A Raízen anunciou na terça-feira (15) o fechamento, por tempo indeterminado, da histórica Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP). Segundo a companhia, a medida faz parte de sua estratégia de reciclagem de portfólio e busca por maior eficiência agroindustrial.
A decisão envolve também a venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, entre produção própria e contratos com fornecedores, por aproximadamente R$ 1,045 bilhão.
Segundo a companhia, os recursos obtidos com a operação serão usados para reduzir o endividamento. “A decisão está alinhada à estratégia de reciclagem do portfólio de ativos para captura de eficiência agroindustrial”, informou a empresa em comunicado ao mercado.
A venda foi firmada com seis grupos do setor sucroenergético: Usina Alta Mogiana, Usina Bazan, Usina Batatais, São Martinho, Pitangueiras e Viralcool.
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O múltiplo implícito da operação (métrica usada para indicar quanto está sendo pago, em média, por cada tonelada do produto na transação) equivale a cerca de US$ 53 por tonelada de cana, desconsiderando o valor do ativo industrial.
Fundada na década de 1930, a Usina Santa Elisa é considerada um marco histórico no setor sucroenergético por ser uma das primeiras unidades a adotar práticas industriais em larga escala.
A transação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do cumprimento de condições previstas nos contratos.
São Martinho adquiriu parte dos ativos
Ainda na terça-feira (15), a São Martinho anunciou a aquisição de parte dos ativos biológicos e direitos da Raízen relacionados à Usina Santa Elisa, em uma operação avaliada em até R$ 242 milhões, sujeitos a ajustes até o fechamento.
A transação envolve a transferência de cerca de 10,6 mil hectares de cana-de-açúcar, que eram contratos da Usina Santa Elisa e serão incorporados à São Martinho por meio de uma nova sociedade (“Newco”), criada pela Raízen para esse fim.
As áreas adquiridas estão localizadas em um raio médio de 25 quilômetros da Unidade São Martinho, em Pradópolis (SP).
Aproximadamente 80% da cana é própria e 20% vem de fornecedores. A empresa projeta uma produção de 600 mil toneladas de cana para a safra 2026/27, com potencial para atingir 800 mil toneladas a partir da safra 2028/29, beneficiada pelas condições favoráveis do solo e clima da região.
A Unidade São Martinho possui capacidade para moer 50 mil toneladas de cana por dia e será responsável pelo processamento da produção adquirida.
Segundo a empresa, a operação não exige investimentos adicionais na indústria ou na área agrícola, somente os custos variáveis habituais para administrar as novas áreas.
1.200 trabalhadores atingidos
O fechamento das operações resultou na demissão de 1.200 trabalhadores, dos quais 234 residem no município, de acordo com informações da prefeitura.
Em nota, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Roberto Gallo, afirmou que a suspensão das atividades representa a interrupção de “um dos maiores patrimônios industriais da cidade, dada a sua importância econômica, relevância social e história”.
Segundo ele, a gestão municipal tem atuado para mitigar os efeitos das demissões. “Nossa equipe está trabalhando intensamente para que os trabalhadores demitidos tenham amparo e novas oportunidades”, declarou.
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