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Enquanto Musk critica trabalho remoto, economistas dizem que ele veio para ficar
Publicado 02/01/2025 • 17:14
KEY POINTS
CEO da Tesla, Elon Musk, carrega seu filho nos ombros após uma entrevista coletiva com o empresário Vivek Ramaswamy
ANDREW HARNIK/GETTY IMAGES/ NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
Quando Elon Musk e o empresário e político americano Vivek Ramaswamy apresentaram sua visão para reduzir o tamanho do governo dos Estados Unidos, eles destacaram planos para trazer os trabalhadores de volta aos escritórios em regime integral.
Trabalhar de casa foi descrito como um “privilégio da era da Covid” pela dupla, nomeada pelo presidente eleito Donald Trump para liderar o novo Departamento de Eficiência Governamental. Eles escreveram sobre isso em um artigo publicado no Wall Street Journal em 20 de novembro.
No entanto, economistas do trabalho não veem o aumento do trabalho remoto durante a pandemia como algo passageiro. Pelo contrário, consideram essa prática uma característica duradoura do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
“Trabalhar de casa veio para ficar”, afirmou Nick Bloom, professor de economia da Universidade de Stanford, especializado em práticas de gestão no ambiente de trabalho.
Grandes empresas começaram a restringir o trabalho remoto. Em setembro, o CEO da Amazon, Andy Jassy, anunciou que, a partir de 2025, os funcionários corporativos deverão trabalhar presencialmente em tempo integral.
O Washington Post fez um anúncio semelhante recentemente. Empresas como UPS, Boeing e JPMorgan Chase também exigiram que parte de seus funcionários voltassem ao escritório cinco dias por semana.
Outras empresas optaram por reduzir os dias remotos como parte de um modelo híbrido, no qual os funcionários dividem seu tempo entre a casa e o escritório. Um exemplo é a Disney, que, desde 2023, exige que seus colaboradores estejam no escritório quatro dias por semana.
Apesar das mudanças, os dados indicam que o trabalho remoto ainda tem força.
No auge, no início de 2020, mais de 60% dos dias úteis pagos foram realizados fora do escritório, um salto em comparação com menos de 10% antes da pandemia, segundo o estudo WFH Research, liderado por pesquisadores do MIT, Stanford, Universidade de Chicago e Instituto Tecnológico Autônomo do México.
Esse percentual caiu mais da metade desde então, mas tem se mantido estável entre 25% e 30% nos últimos dois anos, de acordo com dados de dezembro.
“Os níveis de trabalho remoto estão completamente estáveis desde janeiro de 2023”, afirmou Bloom.
Além disso, cerca de 8% das vagas anunciadas no site Indeed em novembro ofereciam opções de trabalho remoto ou híbrido. Embora o número seja inferior ao pico de 10% em fevereiro de 2022, ainda está bem acima dos 3% registrados em 2019.
“O trabalho remoto não vai desaparecer, mas provavelmente já atingiu seu pico”, avaliou Allison Shrivastava, economista do Indeed.
O trabalho remoto — especialmente o modelo híbrido — continua relevante porque é “altamente lucrativo” para as empresas, segundo Bloom.
Ele explica que a produtividade dos funcionários não aumenta quando eles vão ao escritório mais de três dias por semana, conforme pesquisa publicada na revista Nature em junho, da qual Bloom foi coautor.
Além disso, os funcionários valorizam a flexibilidade de trabalhar de casa. A obrigatoriedade de dias adicionais no escritório eleva a rotatividade de empregados, o que representa um custo significativo para as empresas.
Manter o mesmo nível de produtividade e reduzir a taxa de turnover (taxa de rotatividade), portanto, aumenta os lucros, explicou Bloom. Segundo ele, grandes empresas com dezenas de milhares de funcionários podem elevar os lucros em dezenas de milhões de dólares por ano apenas reduzindo os custos associados à rotatividade.
Musk e Ramaswamy querem exigir que funcionários federais trabalhem presencialmente cinco dias por semana exatamente porque acreditam que essa política aumentaria a rotatividade.
“Exigir que funcionários federais estejam no escritório cinco dias por semana resultaria em uma onda de pedidos de demissão voluntária, o que recebemos de bom grado”, escreveram no artigo de opinião de novembro.
Algumas empresas também podem estar usando mandatos de retorno ao escritório como uma “estratégia disfarçada para redução de pessoal”, segundo uma pesquisa recente com empregadores conduzida pela ZipRecruiter.
Embora muitas organizações aleguem preocupações com cultura e produtividade para justificar essa política, essas razões parecem estar “mais enraizadas em percepções do que em dados concretos”, observou a ZipRecruiter.
Por outro lado, alguns líderes têm rejeitado essa ideia.
Andy Jassy, CEO da Amazon, negou que a política de cinco dias presenciais seja uma “demissão disfarçada”. Ele afirmou em uma reunião, conforme notas obtidas pela CNBC, que a decisão “tem tudo a ver com a nossa cultura e com o fortalecimento dela”.
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