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Evento exclusivo: Haddad diz que impasse no tarifaço não partiu do Brasil; é ‘má vontade’ dos EUA
Publicado 18/08/2025 • 10:14 | Atualizado há 2 dias
Publicado 18/08/2025 • 10:14 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
Na abertura dos encontros empresariais FT Climate & Impact Summit Latin America e Brasil 2030: Uma Nação de Oportunidades, nesta segunda-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o acordo Mercosul–União Europeia deve ser assinado até o início de 2026.
Segundo ele, a superação do último entrave deve ocorrer ainda este ano. “A superação do último entrave para o acordo deve acontecer até o final deste ano, tem tudo para sair até o final deste ano”, disse o ministro, destacando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém diálogo frequente com o presidente francês Emmanuel Macron, considerado o principal obstáculo às negociações.
Apesar da sinalização positiva sobre o tratado com a União Europeia, Haddad afirmou que a guerra tarifária com os Estados Unidos segue paralisada por uma condição “inexequível” imposta por Washington. Segundo ele, a administração Trump condicionou o avanço das negociações a uma intervenção do Executivo brasileiro em decisões do Judiciário, o que classificou como uma violação da Constituição.
“Os Estados Unidos estão tentando impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que é o Executivo se imiscuir em assuntos de outro poder. Não temos condições políticas e jurídicas para atuar nesse caso”, disse.
O ministro citou ainda o cancelamento de uma reunião com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, como evidência de que a dificuldade não partia de Brasília. “Nós quisemos demonstrar que não faltava, por parte do governo do Brasil, iniciativa para buscar aproximação. A má vontade não partia do Brasil, mas dos EUA”, declarou.
Haddad reforçou que, mesmo diante das tensões, a relação bilateral segue sendo relevante. “Para nós, a relação comercial com os Estados Unidos é muito importante. O mandato do Trump dura quatro anos, o do Lula, mais dois anos, mas a nossa relação com os EUA já dura mais de 200 anos”, disse, ressaltando que o Brasil não pretende radicalizar.
Ele comparou a situação com a Argentina e defendeu a busca por convergências. “É como se eu destratasse a Argentina por causa do Milei. Não faz sentido. Nas minhas conversas com o ministro Caputo, eu o trato como parceiro do Brasil, ainda que tenhamos cabeças diferentes. O mesmo vale para os Estados Unidos: propusemos várias possibilidades de parceria, sobretudo em torno da transformação ecológica”, afirmou.
O ministro destacou ativos estratégicos do Brasil que poderiam ampliar a cooperação, como biocombustíveis, minerais críticos, energia limpa, baterias e carros elétricos. “O Brasil pode se tornar uma plataforma de exportação integrada às cadeias produtivas globais”, disse.
Haddad voltou a criticar a sobretaxa de 40% aplicada apenas ao Brasil, além dos 10% cobrados de toda a América do Sul, chamando-a de “mal-entendido” sobre as competências do Executivo. “O mesmo Judiciário que julgou o presidente Lula é o que está em vigor hoje. Criou-se uma dificuldade de compreensão sobre o Brasil”, observou.
Ele citou ainda a carta número 10 de James Madison, nos Federalist Papers, como exemplo histórico ignorado pelo governo Trump. “É um texto sobre freios e contrapesos que inspirou democracias no mundo inteiro, mas hoje vivemos o oposto”, afirmou.
Além do acordo com a União Europeia, Haddad destacou que o Brasil mantém negociações com os BRICS, países árabes e Índia, além de acordos bilaterais conduzidos pelo Itamaraty. “O presidente Lula deixou claro desde o início do governo que buscaríamos o acordo com a União Europeia, com os BRICS e, ao mesmo tempo, exploraríamos parcerias com os Estados Unidos”, disse.
O ministro aproveitou para criticar o aumento do protecionismo global. “O país mais liberal do mundo hoje é o mais protecionista, que são os EUA. O Brasil, ao contrário, tem reduzido suas alíquotas de forma significativa nos últimos 20 anos”, afirmou.
Haddad ressaltou ainda a importância de reduzir a polarização política no Brasil para ampliar a competitividade externa. “Nós temos que superar a polarização política, primeiro internamente. A oposição muitas vezes não vota nem de acordo com suas próprias convicções se isso beneficiar a população brasileira”, declarou.
Ele defendeu que o país dê o exemplo. “Não tenho como incidir sobre a cabeça do Trump. O que eu posso fazer é agir dentro do Brasil e mostrar ao povo que é possível reconstruir relações abaladas. Não podemos transformar isso em um Fla-Flu, porque essa disputa só atrapalha a agenda do país”, afirmou.
Por fim, garantiu que o governo segue aberto ao diálogo. “Hoje não há um canal de interlocução com os EUA, mas o Brasil está aberto à negociação. Não se trata de um interesse meu, e sim do povo brasileiro”, disse.
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