Claudio Felisoni, do Ibevar: “Aumento de preço do cacau fez chocolate artesanal perder espaço”
Publicado 18/04/2025 • 11:22 | Atualizado há 21 horas
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Publicado 18/04/2025 • 11:22 | Atualizado há 21 horas
KEY POINTS
Cacau
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Todos os anos, na época da Páscoa, o brasileiro se depara com a escolha entre ovos de chocolate de mercado e os artesanais (não industrializados). Diversos fatores pesam na escolha, entre preço, conteúdo, sabor, qualidade e marca.
Neste ano, porém, o fator preço deve falar mais alto contra a categoria dos artesanais. Isso porque, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), a alta no preço do cacau, que se fortaleceu a partir de 2023, pressionou significativamente o custo da produção.
Segundo o Trading Economics, a tonelada variou 53% entre 2015 e 2023, o último ano antes do estouro dos preços. Agora, está em US$ 8,3 mil — elevação de pelo menos 164% em dois anos.
O reflexo deste incremento foi sentido mais entre os produtores independentes ou artesanais de chocolate. Segundo o Ibevar, a demanda por ovos desse tipo passou de um share de 21,4% (2024) para 18,3% (2025).
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“A incapacidade de absorver o aumento do cacau fez os chocolates artesanais perderem fôlego”, afirmou Claudio Felisoni, presidente do Ibevar, em entrevista à Agência DC NEWS. A indústria vem desenvolvendo muitas alternativas e ampliando bastante o leque de produtos que oferece, procurando gerar patamares de preços distintos.”
Como podemos entender o comportamento do consumidor diante da projeção para este ano de redução do volume de vendas (-2,8%), mas alta na receita nominal dos produtos (+5,8%)?
CLAUDIO FELISONI – Houve impacto significativo no preço do produto final. Por volta de 11%. Isso significa dizer que o repasse não foi feito totalmente para o consumidor final. Mesmo assim, é um crescimento muito significativo no preço do produto final. Boa parte disso foi incorporada na redução de margem das empresas.
Há uma variação de 53% no preço do cacau entre 2015 e fim de 2023. Desde então, porém, se torna uma volatilidade extrema. Por quê?
CLAUDIO FELISONI – São questões climáticas. Afetaram o preço da matéria-prima e, no caso da África, houve também redução de investimentos, contribuindo para uma oferta menor. Essas condições climáticas desfavoráveis afetaram substancialmente o mercado de chocolate, mas também atingem outros segmentos muito relevantes na Páscoa, particularmente o azeite e o bacalhau.
A volatilidade cambial do cenário internacional afeta essa conta?
CLAUDIO FELISONI – Com certeza. Essa volatilidade maior em função das questões internacionais, das tarifas e dos conflitos internacionais tornam, evidentemente, os preços desses produtos mais salgados por causa do dólar.
Na pesquisa do Ibevar vimos que há queda da intenção de compra dos chocolates artesanais. Reflexo desse aumento da matéria-prima?
CLAUDIO FELISONI – É exatamente isso. Estamos monitorando os artesanais, que já vêm perdendo fôlego ao longo dos anos. E isso se deve exatamente a essa escala reduzida. Os produtores artesanais são incapazes de absorver os aumentos de preço da matéria-prima sem repassar para o produto final.
Esse é o único motivo para o afastamento do consumidor?
CLAUDIO FELISONI – Você tem também o ambiente econômico com um consumidor já bastante debilitado. Nós estamos vendo crescimento do endividamento das famílias e aumento da taxa de inadimplência. Tudo isso contribui. E [no caso da Páscoa] o consumidor procura presentear com foco nas ofertas que são industrializadas.
As grandes empresas saem ganhando frente ao pequeno produtor?
CLAUDIO FELISONI – A indústria vem desenvolvendo muitas alternativas e ampliando bastante o elenco de produtos que oferece. Isso vale principalmente para os ingredientes. São feitas várias combinações diferentes, procurando gerar patamares de preços distintos.
Além de ter menor poder de negociação como a grande indústria, altas na Selic também devem afetar o pequeno produtor e piorar o cenário?
CLAUDIO FELISONI – De um lado, a inflação corrói o poder aquisitivo das famílias. Do outro lado, a alta na taxa básica de juros impacta o próprio produtor que, sendo menor, tem menos condições de fazer frente ao ônus das altas taxas.
Haverá retração no consumo este ano além do mercado de chocolates?
CLAUDIO FELISONI – Nós temos feito estudos de projeção de vendas para monitorar o comportamento de consumo das famílias em momentos pontuais, como a Páscoa, e os resultados batem com as nossas projeções mensais e trimestrais para as vendas de varejo na totalidade. E as projeções estão indicando exatamente recuo das vendas. Pesquisa nossa mostra que teremos encolhimento de 3% se compararmos o segundo trimestre de 2025 com o de 2024.
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