A edição de ontem desta newsletter alertou que o desejo do presidente dos EUA, Donald Trump, de intervir no Federal Reserve, conforme expressou a repórteres na sexta-feira (18), poderia resultar em turbulência nos mercados. Isso não aconteceu porque os mercados estavam fechados devido ao feriado da Sexta-feira Santa.
Na segunda-feira (21), as negociações foram retomadas. E também foram retomados os ataques de Trump ao banco central — e, mais diretamente, ao presidente do Fed, Powell, chamando-o de “Sr. Tarde Demais” e “um grande perdedor” por não cortar as taxas de juros. Trump nomeou Powell para o cargo mais alto do Federal Reserve em seu primeiro mandato presidencial, em 2017.
Sem o fechamento do mercado para proteger as ações contra as ameaças de Trump, os investidores venderam seus papéis. Todos os principais índices dos EUA caíram, pressionados por fortes quedas no grupo de ações conhecidas como “Sete Magníficas”. O dólar americano enfraqueceu para o menor nível em três anos, enquanto os preços do ouro atingiram um novo recorde, sugerindo, em conjunto, que investidores globais estão perdendo confiança na economia dos EUA e realocando seu capital para ativos mais seguros, protegidos de Trump.
O que você precisa saber hoje
Trump intensifica ataques a Powell
O presidente dos EUA, Donald Trump, na segunda-feira (21), renovou e intensificou seus ataques ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. “Cortes ‘preventivos’ nas taxas de juros estão sendo solicitados por muitos”, disse Trump na Truth Social. “Pode haver uma DESACELERAÇÃO da economia a menos que o Sr. Tarde Demais, um grande perdedor, reduza as taxas de juros, AGORA”, escreveu Trump, referindo-se a Powell. Na sexta-feira (18), Trump também pediu que Powell cortasse as taxas.
Ações e dólar caem enquanto o ouro atinge recorde
As ações nos EUA caíram na segunda-feira. O S&P 500 caiu 2,36%, o Dow Jones Industrial Average despencou 2,48% e o Nasdaq Composite recuou 2,55%. O ICE U.S. Dollar Index caiu para 97,92 na segunda-feira, o nível mais baixo desde março de 2022, segundo a FactSet. Os preços do ouro saltaram para US$ 3.452,30 por onça, um novo recorde. Os mercados da Ásia-Pacífico negociaram de forma mista na terça-feira (22). O índice Hang Seng de Hong Kong subiu quase 0,5%, mas o Nikkei 225 do Japão caiu cerca de 0,2%. O Banco do Japão provavelmente pausará os aumentos das taxas de juros em sua reunião de maio, disse a Moody’s Analytics.
Ações da Tesla caem antes dos resultados
As ações da Tesla caíram quase 6% na segunda-feira, um dia antes da divulgação do relatório de resultados do primeiro trimestre. O papel já acumula queda de 44% no ano após encerrar seu pior trimestre desde 2022, em março. No fórum online onde a Tesla coleta perguntas de investidores antes de suas teleconferências de resultados, um investidor perguntou, referindo-se ao CEO Elon Musk: “Quais medidas o conselho de administração tomou para mitigar os danos à marca causados pelas atividades políticas de Elon?”
Vance e Modi otimistas sobre acordo
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se encontrou com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, que estava na Índia em uma viagem majoritariamente pessoal, na capital do país na segunda-feira. Um comunicado do gabinete de Modi disse que ambos os líderes “acolheram com satisfação o progresso significativo nas negociações para um Acordo Bilateral de Comércio entre Índia e EUA, mutuamente benéfico”. Na segunda-feira, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse que os dois países “finalizaram os termos de referência para estabelecer um roteiro para as negociações sobre comércio recíproco”.
Nomura comprará partes do Macquarie
O banco de investimentos e corretora japonês Nomura disse na terça-feira que comprará os negócios de gestão de ativos públicos nos EUA e na Europa do Macquarie, empresa australiana de banco de investimentos, por US$ 1,8 bilhão. O acordo, totalmente em dinheiro, deve ser concluído até o final deste ano, sujeito à aprovação regulatória.
Mercados podem ter reação ‘severa’ a Trump
Ações e títulos provavelmente teriam uma “reação severa” e cairiam fortemente se Trump tomasse alguma medida para remover o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, ao programa “Squawk Box” da CNBC na segunda-feira. Embora Powell tenha dito que não acredita que o presidente possa legalmente demitir o chefe do Fed, Guha destacou uma maneira pela qual Trump pode pressionar Powell sem o demitir.
E por fim…
Com o enfraquecimento do dólar, os bancos centrais do mundo caminham em uma corda bamba — desvalorizar suas moedas ou não
A incerteza sobre as políticas dos EUA levou a uma fuga do dólar e dos títulos do Tesouro nas últimas semanas, com o índice do dólar caindo mais de 9% até agora neste ano. A queda do dólar americano fez com que outras moedas se valorizassem em relação a ele, especialmente moedas de refúgio como o iene japonês, o franco suíço e o euro.
Embora uma moeda local mais forte ajude a conter a inflação por meio de importações mais baratas, ela complica a competitividade das exportações — especialmente sob novas tarifas dos EUA, disse Thomas Rupf, codiretor do VP Bank para Cingapura e diretor de investimentos da Ásia.
A desvalorização cambial tende a ser uma consideração mais ativa nos mercados emergentes, especialmente na Ásia, disse Nick Rees, chefe de pesquisa macroeconômica da Monex Europe. No entanto, esses países e os bancos centrais asiáticos precisarão seguir com cautela para evitar fuga de capitais e outros riscos.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
