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Voa Brasil: política pública ou marketing de reeleição?

Publicado 29/07/2025 • 17:21 | Atualizado há 13 horas

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Imagem de um avião da Embraer.

Imagem de um avião da Embraer

Pixabay

Um ano após o lançamento, o Voa Brasil acumula 45 mil passagens emitidas — de um total prometido de 3 milhões, adesão ao programa foi de apenas 1,5%. Mas os números revelam mais do que o fracasso de adesão: revelam para onde voaram os poucos que voaram.

Os destinos mais procurados foram São Paulo (12.771 passagens), Rio de Janeiro (3.673) e Recife (3.509), seguidos de Brasília, Fortaleza, Salvador e João Pessoa. Ao todo, 87 aeroportos foram utilizados, e as regiões Sudeste e Nordeste concentraram 83% das reservas. A capital paulista aparece como principal origem e destino de quase todos os trechos movimentados, especialmente nas rotas para o Nordeste.

O perfil do beneficiário: aposentado do INSS que não viajou de avião nos últimos 12 meses — um critério autodeclarado, sem verificação técnica possível.

Uma política sem problema definido

O Voa Brasil nasceu com uma promessa fácil: passagens aéreas a R$ 200. Mas o programa não partiu de um problema real diagnosticado — apenas de uma imagem simpática: aposentados embarcando felizes rumo ao lazer, ao reencontro ou ao turismo. A política pública, porém, não pode ser guiada por emoção. Ela precisa ser guiada por dados.

Não houve pesquisa pública que sustentasse a escolha dos aposentados como grupo-alvo prioritário. Tampouco se discutiu por que a aviação comercial seria o foco de inclusão, e não transporte terrestre regional, conectividade rural ou outros déficits muito mais graves.

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Critério frágil, impacto nulo

Não há sistema confiável no Brasil para verificar se um cidadão viajou ou não de avião no último ano. A ANAC não registra passageiros por CPF. As empresas aéreas não compartilham esses dados entre si nem com o governo. Ou seja: o critério que define quem pode participar do programa não pode ser verificado de forma consistente. Isso enfraquece o controle, abre brecha para uso indevido e corrói a credibilidade da iniciativa.

Além disso, mesmo com a passagem barata, o aposentado continua arcando com os custos colaterais: deslocamento até o aeroporto, hospedagem, alimentação. Para muitos, a barreira não é o bilhete — é a viagem como um todo.

Escolha política, não técnica, como tantas outras

A opção por aposentados do INSS parece menos uma escolha técnica e mais uma escolha política. É um grupo numeroso, bem identificado e sensível à comunicação do governo. Mas não há dados que indiquem ser o grupo mais prejudicado pelo déficit de mobilidade. Muito menos que colocar esse grupo em aviões seria a melhor forma de usar os recursos — ainda que simbólicos — do Estado.

Diferença entre gestão e reeleição

Políticas públicas sérias partem de diagnóstico, definem metas, têm critérios verificáveis, promovem impacto social claro e se abrem à avaliação. O Voa Brasil não fez nada disso. Nasceu sem base empírica, foi anunciado várias vezes sem sair do papel, e quando saiu, não decolou.

A diferença entre gestão pública e marketing eleitoral está em quem se beneficia com o resultado: o cidadão ou o governante?

Conclusão: voo raso, impacto mínimo

O Voa Brasil movimentou manchetes, mas não moveu o setor aéreo. As 45 mil passagens emitidas em um ano representam 0,045% do total de passageiros domésticos transportados no mesmo período. O programa não democratizou nada, não conectou regiões, não reduziu desigualdade. Foi, antes, uma peça publicitária de um governo que parece mais interessado em imagem do que em transformação.

E o pior: ao tentar “voar” com uma política sem lastro, desperdiça-se capital político, confiança pública e a oportunidade de resolver problemas reais. Nesse ritmo, o programa pode até continuar existindo. Mas só como símbolo de algo que não decolou.

E o Brasil segue. E La nave va.

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