Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Grupo Dia está à beira do colapso com prejuízos recorrentes, queima de caixa e alta exposição a ativos de risco
Publicado 22/10/2025 • 15:14 | Atualizado há 2 horas
ALERTA DE MERCADO:
Ouro fecha em queda e amplia perdas com movimento de correção de ganhos
HBO Max anuncia reajuste de preços em todos os planos a partir desta terça-feira
Trump quer R$ 1,23 bilhão do Departamento de Justiça dos EUA por investigá-lo
Lucro da Coca-Cola sobe 30% no 3º trimestre, mas CEO alerta para desaceleração nos mercados emergentes
Campanha ‘Take Back Tesla’ pede que acionistas rejeitem plano bilionário de remuneração para Musk
Mercado de IA atrai trilhões de dólares e divide investidores entre euforia e temor de bolha
Publicado 22/10/2025 • 15:14 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
"Dia" supermarket in Villeurbanne - France
O Grupo Dia vive um momento de extrema fragilidade financeira. Documentos da administração judicial revelam uma combinação preocupante de queima acelerada de caixa, prejuízos contínuos e exposição elevada a um investimento considerado de risco. Quando anunciou a recuperação judicial, em 2022, o grupo fechou 343 lojas e 3 centros de distribuição no Brasil. Hoje ainda opera 250 lojas.
Segundo o relatório mais recente, o grupo mantém 66% de seus recursos de curto prazo — cerca de R$ 161 milhões — aplicados em um único CDB do Bluebank, instituição ligada ao Banco Master, que enfrenta dificuldades de liquidez e chegou a ser alvo de rumores sobre uma possível intervenção do Banco Central.
O vencimento do CDB está previsto para 26 de dezembro de 2025, com remuneração de 109% do CDI.
A administração judicial alertou para o risco de não realização do investimento caso o Banco Central decida intervir no Master, o que impactaria diretamente o Bluebank e, por consequência, o Grupo Dia. Ao ser questionada sobre os riscos e a concentração dos recursos, a gestão respondeu que as políticas internas de caixa foram respeitadas, dentro do limite de alçada do presidente, e que as operações foram autorizadas pelos controladores por meio da gestora do grupo.
O relatório destaca ainda conflitos potenciais de governança. O controlador direto do Grupo Dia é o Fundo Lyra II, cujo cotista é o empresário Nelson Tanure. O fundo é administrado pela Trustee DTVN, que tem como sócio Maurício Quadrado, atual presidente do Bluebank. Essa sobreposição de papéis reforça as preocupações da administração judicial quanto à independência das decisões financeiras e ao risco de perdas em caso de instabilidade no conglomerado do Banco Master.
Além da exposição financeira, o desempenho operacional da companhia segue em queda. Em agosto de 2025, o faturamento recuou 3% em relação ao mês anterior e 1% na comparação anual, marcando o terceiro mês consecutivo de retração. A empresa atribui o resultado negativo ao fechamento temporário de lojas retomadas de franqueados e à descontinuação de três unidades entre agosto de 2024 e agosto de 2025.
Mesmo com o faturamento menor, a margem bruta subiu 3%, reflexo da conversão de franquias em lojas próprias — movimento que permitiu ao grupo reter integralmente a margem antes compartilhada com os franqueados. Ainda assim, o consumo de caixa cresceu 70,9% em agosto, atingindo R$ 16 milhões, pressionando o balanço.
Desde o início da recuperação judicial, as atividades do Grupo Dia já consumiram R$ 296 milhões em caixa. O impacto foi parcialmente compensado por aportes dos antigos acionistas, que somam R$ 214 milhões, e pela venda de créditos de ICMS, que injetaram R$ 196 milhões. A combinação desses fatores reduziu a variação líquida negativa para R$ 114 milhões, mas a sustentabilidade dessa estratégia é incerta.
A administração judicial alerta que novos créditos de ICMS não devem ser homologados nos próximos meses, devido à paralisação dos sistemas da Fazenda Estadual durante operações de fiscalização. Caso o investimento junto ao Bluebank não possa ser resgatado, o capital de giro da empresa será fortemente afetado, colocando em risco o próprio plano de recuperação.
Atualmente, o Grupo Dia opera 240 lojas no Brasil, sendo 195 próprias e 45 franquias. Em agosto, uma unidade própria foi encerrada e outras nove franquias foram convertidas em lojas próprias, movimento que eleva custos fixos e pressiona o caixa.
Segundo o relatório, todas as 45 lojas retomadas apresentam resultados negativos. Destas, 20 ainda podem se recuperar com ajustes operacionais, mas as outras 25 estão muito abaixo das expectativas, exigindo novos investimentos para se tornarem rentáveis. O documento aponta que esse é o principal desafio da administração: fazer as lojas retomadas performarem sem comprometer ainda mais a liquidez da companhia.
Fundada em 1979, em Madri, a rede Dia chegou ao Brasil em 2001 e consolidou-se no varejo de vizinhança. Em 2022, já sob dificuldades financeiras, entrou em processo de reestruturação e decidiu pelo fechamento de 343 lojas e 3 centros de distribuição no Brasil. Com a recuperação judicial, o controle passou ao Fundo Lyra II, ligado ao Fundo Arila e indiretamente a Nelson Tanure, figura conhecida por participações em empresas em crise.
Desde então, a companhia tenta ajustar seu modelo de negócios, mas o avanço das lojas deficitárias, a exposição ao Bluebank e a redução das fontes de financiamento colocam o grupo em posição frágil. O relatório da administração judicial conclui que a empresa enfrenta risco elevado de liquidez e que, sem acesso aos recursos aplicados no Bluebank, o plano de recuperação poderá ser inviabilizado.
“O momento é de elevado risco de não realização do investimento que as recuperandas mantêm junto ao Bluebank”, afirma o documento. “Caso a aplicação não possa ser resgatada, o capital de giro das recuperandas pode ser severamente impactado.”
Procurado, o Grupo DIA não havia respondido com um posicionamento até o fechamento desta matéria.
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
Ambipar acusa ex-diretor financeiro de instaurar crise que levou ao pedido de recuperação e fala em ‘bullying empresarial’
Apesar de crise, Ambipar mantém contrato com grandes empresas e vai atuar com a Petrobras na Margem Equatorial do Amazonas
Volkswagen revela interrupções na produção em razão de restrições pela China e alerta para risco de uma nova “crise dos chips”
Eletrobras vai mudar nome para AXIA Energia e tickers na bolsa passarão a ser AXIA3 e AXIA6
Santander, Travelex e Genial: investigação de esquema de evasão de divisas ocorreu em paralelo à mudança na lei de câmbio