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O peixe virou: dólar e Ibovespa se desencontram
Publicado 17/07/2025 • 14:07 | Atualizado há 3 semanas
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Publicado 17/07/2025 • 14:07 | Atualizado há 3 semanas
Durante seis meses, o mercado financeiro brasileiro desenhou um peixe perfeito: o dólar mergulhava com a barriga cheia de fluxo estrangeiro, enquanto o Ibovespa nadava com nadadeiras abertas rumo a recordes. O contorno era clássico — real forte, bolsa em alta — como manda o manual de macroeconomia bem-comportada. Mas julho chegou, o peixe virou de lado e o nado sincronizado terminou em descompasso.
De um lado, o dólar afundou 9,6% no ano, saindo de R$ 6,18 em janeiro até encostar em R$ 5,41 no dia 3 de julho — a mínima de 2025.
Do outro, o Ibovespa acumulou 12,5% de valorização, atingindo 141.264 pontos no dia 4 de julho — sua máxima até agora.
A amplitude dos movimentos é reveladora: 14,25% no câmbio, 19,18% no índice. Até então tudo indicava um primeiro semestre com roteiro de manual e performance de carteira otimista.
Mas desde então, as curvas mudaram de direção.
O dólar voltou a ganhar fôlego e atingiu R$ 5,56. A bolsa, que parecia embalada por fundamentos e fluxo, devolveu mais de 6 mil pontos em menos de duas semanas, flertando novamente com os 135 mil. A correlação negativa — que sustentava a narrativa do “Brasil atrativo” — começou a falhar.
Gráfico 1 - USD/BRL vs Ibovespa: ponto de inflexão em 04/07/2025
O que explica a virada abrupta em 04 de julho? Um ruído. Ou vários.
Primeiro, a política fiscal, que voltou a fazer barulho. O Governo lutando para aprovar o IOF escancara seu desgaste no embalo do descontrole fiscal. Entre metas ajustáveis e promessas que flutuam conforme a maré, o arcabouço parece ter perdido a âncora. A discussão sobre o Orçamento de 2026 escancarou o velho dilema: responsabilidade ou populismo? O investidor respondeu na mesma moeda — retirando a sua.
Segundo, o vento externo. Dados fortes nos Estados Unidos, sobretudo sobre emprego e inflação, frustraram a esperança de corte de juros já no verão do hemisfério norte, neste final de julho. O Federal Reserve, ao que tudo indica, não vai afrouxar o aperto tão cedo. Resultado: menor apetite por risco periférico.
Terceiro, o fluxo. O investidor estrangeiro não gosta de incerteza fiscal disfarçada de “política de desenvolvimento”. Nem de reformas que não saem do PowerPoint. Nem de promessas que já nascem desidratadas no Congresso.
E como se não bastasse, o anúncio de elevação das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros — de 10% para 50% — adicionou mais lenha na fogueira. Não é só uma questão comercial, aliás, nada comercial, é um recado geopolítico. O Brasil, que surfava a onda de commodities e de clima internacional favorável, ao mesmo tempo desdenhando e provocando parceiros políticos e comerciais do ocidente, fazendo um teatro mambembe para seu público interno, agora se vê no centro de uma tensão explícita. Exportações ameaçadas, balança sob risco e mais um grau de incerteza no humor cambial.
– O Ibovespa ainda sobe +12,5% no ano, mas perdeu ritmo.
– O real ainda acumula valorização, mas cedeu o fôlego.
– A correlação positiva entre fluxo e confiança foi rachada pela realidade fiscal e geopolítica.
A lição? O mercado brasileiro continua volátil por natureza — e vulnerável por escolha.
A festa do primeiro semestre foi alimentada por fundamentos reais (balança, juros) e ilusões passageiras (otimismo fiscal e político). Mas as bases continuam frágeis: um Estado caro, produtividade estagnada, indústria tímida e um governo que ainda negocia suas próprias metas.
O peixe, que nadava elegante entre valorização e otimismo, agora boia torto. A corrente mudou. E talvez o nado de resistência precise ser reaprendido — com mais realismo e menos retórica.
Porque no mercado, peixe grande não nada de costas.
E sardinha que se ilude, vira almoço.
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