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IGP-M cai com o dólar, mas o IPCA segue no alto

Publicado 28/08/2025 • 16:01 | Atualizado há 2 horas

Alberto Ajzental

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Índice S&P

IGP-M subiu após três meses de queda

Pixabay

Depois de três meses de queda, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como “inflação do aluguel”, subiu 0,36% em agosto. O número veio acima do esperado — a pesquisa da Reuters apontava 0,21% — e levou o acumulado em 12 meses a 3,03%. O contraste é forte: em março de 2025, o índice chegou a 8,6%.

Estruturas diferentes, naturezas distintas

O IGP-M é um índice híbrido: 60% do IPA (preços no atacado e commodities), 30% do IPC (inflação das famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos) e 10% do INCC (custos da construção civil).

O IPCA, por sua vez, mede a inflação de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, sendo o índice oficial de metas do Banco Central.

Essa composição explica por que o IGP-M é mais volátil e reage mais rápido a choques de câmbio e safras, enquanto o IPCA é mais estável, mas persiste em níveis elevados.

De onde veio o resultado de agosto

O IPA subiu 0,43%, puxado pelo minério de ferro (+6,76%), soja em grão (+3,73%), banana (+15,03%) e café (+1,44%). Do lado contrário, bovinos (-2,95%), algodão (-14,9%) e celulose (-8,7%) ajudaram a conter a alta.

O IPC caiu 0,07%, aliviado por passagens aéreas (-8,56%), energia elétrica (-1,97%, com impacto direto do Bônus Itaipu) e gasolina (-0,85%). Ainda assim, telefonia (+2,45%), plano de saúde (+0,43%) e refeições em restaurantes (+0,61%) subiram.

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O INCC avançou 0,70%, com destaque para tubos e conexões de PVC (+8,0%) e massa de concreto (+1,2%), além da mão de obra (+0,9%).

Gráfico 1 – IGP-M x Dólar (jan/24 a ago/25)

A ligação é clara: quando o dólar bateu R$ 6,18 em novembro de 2024, o IGP-M acelerou; ao recuar para R$ 5,40 em agosto de 2025, o índice perdeu força. Mais de 60% do IGP-M é atacado, o que torna o câmbio um motor direto de sua trajetória.

O IGP-M como prenúncio

A volatilidade do IGP-M o transforma, muitas vezes, em indicador antecedente do IPCA. A queda nos preços do atacado tende a ser transmitida, com atraso, para o consumo. Não é regra fixa, mas o movimento atual pode sinalizar algum alívio futuro.

Expectativas em queda

O Boletim Focus de 22 de agosto confirma esse cenário: as projeções de IPCA caíram pela 13ª semana seguida, para 4,86% no ano. As do IGP-M recuaram por 15 semanas consecutivas, para apenas 1,04%. O mercado já aposta que a descompressão no atacado chegará ao consumo.

Gráfico 2 – IGP-M x IPCA (jan/24 a ago/25)

O comparativo é eloquente: o IGP-M sobe e desce em montanha-russa, enquanto o IPCA segue estável, acima de 5%. Serviços, salários e preços administrados explicam essa resistência.

A diferença que pesa na política monetária

Para o Banco Central, não importa a queda do IGP-M se o IPCA insiste em ficar acima do teto da meta (4,5%). É o IPCA que ancora a Selic, e o gráfico de barras mostra a persistência: desde fevereiro, a inflação ao consumidor se estabilizou em torno de 5%, num platô desconfortável para a política monetária.

Implicações práticas

Essa distinção ajuda a explicar por que contratos indexados ao IGP-M, como os de aluguel, já trazem algum alívio, enquanto o bolso do consumidor continua pressionado. O atacado sente primeiro, o varejo demora. Se a correlação histórica se repetir, a queda do IGP-M pode ser a primeira luz no fim do túnel para o IPCA — mas ainda não há festa à vista.

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