.
Essas empresas têm, justamente, a proposta de aumentar a segurança da energia nuclear, enquanto tornam a produção de reatores mais escalável. O ponto central aqui é a industrialização dos reatores, que poderiam ser montados ao lado de grande data-centers e outras fontes de consumo relevantes.
Essa flexibilidade da instalação faz com que sejam chamados de reatores portáteis. Já em termos da segurança, a inovação principal são os sistemas de resfriamento que evitam o derretimento do reator, como o que ocorreu em Fukushima.
A TerraPower é a mais avançada na criação de reatores portáteis e deve estar plenamente operacional em 2030. Os reatores atuais operam sob altas temperaturas (300 graus célsius ou mais). O da TerraPower irá operar à temperatura ambiente. Ele também inovará pelo uso de sódio e não água para o seu resfriamento, o que aumenta a sua proteção pois o ponto de ebulição do sódio é 900 graus. O reator deve ter capacidade de 345 megawatts, o que permitiria atender 250.000 moradias. Empresas investidas por Warren Buffet estão entre as principais beneficiárias.
X-Energy é uma empresa que recebeu investimento da Amazon e que está apostando pesadamente na modularidade. Eles estão construindo uma estrutura de quatro reatores conectáveis de 80 megawatts cada. A empresa também tem uma alternativa própria de resfriamento, baseada em hélio. O lançamento deve acontecer em torno de 2031.
Finalmente, a Kairos Power é a investida do Google, cujos reatores estarão disponíveis entre 2030 e 2035. A empresa criou um sistema especial para proteger o urânio enriquecido que reduz riscos.
A energia nuclear com certeza vai crescer nesses próximos anos, entre outras coisas, pelas preocupações oriundas da invasão da Ucrânia. Está claro para os países europeus que contar com óleo e gás russo pode ser perigoso - e a Europa, evidentemente, possui uma demanda imensa. O mesmo pode ser dito em relação à China e os Estados Unidos que planejam usar mais energia nuclear. Portanto, não há modismo algum aí.
Agora, em relação às startups nucleares, a situação é mais incerta: ainda que a proposta seja ótima, fato é que usinas menores geram menos energia e o custo de instalação não-proporcionalmente menor – pelo menos, não nesse início, quando a pesquisa toma muito tempo e recursos.
Minha hipótese é que vão prosperar, porém em situações específicas, como a da alimentação de servidores. O timeline é a virada da década, quando deveremos ter também as primeiras demonstrações de que a fissão nuclear, processo de geração de energia quase infinita, é viável, puxando uma outra onda que na década seguinte deve se tornar ainda mais forte.
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