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Publicado 15/11/2024 • 19:31 | Atualizado há 5 horas
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Ministro Fernando Haddad durante entrevista a Christiane Pelajo
Divulgação Times Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o conjunto das medidas do pacote de corte de gastos está quase todo fechado, mas que falta apenas a resposta de um ministério que foi atingido, o da Defesa.
“Nós tivemos boas reuniões com o ministro (José Múcio) e com os comandantes das Forças”, disse Haddad em uma entrevista exclusiva ao Times Brasil | CNBC.
O chefe da Fazenda justificou a necessidade de diminuir os gastos do governo como uma necessidade de garantir “um crescimento econômico sustentável e disciplinado”.
“É uma ilusão achar que, se todos gastarem mais, haverá mais recursos para gastar“, disse ele, em referência aos ministros que são contrários às reduções das despesas do governo.
Se os gastos do governo forem moderados, segundo ele, a atividade do setor privado cresce, e a arrecadação de impostos aumenta.
O ministro reconheceu que recebeu críticas de setores específicos do governo, mas reforçou que os ajustes são necessários. “Fui ministro da Educação e já reclamei também. Cada ministério defende sua agenda, mas o que estamos fazendo é para que todos possam crescer juntos. O pior dos mundos seria disputar fatias de um bolo que não aumenta.”
Haddad falou também sobre as isenções fiscais que, segundo ele, causam distorções na economia e nem sempre resultaram nos benefícios esperados. “Foram dez anos de déficits públicos que travaram o crescimento do país. Precisamos virar essa página e garantir que a despesa cresça moderadamente, enquanto recompomos a receita perdida com benefícios que não trouxeram os resultados esperados.”
O ministro cita que o reequilíbrio das contas públicas será fundamental para a redução da taxa de juros, atualmente elevada devido à inflação. “Se moderarmos a inflação, os juros poderão cair, e o Brasil não perderá a trajetória de desenvolvimento”, afirmou.
A partir de segunda-feira (18) começa no Rio de Janeiro o encontro dos líderes dos países e blocos econômicos que formam o G20. A reunião da cúpula é, na verdade, o fim dos trabalhos da presidência brasileira.
O ministro comemorou o fato de a ideia de o G20 ter aceitado a proposta de mencionar a criação de uma taxação global de super-ricos para usar os recursos arrecadados no combate à fome.
“A taxação de patrimônio precisa ser internacional. Países que tentaram fazer isso isoladamente enfrentaram fuga de capitais. Por isso, economistas defendem uma abordagem global. Estamos falando de pessoas com patrimônios bilionários, que poderiam financiar causas fundamentais para a humanidade”, disse ele.
O ministro disse que, por ora, o governo brasileiro não vai tomar nenhuma medida em reação à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Durante a campanha, Trump citou diversas vezes que tem planos para aumentar alíquotas de impostos de importação de produtos.
Para Haddad, há uma possibilidade de isso não sair do papel da maneira como presidente eleito dos EUA deseja: “O discurso de campanha muitas vezes não se traduz em ações concretas. Vamos reagir a fatos, não a promessas abstratas”.
O ministro afirmou que não está envolvido com as investigações sobre o ataque a bomba que ocorreu na Praça dos Três Poderes, em Brasília, mas que, para ele, o incidente é uma consequência de discursos e campanhas contra a democracia.
“A pessoa ouve aqueles discursos e vai se seduzindo por um tipo de narrativa delirante que faz com que (ela) tome uma decisão sem sentido, irracional, fruto de um delírio”.
O ministro do PT também falou sobre o momento da esquerda. Segundo ele, o campo ideológico precisa “voltar a sonhar na política, voltar a pensar de forma mais ousada”.
Na avaliação dele, as pessoas precisam de um projeto claro e convicente de que é possível construir um mundo melhor.
“Sem isso, elas sentem que vão permanecer no mesmo lugar, e que os filhos delas também ficarão no mesmo lugar.” Isso, segundo ele, cria margem para discursos que aparentam ser antissistema, mas que na verdade reforçam e pioram o sistema atual. “Esse movimento de extrema direita atual está se valendo de um vácuo. Não existe vácuo na política; ele é preenchido por alguma coisa.”
Quando questionado se esse movimento é de alguma forma culpa da esquerda, Haddad diz que falta audácia: “O que estamos apresentando tem sido insuficiente para encantar”.
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