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EXCLUSIVO: crise do metanol expõe fragilidade na fiscalização e coloca em risco um setor que movimenta bilhões
Publicado 03/10/2025 • 22:01 | Atualizado há 1 mês
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Publicado 03/10/2025 • 22:01 | Atualizado há 1 mês
KEY POINTS
O fim de semana chegou e, com ele, incertezas dos dois lados do balcão. Em meio a uma série de casos de intoxicação por metanol — já são 113 notificações, 11 confirmadas e pelo menos uma morte — consumidores e comerciantes vivem dias de apreensão. De um lado, clientes sem segurança sobre a procedência das bebidas; do outro, bares e distribuidores tentando calcular o tamanho do prejuízo.
Embora ainda não haja dados consolidados sobre os efeitos da crise mais recente, o setor de bebidas já registra queda de 12% nas vendas. Dados da Fiesp apontam que o mercado ilícito de bebidas e alimentos movimentou R$ 662 milhões apenas em São Paulo em 2024, com impacto de R$ 147 milhões em impostos estaduais não recolhidos. Já a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) estima que a indústria perdeu R$ 86 bilhões no ano passado com falsificação, contrabando e sonegação.
No Jornal Times Brasil – Exclusivo CNBC, Luiz Orsatti, diretor-executivo do Procon-SP, e Gabriel Pinheiro, diretor da seccional paulista da Abrasel, discutiram os pontos mais críticos da crise.
Para Orsatti, a responsabilidade é compartilhada: “A venda é um momento decisivo, porque ali o consumidor tem contato com o produto. O comerciante que não checa procedência responde, mas o Procon atua quando o produto já está exposto. É por isso que o gabinete de crise envolve também Polícia Civil, Anvisa e Ministério Público.”
Já Gabriel Pinheiro reforçou que o setor se vê também como vítima. “A maioria dos bares e restaurantes é familiar, onde o dono consome do próprio estoque. O setor está sendo atacado na reputação, mas não dá para generalizar. Há corresponsabilidade, sim, e por isso oferecemos capacitação a mais de 15 mil empresários para identificar bebidas falsificadas.”

O Procon-SP diz contar com mais de 500 servidores e convênios com 370 municípios, garantindo capilaridade em 95% da população do estado. Segundo Orsatti, não há falta de estrutura, mas sim dificuldade de rastreabilidade dos produtos. Ele defende medidas mais céleres de segregação de estoques suspeitos e descarte adequado de garrafas para impedir a reutilização por redes clandestinas.
A Abrasel, por sua vez, argumenta que a crise ameaça não só o consumo imediato, mas a relação de confiança com fornecedores menores. “O consumidor não vai ao bar para investigar, vai para relaxar. Nosso papel é reforçar os controles e ajudar a denunciar irregularidades. Mas pedimos celeridade do poder público, porque essa não é a regra do setor”, afirma Pinheiro.
Para além do risco sanitário, a crise reacende o alerta econômico: um mercado já fragilizado pela informalidade agora soma perdas reputacionais e queda de vendas. A pergunta que fica é como reconstruir a confiança — tanto para o consumidor, que precisa se sentir seguro, quanto para empresários que veem suas margens ameaçadas por criminosos infiltrados na cadeia de fornecimento.
O Ministério da Saúde já contabiliza 113 notificações de intoxicação por metanol em todo o país. São 11 confirmadas e outras 102 em investigação. A maior parte dos registros está em São Paulo (101 casos), mas também há ocorrências em Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Paraná e Mato Grosso do Sul. Até agora, 12 mortes foram notificadas — 1 confirmada e 11 em apuração.
Em São Paulo, uma comerciante de 47 anos foi presa em flagrante na zona leste por armazenar bebidas alcoólicas sem nota fiscal. A mulher apresentou uma nota falsa no momento da abordagem. A polícia apreendeu mais de duas mil garrafas de gin, além de notas fiscais irregulares e um caminhão. O material será analisado pelo Instituto de Criminalística para verificar adulterações.

A Polícia Civil apura se a contaminação ocorreu durante a limpeza de vasilhames com metanol. Pelo menos cinco mortes estão sob suspeita em São Paulo. Operações em bares, adegas e distribuidoras já resultaram na apreensão de 2,5 mil garrafas e no fechamento de nove estabelecimentos. Nesta sexta (3), um homem foi preso no Jardim Carumbé acusado de fornecer insumos para falsificação, como garrafas, tampas, rótulos e selos falsificados de IPI.
Seguindo o governo federal, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) instalou nesta sexta-feira (3) uma Sala de Situação para acompanhar possíveis casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol. Foram definidos protocolos de atendimento e notificação às unidades de saúde, embora até o momento não haja registros confirmados no estado. O Instituto Estadual São Sebastião, na Gamboa, será a referência para tratamento, e o Lacen-RJ ficará responsável pelas análises em parceria com a Unicamp e a Fiocruz.
A orientação é que pessoas com sintomas como visão turva, desconforto gástrico ou gastrite após consumo de álcool procurem imediatamente atendimento médico.
A prefeitura de Sorocaba decretou situação de emergência. O decreto autoriza equipes da Vigilância Sanitária e da Guarda Civil Municipal a entrar em estabelecimentos suspeitos e apreender bebidas adulteradas. Multas podem chegar a R$ 1 milhão. A medida inclui ainda a compra de 200 frascos de antídoto para uso nas unidades de pronto atendimento.
O rapper Hungria segue internado em Brasília com suspeita de intoxicação por metanol. O quadro de saúde é estável, e médicos descartaram risco de cegueira. O cantor já passou por hemodiálise e pode ter alta até segunda-feira (6). A investigação apura se a contaminação ocorreu em São Paulo, onde fez show no último fim de semana, ou em Brasília, onde também consumiu bebida. A Vigilância Sanitária do DF interditou a distribuidora ligada ao lote ingerido e bloqueou estoques de um supermercado com produtos da mesma origem.
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