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Saiba quais serão os efeitos da presidência de Trump no mercado imobiliário, segundo especialistas

Publicado ter, 12 nov 2024 • 1:00 PM GMT-0300 | Atualizado há 90 dias

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Donald Trump defende a construção de mais casas, mas especialistas apontam dificuldades na execução do plano.
  • O presidente eleito atribui o alto preço das habitações a imigrantes ilegais.
  • Tarifas impostas sobre o valor das importações atribui alta de preço para as construções.
Presidente dos Estados Unidos Donald Trump

Donald Trump ao lado da bandeira dos Estados Unidos

Reprodução Instagram

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, afirma que quer incentivar a construção de novas casas.

“Vamos abrir vastas áreas de terras federais para a construção de moradias”, disse Trump durante uma coletiva de imprensa em agosto. “Precisamos urgentemente de casas para pessoas que não conseguem pagar os preços atuais”, afirmou.

De acordo com a Associação Nacional de Corretores (National Association of Realtors), em meados de 2023, o país enfrentava uma escassez de 4 milhões de casas.

“Está claro que a solução para essa crise é a construção de mais imóveis”, afirmou Jim Tobin, presidente e CEO da Associação Nacional de Construtores de Casas (National Association of Home Builders).

Crescimento na construção, mas ainda longe do ideal

Embora tenha havido um pequeno aumento no número de novas construções de casas em 2023, especialistas afirmam que ainda não é o suficiente para atender à alta demanda habitacional. Ou seja, faltam imóveis no mercado.

Em setembro de 2023, a quantidade de novas construções de casas nos EUA subiu para 1.027.000 unidades, segundo dados do Censo do país. Isso representa um aumento de 2,7% em relação a agosto do mesmo ano.

Embora a construção de mais imóveis seja uma resposta simples à crise habitacional, algumas promessas de Trump poderiam, na verdade, dificultar os esforços para melhorar a acessibilidade, alertam os especialistas. Entre elas, está a questão da imigração e a promessa de reduzir as taxas de juros dos financiamentos, algo que, segundo especialistas, está além do controle de um presidente.

Como as políticas de Trump podem impactar o mercado imobiliário

Desregulamentação para aumentar a acessibilidade

No fim de seu primeiro mandato, Trump assinou uma ordem executiva que visava facilitar a compra de imóveis. Segundo Dennis Shea, diretor executivo do Terwilliger Center, organização de políticas habitacionais dos EUA, essa ordem poderia servir como um modelo para o futuro.

Durante sua campanha de 2024, Trump se comprometeu a reduzir regulamentações e exigências de licenciamento, que, segundo especialistas, aumentam os custos para os compradores de imóveis. “Eliminaremos as regulamentações que aumentam o custo das moradias, com o objetivo de reduzir pela metade o custo de uma nova casa”, disse Trump em discurso realizado em setembro, no Economic Club de Nova York.

De acordo com Jim Tobin, cerca de 65% do custo de uma casa são atribuídos diretamente aos custos regulatórios em nível local, estadual e federal. “Se reduzirmos o fardo regulatório sobre a construção de casas ou apartamentos, vamos diminuir os custos para o consumidor”, afirmou.

Impactos no mercado de trabalho da construção

Trump tem atribuído a alta nos preços das casas ao aumento da imigração ilegal durante o governo de Biden.

No entanto, especialistas afirmam que a maioria dos imigrantes sem documentos não é proprietária de imóveis, mas vive em casas pertencentes a cidadãos americanos. Se ocorrer uma deportação em massa, essas casas continuariam ocupadas, observa Jacob Channel, economista sênior da LendingTree.

Porém, propostas como a deportação em massa e o aumento do controle de fronteiras podem dificultar a compra de casas, alertam os especialistas.

Cerca de 31% da força de trabalho na construção civil nos EUA é composta por imigrantes, de acordo com a NAHB – National Association of Home Builders (Associação Nacional dos Construtores de Casas). “Qualquer medida que ameace interromper o fluxo de mão de obra imigrante causará um grande impacto no mercado de trabalho da construção”, disse Tobin.

A indústria da construção tem dificuldades para recrutar trabalhadores nativos. Uma pesquisa da NAHB realizada em 2017 revelou que apenas 3% dos jovens adultos americanos querem trabalhar no setor de construção.

Uma redução da mão de obra pode criar uma escassez de trabalhadores, o que elevaria os salários e, consequentemente, os preços de casas. “Isso provavelmente será repassado aos consumidores”, disse Channel. Além disso, o tempo necessário para a conclusão dos projetos de construção pode aumentar, o que retardaria os esforços para aumentar a oferta de imóveis.

Tarifas podem aumentar os custos da construção

Trump também propôs tarifas de 10% a 20% sobre todos os produtos importados, e taxas entre 60% e 100% sobre mercadorias da China. A imposição de tarifas de 10% a 20% sobre materiais de construção, como madeira, poderia elevar os custos das moradias, além dos materiais usados em reformas, afirmam especialistas.

“Qualquer tarifa que aumente o custo dos produtos vai impactar diretamente o consumidor”, afirmou Tobin.

Segundo uma análise de dados da ResiClub, portal voltado ao mercado imobiliário americano, um boletim informativo sobre imóveis e mercado imobiliário, o custo médio de construção de uma casa nos Estados Unidos é de aproximadamente US$ 392 mil (R$ 2,2 milhões).

Daryl Fairweather, economista-chefe da Redfin, afirma que os impactos podem variar:  “Vai depender de como as tarifas forem aplicadas”.

Expectativas para o mercado imobiliário no governo Trump

Os construtores esperam erguer cerca de 1,5 milhão de novas casas no próximo ano. “Ainda não estamos construindo o suficiente para alcançar a demanda, mas será mais do que este ano”, disse Tobin.

Embora seja cedo para afirmar se a administração Trump priorizará os custos da habitação tanto quanto uma possível administração Harris faria, especialistas afirmam que a ajuda mencionada por Trump pode não ser suficiente para áreas densamente povoadas, que são as que mais precisam de apoio.

Trump mencionou planos de liberar terras federais para a construção de habitação, mas, como observou Daryl Fairweather, as terras federais estão concentradas, em sua maioria, em áreas rurais. “Isso não resolve o problema das cidades azuis (zonas onde a população é mais longeva), que são densamente povoadas e realmente precisam de mais ajuda”, completou Fairweather.

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