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Falar apenas em superávit é ingênuo

Publicado 18/07/2025 • 13:57 | Atualizado há 1 dia

Foto de Alberto Ajzental

Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Os Estados Unidos acumulam ganhos bilaterais com o Brasil há mais de uma década — e ainda poderiam arrecadar bilhões apenas apertando uma alíquota.

Um quase empate — que não empata

Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões para os Estados Unidos e importou US$ 40,6 bilhões. O saldo é um quase empate, mas com uma vírgula que importa: superávit americano de US$ 0,25 bilhão.

Vinte e cinco centavos de bilhão, para ser mais exato. Pode parecer pouco, e é. Mas o padrão é o que interessa.

EUA realiza superávits nos últimos 16 anos

Para não alongar a lista, se voltarmos apenas dez anos como exemplo, o que aparece é uma fila indisciplinada de superávits dos EUA contra o Brasil: 2023, US$ 1,04 bi; 2022, US$ 13,87 bi; 2021, US$ 8,24 bi; 2020, US$ 6,40 bi. A média do período é de US$ 4,30 bilhões anuais a favor deles. Superávit contínuo, estrutural — e conveniente.

Simulemos: tarifa e lucro

Agora, pensemos no que pode estar por vir.
Em tempos de guerras tarifárias disfarçadas de política industrial e rearranjos geoeconômicos globalizados, não custa fazer o exercício. Simulemos.

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Suponha que os EUA decidam aplicar tarifas entre 10% a 50% sobre suas importações do Brasil. O volume total importado gira em torno de US$ 40 bilhões. Com uma alíquota mínima de 10%, o Tesouro americano levaria US$ 4 bilhões. Com 50%, US$ 20 bilhões. Simples assim.

Ceteris paribus tropical

Sim, sabemos que uma tarifa dessa magnitude derrubaria o volume importado pelos EUA. Mas mesmo num cenário pessimista, estimando, para nosso exercício aqui, com as exportações brasileiras caindo 25%, de US$ 40 bi para US$ 30 bi, a arrecadação extra americana ainda oscilaria de US$ 3 a US$ 15 bilhões — uma receita nada trivial, obtida apenas com uma taxação unilateral.

Agora vem o mais incrível

Mais interessante: nesse cenário, caso o Brasil opte por não retaliar — por manter mercado aberto, alegre e tropicalmente resignado — o que acontece é que o superávit comercial dos EUA simplesmente explode de aumento. Mantidas as exportações do Brasil, toda queda de importação por parte dos EUA se transforma automaticamente em superávit.

Mantidas as importações brasileiras, o superávit norte-americano aumenta na direta ordem da queda das suas importações.

O jogo não é bilateral. É binário.

A lógica é perfeita, no pior sentido da palavra: quanto menos o Brasil exportar, maior o saldo americano. Quanto mais exportar, mais receita tarifária os EUA arrecadam.

Simetria? Apenas nos discursos, ambos provocativos, de deboche e de bravatas, entre os dois líderes. O jogo é de mão única. Mas sorridente.

Nos gráficos da balança, está lá: por trás da “parceria estratégica”, um histórico de superávits para um só lado. Exportamos soja, petróleo, avião. Importamos iPhone, algoritmo e PIB.
E seguimos celebrando o comércio internacional. Inclusive quando ele não é bilateral — mas binário.

O Brasil está em uma sinuca de bico. Retaliar trará alegria para um público que não gosta dos EUA nem do capitalismo, que fala em soberania e que o Brasil pertence aos brasileiros, pode até dar força internamente e momentaneamente para um presidente que só pensa naquilo, mas encarecerá os produtos pagos pelo cidadão brasileiro. Não retaliar trará enormes vantagens aos EUA.

No fim, ninguém tem ou terá razão, mas valerá a mais velha das leis: vencerá o mais forte. E este sabemos quem é.

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