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60 anos de ‘A Love Supreme’, o álbum que construiu a Impulse! Records

Publicado 20/02/2025 • 18:37 | Atualizado há 2 semanas

Felipe Machado

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Felipe Machado

Felipe Machado é analista de economia e negócios do canal Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC. É jornalista, escritor e guitarrista fundador da banda VIPER

Em 9 de dezembro de 1964, quatro músicos entraram no lendário estúdio de Rudy Van Gelder, no número 445 da Sulvan Avenue, em New Jersey, com uma missão básica: reinventar o jazz. Em apenas quatro horas, John Coltrane (saxofone), Jimmy Garrison (baixo), McCoy Tyner (piano) e Elvin Jones (bateria) gravaram a obra-prima A Love Supreme, um álbum que Coltrane classificou como seu “presente para Deus”.

Composto por apenas quatro partes épicas (“Acknowledgement”, “Resolution”, “Pursuance” e “Psalm”, o disco seria lançado dois meses depois, em fevereiro de 1965. Ou seja, há exatos 60 anos. Para comemorar essa data histórica, a Impulse! Records lança uma versão do álbum em prensagem limitada, feita de vinil que simula a textura de diamante.

Meu aniversário é apenas em agosto, mas costumo aceitar presentes antecipados.

Creed Taylor foi contratado pela ABC/Paramount para chefiar o novo departamento. O sucesso do executivo à frente da iniciativa e os dólares acumulados pela gravadora com seus artistas pop levaram a ABC/Paramount a dar sinal verde, em 1961, para o lançamento de uma divisão independente voltada para o jazz: a Impulse! Records.


A Impulse! Records sempre foi diferente das outras gravadoras de jazz. Ao contrário da Blue Note ou da Prestige, ela não evoluiu gradualmente ao longo do tempo – já nasceu pronta. Além da incrível curadoria musical, seus álbuns se distinguiam pelo visual marcante, o lendário design nas cores laranja, preto e branco. A ideia de usar um ponto de exclamação no nome da gravadora veio da designer Fran Scott, que também exigia trabalhar com os melhores fotógrafos para suas capas, como Pete Turner e Roy DeCarava.


Em pouco tempo, a Impulse! passou a concorrer com as gravadoras de jazz estabelecidas há muito tempo, como a Blue Note, a Prestige e a Riverside.

Ao longo dos anos, o selo reuniu um casting inacreditável: Ray Charles, Art Blakey, Gil Evans, Max Roach, Quincy Jones, Ben Carter, Count Basie, Duke Ellington, Coleman Hawkins, Charles Mingus, Sonny Carter… a lista é longa.

Nenhum deles, no entanto, foi tão essencial para o sucesso da Impulse! Records como John Coltrane. O retorno financeiro com a venda de seus discos era tão grande que a gravadora passou a ser carinhosamente chamada de “a casa que Coltrane construiu”. O crítico Ashley Kahn, que escreveu a biografia da gravadora, batizou o livro com o título “The House that Trane Built”.


Creed Taylor trouxe Coltrane em 1961, comprando contrato com a Atlantic e lançando seu primeiro disco nessa nova fase, Africa/Brass. Em 1965, ele lançaria a obra-prima A Love Supreme, que se tornou um dos álbuns de jazz mais bem-sucedidos da história, vendendo mais de 100 mil cópias em seu primeiro lançamento. Em 1970, já havia vendido mais de meio milhão. O disco, porém, só foi receber o Disco de Platina (por vender 1 milhão nos EUA) em 2021. É o primeiro disco de jazz dos anos 1960 a ser agraciado com o Disco de Platina. Como Coltrane morreu de câncer em 1967, o prêmio foi dado seus filhos Ravi (que também é um premiado saxofonista) e a cantora Michelle Coltrane.


Hoje, o catálogo da Impulse! Records, a “casa que Coltrane construiu”, faz parte do Verve Label Group (VLG), uma divisão da Universal Music Group (UMG). O legado de John Coltrane, porém, pertence a todos nós.

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