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Publicado 04/12/2024 • 12:24
KEY POINTS
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (4) que não concorda com a avaliação do mercado financeiro sobre as medidas que o governo vem adotando para a contenção de despesas. A declaração foi feita durante o Fórum Jota – o Brasil em 10 anos, realizado em Brasília.
Ele repetiu que as medidas enviadas ao Congresso foram aquelas que já estavam maduras, mas que o debate sobre o ajuste fiscal é contínuo.
“Eu entendo, já estive do outro lado do balcão, já fui consultor econômico, mas você tem que olhar para as medidas que estão sendo tomadas. Então eu não concordo com a avaliação que está sendo feita das medidas que nós anunciamos”, disse Haddad, frisando que o mercado tem toda legitimidade para criticar, mas que o filme é melhor do que a fotografia.
E destacou: “Entre mandar o que estava maduro e não mandar nada, esperando mais consenso, qual é o sentido disso? Mandamos o que está, na minha opinião, digerido pelo próprio governo e muito bem compreendido pelas lideranças com as quais eu conversei. Tem até um apetite por mais controle de gasto, de maneira que eu estou confiante de que o Congresso, até para fechar o orçamento, vai conseguir apreciar essas matérias nessas três semanas”.
Haddad salientou também no mesmo evento que um país sem miséria e fome é a primeira providência que um governo deveria adotar para sua população. Ele citou dados divulgados mais cedo pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a diminuição da miséria no país, que mostram que pela primeira vez essa população está abaixo dos 5%.
“Fazer isso em menos de dois anos é muito importante”, disse. “O Brasil pode almejar a erradicação da miséria pelo potencial que tem. Mas o problema é que esse potencial ele nem sempre realiza, nem sempre concretiza”, afirmou.
Segundo o ministro, sua aspiração na política é combater o comportamento oportunista contra o país de grupos que se organizam para pressionar em esferas como o Legislativo e Judiciário. “É difícil que interesses particulares não atravessem o samba de mudanças constitucionais que país precisa”, refletiu, pontuando que faz muita diferença o país ser capturado ou não pela classe dominante, quando o mais eficaz é ser gerido por dirigentes.
Para ele, falta obsessão para buscar mais o interesse geral no Brasil.
Sobre o cenário, o ministro ainda avaliou que há desafios geopolíticos e climáticos que favorecem o país no momento e que é preciso combater privilégios.
Haddad disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um político muito habilidoso e saberá construir consenso para a eleição de 2026, inclusive com o Centrão, além de estar preparado para enfrentar o avanço da extrema direita no Brasil e no mundo.
“Eu vejo ali uma pessoa com grande habilidade política, grande capacidade de diálogo, respeita a divergência, é uma pessoa que sabe construir projetos. Eu tenho muita confiança que ele vai saber operar na política e eu vejo nele uma preocupação reiterada com o crescimento do extremismo no Brasil e no mundo. Ele fala muito disso, de que nós temos que ser mais fortes, isso não pode acontecer. Nós temos que defender a democracia”, disse.
Questionado sobre a eleição das mesas diretoras de Câmara e Senado, Haddad disse que o clima no Congresso é bom e que ele tem contato com todos os parlamentares, incluindo os que disputam os cargos de comando.
“Está todo mundo aberto a ouvir, aberto a se debruçar sobre o tema. A gente tem tido voto na oposição de vários projetos nossos, tem passado pelo crivo da oposição e eu acredito que os nossos líderes lá têm feito um bom trabalho de separar aquilo que é política de Estado, que vai favorecer qualquer governo, daquilo que pode ter um interesse político mais momentâneo”, avaliou.
Haddad reforçou o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal para 2024 e 2025. “Não vou ignorar que teve gente que teve que ser medicada durante o ano para conseguir atingir esse objetivo. O povo lá trabalhou e cumpriu (a meta para 2024) e vai cumprir o ano que vem de novo”, disse.
Ele reiterou sua posição de articular com o governo e reforçar a importância da contenção de gastos. “Eu preciso convencer o governo de que é preciso tomar medidas de contenção para evitar esse tipo de coisa, e é o que eu estou fazendo. Aliás, não estou falando de agora, desde antes da posse do presidente Lula, eu falo para quem quiser ouvir, falo dentro do PT, falo no Jornal Nacional, falo fora do PT, falo no mercado financeiro”, disse.
Ele criticou o nível de gasto tributário e falou sobre as ações de transparência que o governo está promovendo, como divulgar por CNPJ as empresas que recebem benefícios fiscais.
Haddad relacionou, também, essa transparência sobre as renúncias com a oposição a algumas medidas propostas pelo governo. O ministro também repetiu que nunca deixou de reconhecer o papel do Congresso em fazer a agenda da Fazenda caminhar.
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