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A inflação perde energia?

Publicado 26/08/2025 • 19:17 | Atualizado há 2 horas

Alberto Ajzental

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Inflação não mede preço, mas a variação com que muda. Se um serviço custa R$ 100 e cai para R$ 90, temos deflação de 10%. Se no mês seguinte volta para R$ 100, a inflação é de 11%. O preço voltou ao ponto inicial, mas o índice registrou uma montanha-russa de sinais opostos.

Esse é o coração do debate de agosto: o IPCA-15 caiu 0,14%, o primeiro negativo em dois anos. Mas não se trata de uma mudança estrutural da economia, apenas de um efeito momentâneo.

Energia: o bônus que fabricou a deflação

O grande responsável foi a energia elétrica residencial, com recuo de 4,93%, efeito direto do chamado “bônus Itaipu”. Só esse item retirou 0,20 ponto percentual do índice. Foi o suficiente para derrubar Habitação em -0,17% e levar o IPCA-15 para -0,14%.

Se a energia tivesse impacto zero, Habitação teria ficado em +0,03% e o IPCA-15 em +0,06%. Em outras palavras: sem o bônus contábil de Itaipu, não haveria deflação em agosto.

Como explicado acima, sem o bônus de agosto o valor da conta voltará aos patamares anteriores, e a deflação da energia de hoje voltará na forma de inflação amanhã.

A fatura da bandeira 2 vem depois

Adicionalmente, o alívio é passageiro. Desde 25 de julho, está em vigor a bandeira vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. Para uma conta média de 150 kWh (R$ 135,00), o aumento é de R$ 11,80, ou 8,7% a mais.

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Esse choque aparecerá nas faturas de agosto, que vencem em setembro, e será captado no IPCA cheio de setembro, com impacto estimado de 0,35 p.p. na inflação. O consumidor, portanto, experimenta em agosto o bônus e, logo depois, a cobrança.

Alimentos: queda consistente, aí sim relevante

Se a energia distorce o índice, os alimentos dão um alívio real. Foi o terceiro mês seguido de queda na alimentação no domicílio (-1,02%), puxada por batata (-18,8%), cebola (-13,8%), tomate (-7,7%), arroz (-3,1%) e carnes (-0,9%). Esse movimento é mais estrutural e tem efeito direto no bolso das famílias. É a parte do índice que merece ser vista com atenção.

O Banco Central será pressionado por oportunistas de plantão

O quadro final é claro: a deflação de agosto foi produzida por um crédito extraordinário, não pela política monetária. O Banco Central não pode se apoiar nesse resultado para cortar juros mais cedo. Entre bônus e bandeiras, a inflação voltará a subir em setembro.

Em resumo, a inflação “perdeu energia” em agosto, mas apenas no sentido literal: a queda foi pontual, artificial e logo dará lugar à conta real que está por vir.

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