Fotógrafo Sebastião Salgado morre aos 81 anos
Publicado 23/05/2025 • 12:55 | Atualizado há 19 minutos
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Publicado 23/05/2025 • 12:55 | Atualizado há 19 minutos
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Sebastião Salgado.
(FILES) Brazilian photographer Sebastiao Salgado poses during a photo session in Paris on May 18, 2021. Photographer Sebastiao Salgado has died aged 81, the Académie des Beaux-Arts in Paris announced on May 23, 2025. (Photo by JOEL SAGET / AFP)
O fotógrafo franco-brasileiro Sebastião Salgado, conhecido por suas grandes fotos em preto e branco de conflitos e da floresta amazônica, morreu aos 81 anos. O anúncio foi nesta sexta-feira (23) pela Academia de Belas Artes francesa, da qual ele era membro.
“Laurent Petitgirard, secretário perpétuo, os membros e correspondentes da Academia de Belas Artes têm a imensa tristeza de anunciar o falecimento, nesta sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos de idade, de seu companheiro Sebastião Salgado”, lamentou a Academia, que em 2016 elegeu o fotógrafo como um dos seus, descrevendo-o como uma “grande testemunha da condição humana e do estado do planeta”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte, nesta sexta-feira (23), do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, a quem ele saudou como um dos melhores do mundo.
“A gente ficou sabendo de uma notícia muito triste (…), a morte do nosso companheiro Sebastião Salgado, certamente, se não o maior, um dos maiores e melhores fotógrafos que o mundo já produziu”, disse Lula em evento em Brasília.
O presidente soube da notícia durante evento em homenagem à visita do seu homólogo angolano, João Lourenço, e pediu um minuto de silêncio em memória do prestigiado fotógrafo e ativista ambiental nascido em Minas Gerais.
Em um comunicado minutos depois, Lula descreveu o trabalho de Salgado como “um clamor pela solidariedade”. “Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade”, afirmou ele no comunicado.
“Salgado não usava apenas seus olhos e sua máquina para retratar as pessoas: usava também a plenitude de sua alma e de seu coração”, acrescentou.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, falecido, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, imortalizou durante cinco décadas o pior e o melhor do planeta: dos remotos tesouros naturais às calamidades humanas, com um estilo inconfundível que aliou beleza e engajamento.
Autodidata, Salgado, que também tinha a nacionalidade francesa, deixa um testemunho icônico de centenas de viagens, publicado tanto em grandes revistas, como “Life” e “Time”, quanto exibido em museus de capitais como Paris, onde viveu boa parte de sua vida.
De Ruanda à Guatemala, passando por Indonésia e Bangladesh, o brasileiro fotografou situações de fome, guerras, êxodos e exploração do trabalho no Terceiro Mundo, com um olhar empático e não condescendente “de quem vem da mesma parte do mundo”, como costumava dizer.
Seu universo em preto e branco, de estética elegante, também foi uma celebração das paisagens mais belas, como os ‘rios voadores’ da Amazônia, e ao mesmo tempo um alerta da necessidade de protegê-las diante da emergência climática.
Salgado recebeu prêmios de prestígio, como o Príncipe de Astúrias e o Prêmio Internacional da Fundação Hasselblad, e foi protagonista do documentário indicado ao Oscar “O Sal da Terra”, de Wim Wenders, sobre suas viagens a locais remotos como o Círculo Polar Ártico e Papua Nova Guiné, que alimentaram seu livro, “Gênesis” (2013).
Nascido em 8 de fevereiro de 1944 na cidade de Aimorés, zona rural de Minas Gerais, Salgado criou-se com sete irmãs na fazenda de seu pai, um criador de gado. Da infância em uma terra onde visitar um amigo demandava dias de viagem, ele disse ter aprendido a paciência, primordial para um fotógrafo que deve saber esperar “a fração de segundo” que quer captar.
Iniciou estudos em direito, mas em seguida mudou para Economia, com mestrado na Universidade de São Paulo. Militante de esquerda, mudou-se para a França em 1969, fugindo da ditadura no Brasil, ao lado de quem seria sua companheira de vida, Lélia Wanick.
Trabalhando na Organização Internacional do Café, Salgado viajava frequentemente para a África, onde começou a fotografar, após experimentar pela primeira vez em 1970 uma câmera que Lélia tinha comprado.
“Me dei conta de que as fotos davam mais prazer do que os informes econômicos”, confessou.
Salgado descartou, então, uma polpuda oferta de trabalho no Banco Mundial, em Washington, para se dedicar à fotografia. Enquanto isso, Lélia criaria praticamente sozinha os dois filhos do casal: Juliano Ribeiro e Rodrigo, nascido com síndrome de Down.
A África, onde se sentia “em casa” pelo peso cultural do continente no Brasil desde os tempos da escravidão, foi tema de suas primeiras reportagens sobre secas e episódios de fome em países como Níger e Etiópia, o que lhe abriu as portas da lendária agência Magnum em 1979.
Com ela, foi em uma ocasião fotógrafo de uma ‘breaking news’ mundial: a tentativa de assassinato de Ronald Reagan em 1981, um evento que presenciou enquanto cobria um ato do presidente em um hotel, tendo tirado 76 fotos em 60 segundos.
Mas foi com seu primeiro livro, “Outras Américas” (1984), um retrato dos povos indígenas, que ele alcançou a fama, consagrada dois anos depois com as fotos da Serra Pelada (Pará), a maior mina de ouro do mundo a céu aberto, onde durante 35 dias conviveu com milhares de homens cobertos de lama e em condições desumanas.
Seguiu-se outra obra antológica, “Êxodos” (2000), sobre migrações forçadas em 40 países.
Alguns críticos o acusaram de adotar a “estética da miséria”, mas Salgado os ignorou, mantendo a fé em seu trabalho.
Antes de bater a foto, “é preciso estar ligado ao fenômeno”, explicava Salgado, justificando o tempo dedicado a seus personagens, os quais retratava com as três câmeras Leica que levava penduradas no pescoço.
A fotografia é “minha maneira de vida. O que fotografo corresponde à minha ideologia, ao meu comportamento, à minha atividade humana e política, vai tudo junto”, admitiu à AFP em 2022, ao apresentar em São Paulo sua exposição, “Amazônia”, fruto de um trabalho de sete anos na maior floresta tropical do mundo.
Comprometido com a causa ambiental, Salgado foi um crítico ferrenho do ex-presidente ultradireitista Jair Bolsonaro (2019-2022) por sua política de abrir a Amazônia a atividades como a agricultura e a mineração.
Em seu estado natal, fundou ainda o Instituto Terra para regenerar as florestas e a biodiversidade, desaparecidas com o desmatamento, um projeto bem sucedido ao qual até 2022 tinham aderido cerca de 3.000 proprietários de terras.
Perguntado sobre o que aprendeu durante seu périplo planetário, Salgado resumiu em 2016: “Que existe uma coisa artificial que se chama fronteiras. Em todas as partes vi o mesmo ser humano. O estrangeiro não existe”.
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