Imagem de um rublo russo.

CNBC Rússia: o rublo dispara e se torna a moeda de melhor desempenho do ano

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Rublo russo: o curioso caso da moeda com melhor desempenho no mundo em 2025

Publicado 06/06/2025 • 11:29 | Atualizado há 24 horas

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • Em meio a uma guerra prolongada, queda no preço do petróleo, sanções rigorosas e uma economia em declínio, o rublo russo está surpreendentemente em alta.
  • Segundo o Bank of America, o rublo é, até agora, a moeda com melhor desempenho no mundo em 2025, acumulando uma valorização de mais de 40%.
  • A impressionante recuperação neste ano contrasta fortemente com os últimos dois anos, período em que a moeda havia sofrido uma desvalorização acentuada.

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Em meio a uma guerra prolongada, queda no preço do petróleo, sanções rigorosas e uma economia em declínio, o rublo russo está surpreendentemente em alta.

Segundo o Bank of America, o rublo é, até agora, a moeda com melhor desempenho no mundo em 2025, acumulando uma valorização de mais de 40%. A impressionante recuperação neste ano contrasta fortemente com os últimos dois anos, período em que a moeda havia sofrido uma desvalorização acentuada.

O que está impulsionando a moeda russa?

O fortalecimento do rublo tem mais relação com o controle de capitais e o aperto da política monetária do que com um aumento repentino da confiança de investidores estrangeiros, disseram analistas à CNBC. A fraqueza do dólar também funciona como um bônus adicional.

Brendan McKenna, economista internacional e estrategista de câmbio do Wells Fargo, lista três motivos para a alta do rublo: “O banco central optou por manter as taxas relativamente elevadas, os controles de capital e outras restrições cambiais foram reforçados, e houve algum progresso — ou tentativa de progresso — nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia”.

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O Banco Central da Rússia tem adotado uma postura restritiva para conter a inflação elevada, mantendo a taxa de juros em 21% e apertando o crédito. Os altos custos de empréstimos estão desencorajando empresas locais a importar bens, o que reduz a demanda por moeda estrangeira por parte de empresas e consumidores russos, apontam especialistas do setor.

Com o consumo interno enfraquecido e uma oferta adequada de rublos, houve uma queda na demanda por moeda estrangeira entre os importadores locais, explicou Andrei Melaschenko, economista do Renaissance Capital. Isso beneficiou o rublo, já que os bancos não precisam vender rublos para comprar dólares ou yuans.

Exportadores russos precisam receber em rublos ou, pelo menos, converter pagamentos em dólares para a moeda local, o que eleva a demanda. Os importadores, por outro lado, deixaram de comprar produtos estrangeiros e, assim, não precisam mais vender rublos para pagar em dólar.

No primeiro trimestre de 2025, houve um “excesso de estoque” em eletrônicos de consumo, carros e caminhões, que foram ativamente importados na segunda metade do ano passado, em antecipação ao aumento nas tarifas de importação, segundo o economista baseado em Moscou. A desaceleração no consumo foi mais intensa nos bens duráveis, justamente os que compõem uma parte significativa das importações russas, afirmou Melaschenko.

Outro fator importante para a valorização do rublo neste ano é o fato de os exportadores russos, especialmente do setor de petróleo, estarem convertendo receitas em moeda estrangeira de volta para rublos, segundo analistas. De acordo com o governo, grandes exportadores são obrigados a repatriar parte dessas receitas e trocá-las por rublos no mercado local.

Entre janeiro e abril, a venda de moedas estrangeiras pelos maiores exportadores russos totalizou US$ 42,5 bilhões, segundo dados do Banco Central da Rússia (CBR). Isso representa um aumento de quase 6% em relação aos quatro meses anteriores.

A redução na oferta de moeda também tem dado suporte ao rublo, disse Steve Hanke, professor de economia aplicada na Universidade Johns Hopkins.

Segundo ele, em agosto de 2023, a taxa de crescimento do volume de dinheiro emitido pelo CBR estava em 23,9% ao ano. Desde janeiro, porém, esse número passou a ser negativo — atualmente, está se contraindo a uma taxa anual de -1,19%.

Além disso, a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu expectativas de um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o que trouxe certo otimismo ao mercado, segundo McKenna, do Wells Fargo. A expectativa de reintegração da Rússia à economia global levou parte do capital a retornar para ativos denominados em rublo, mesmo diante dos controles de capital, fator que também ajudou a fortalecer a moeda.

A alta é sustentável?

Apesar da valorização atual, analistas alertam que o desempenho do rublo pode não se sustentar. Os preços do petróleo, principal pilar das exportações russas, caíram significativamente em 2025, o que pode impactar negativamente a entrada de moeda estrangeira no país.

“Acreditamos que o rublo esteja próximo de seu limite e pode começar a enfraquecer em breve”, afirmou Melaschenko. “Os preços do petróleo caíram bastante, o que deve se refletir em uma redução na receita de exportações e na venda da parcela em moeda estrangeira dessas receitas”, acrescentou.

Embora as conversas de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não tenham gerado avanços concretos, McKenna observa que um eventual acordo de paz poderia enfraquecer o rublo, já que medidas como as restrições cambiais, que vêm sustentando a moeda, poderiam ser retiradas.

“O rublo pode se desvalorizar rapidamente no futuro, especialmente se um cessar-fogo ou acordo for alcançado”, disse ele.

“Nesse cenário, é provável que os controles de capital sejam suspensos totalmente e que o banco central reduza as taxas de juros de forma acelerada”, acrescentou.

Impactos econômicos

Exportadores russos também têm enfrentado margens de lucro menores, segundo analistas, em especial no setor petrolífero, diante da queda nos preços globais da commodity. O governo também sente a pressão: preços mais baixos do petróleo, combinados a um rublo mais forte, estão corroendo as receitas com petróleo e gás.

As finanças do governo são altamente sensíveis às variações no preço do petróleo bruto. De acordo com Heli Simola, economista sênior do Banco da Finlândia, as receitas com petróleo e gás representaram cerca de 30% da arrecadação federal da Rússia em 2024.

“O Ministério das Finanças tem sido forçado a recorrer com mais frequência ao Fundo Nacional de Bem-Estar para cobrir os gastos”, afirmou Melaschenko. “E pode haver cortes adicionais em despesas não prioritárias se essa tendência continuar.”

Ainda assim, fora do comércio de petróleo, a Rússia permanece amplamente isolada do mercado global. “Ou seja, um rublo mais fraco não contribui muito para a competitividade comercial do país”, concluiu McKenna.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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