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Economia em foco Artur Horta

O morro está tranquilo… até demais

Publicado 25/07/2025 • 17:32 | Atualizado há 16 horas

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Artur Horta

Artur Horta é jornalista especializado em economia e investidor profissional nos mercados de ações e commodities.

“O morro tá muito tranquilo, brother, tá muito tranquilo esse morro”. Assim dizia o traficante líder Baiano em Tropa de Elite, antes de o caos se instaurar.

Essa frase, que sugere calmaria aparente em um cenário de tensão latente, ajuda a ilustrar o atual estado de espírito das bolsas americanas. Depois de algumas tormentas recentes no horizonte geopolítico e econômico, os mercados parecem desfrutar de uma tranquilidade quase desconcertante — uma calmaria que, paradoxalmente, traz um presságio àqueles acostumados a navegar nesse universo.

Desde o fim da Guerra entre Israel e Irã, há cerca de um mês, tudo parece operar em uma órbita de boas notícias: a inflação nos Estados Unidos continua em trajetória de queda; as tão temidas tarifas comerciais não trouxeram os impactos negativos inicialmente especulados; os recentes acordos bilaterais com os EUA superaram as expectativas; os balanços empresariais vieram acima do consenso; e, para completar, as projeções econômicas dos bancos aumentaram o otimismo em relação à maior economia do mundo.

Esse festival de boas notícias alcançou seu ápice com o S&P 500 — principal índice acionário global — atingindo mais um recorde histórico ao fechar em 6.389 pontos.

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Para completar esse cenário de calmaria, o índice VIX, conhecido como "indicador do medo", está em níveis historicamente baixos, com fechamento na mínima desde fevereiro. Esse cenário indica que o mercado está calmo, sereno e otimista, como se não houvesse nada com que se preocupar no curto prazo. Tudo parece caminhar perfeitamente, dia após dia, com aquela perigosa sensação de que “nada vai dar errado”.

Mas, voltando ao que Baiano sabiamente percebeu, quando o morro está tranquilo demais, é hora de ficar em alerta: “Tem parada errada aí, irmão.” E o mesmo vale para o mercado financeiro. O normal não é essa calmaria absoluta. A história mostra que, quando a volatilidade atinge patamares tão baixos, costuma ser o prelúdio de um choque inesperado.

Momentos como este são ideais para se proteger. É nos dias ensolarados que se compram guarda-chuvas, e no mercado essa metáfora faz todo sentido. Quando os riscos aparentam estar ausentes, proteções como contratos de hedge ou seguros financeiros estão incrivelmente baratos. E, como nos ensina a experiência acumulada por investidores de longa data, os cenários em que “nada pode dar errado” são geralmente aqueles em que os cisnes negros aparecem. Esse conceito, popularizado por Nassim Taleb, explica como eventos improváveis e imprevisíveis podem, de repente, inverter completamente as marés, colocando em cheque a confiança que parecia inabalável.

Para quem investe, ignorar os sinais de calmaria é como navegar sem colete salva-vidas, apenas porque o mar parece calmo. Na prática, bastam pequenos gatilhos para que a aparente serenidade dê lugar ao caos. Uma crise geopolítica inesperada, uma falha em um setor fundamental ou até mesmo a ruptura de confiança em áreas sensíveis podem trazer consequências imprevisíveis aos mercados.

Estamos, sem dúvida, vivendo os "dias de sol". O mercado se mostra estável, os preços das proteções contra riscos estão em seus níveis mais acessíveis, e a tendência de alta parece se estender como um céu azul no horizonte. Este é o momento em que o pragmatismo deve superar o otimismo desenfreado. Comprar um guarda-chuva hoje pode parecer desnecessário, mas quando as primeiras nuvens se formarem, será tarde demais — e o preço a pagar poderá ser bem mais alto.

Baiano tinha razão: "O morro muito tranquilo" nunca é um bom sinal. Já os investidores atentos sabem que momentos de calma não perduram para sempre. O importante é estar preparado para quando o Bope, inesperadamente, subir o morro.

Portanto, esteja pronto. O melhor momento para se proteger é agora, enquanto o mercado sobe. A tempestade pode não ter data marcada, mas ela sempre chega.

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