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2024 será o ano mais quente da história, diz monitor da UE

Publicado 09/12/2024 • 09:37

AFP

KEY POINTS

  • É "praticamente certo" que 2024 será o ano mais quente já registrado na história.
  • O ano também será o primeiro a ultrapassar um limite crítico para proteger o planeta de um superaquecimento perigoso.
  • Além disso, o cientista do Copernicus, Julien Nicolas, declarou que 2025 começará com temperaturas globais "próximas de recordes".

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É “praticamente certo” que 2024 será o ano mais quente já registrado e o primeiro a ultrapassar um limite crítico para proteger o planeta de um superaquecimento perigoso, afirmou nesta segunda-feira (9) o monitor climático da União Europeia (UE).

O novo marco, confirmado pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus, encerra um ano em que os países foram duramente atingidos por desastres que cientistas associam ao aquecimento rápido da Terra devido às ações humanas.

Segundo o Copernicus, um período de calor extraordinário elevou as temperaturas médias globais de janeiro a novembro a níveis tão altos que 2024 superará 2023 como o ano mais quente já registrado.

“Neste momento, é praticamente certo que 2024 será o ano mais quente da história”, informou a agência da UE em seu boletim mensal.

O cientista do Copernicus, Julien Nicolas, declarou à AFP que 2025 começará com temperaturas globais “próximas de recordes” e que esse cenário pode persistir nos próximos meses.

Um marco preocupante

Pela primeira vez, 2024 será um ano com temperaturas 1,5 graus Celsius mais altas do que antes da Revolução Industrial, período em que a humanidade começou a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis.

De acordo com dados provisórios, o Copernicus apontou que o ano até agora foi cerca de 1,6°C mais quente do que a era pré-industrial, considerada entre 1850 e 1900.

Cientistas alertam que os riscos das mudanças climáticas aumentam a cada fração de grau, e que ultrapassar 1,5°C ao longo de décadas colocaria em grave risco ecossistemas e sociedades humanas.

Pelo Acordo de Paris, o mundo se comprometeu a tentar limitar o aquecimento a esse limiar de 1,5°C.

Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus, destacou que um único ano acima de 1,5°C “não significa que o Acordo de Paris foi violado, mas sim que ações climáticas ambiciosas são mais urgentes do que nunca.”

Aquecimento catastrófico

O mundo está longe de atingir suas metas. Em outubro, a ONU estimou que as ações climáticas atuais levarão a um aquecimento catastrófico de 3,1°C.

As emissões de combustíveis fósseis continuam aumentando, apesar das promessas globais de abandonar o carvão, o petróleo e o gás. Esses combustíveis liberam gases do efeito estufa que elevam as temperaturas globais, aprisionando calor nos oceanos e na atmosfera.

Esse aquecimento, segundo cientistas, perturba padrões climáticos, o ciclo da água e torna eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos.

Em 2024, ocorreram inundações mortais na Espanha e no Quênia, tempestades violentas nos Estados Unidos e nas Filipinas, além de secas severas e incêndios florestais na América do Sul.

Os desastres somaram US$ 310 bilhões em perdas econômicas, informou a seguradora Swiss Re em dezembro. Países em desenvolvimento, especialmente vulneráveis, precisarão de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para transições energéticas e enfrentamento das mudanças climáticas.

Nas negociações climáticas da ONU em novembro, grandes poluidores históricos comprometeram-se a arrecadar pelo menos US$ 300 bilhões anuais até 2035, uma quantia considerada insuficiente.

Calor excepcional

O Copernicus utiliza bilhões de medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas para suas análises climáticas.

Embora seus registros datem de 1940, outras fontes, como núcleos de gelo e anéis de árvores, permitem aos cientistas ampliar suas conclusões a partir de evidências de períodos muito mais antigos.

Os cientistas afirmam que a Terra atualmente está provavelmente mais quente do que nos últimos 125 mil anos.

Mesmo para esses padrões, o calor extraordinário observado desde meados de 2023 gerou debates científicos.

O ano começou no auge do fenômeno El Niño, que eleva as temperaturas globais, mas especialistas afirmam que o El Niño, encerrado no meio do ano, não explica sozinho os recordes de calor na atmosfera e nos mares.

Julien Nicolas destacou que o fim do El Niño não foi “um grande freio” para as temperaturas globais, e ainda não está claro se um evento oposto, o La Niña, ocorrerá.

Estudo recente na revista Science sugeriu que a falta de nuvens baixas pode estar retendo menos calor na atmosfera. Outro trabalho, publicado em maio, explorou se combustíveis marítimos mais limpos reduziram partículas reflexivas nas nuvens, diminuindo sua capacidade de refletir calor.

“Esse calor recente é claramente excepcional, mas ainda dentro do intervalo superior das projeções climáticas sobre o aquecimento global”, afirmou Nicolas. “À medida que coletamos mais dados, esperamos entender melhor o que aconteceu.”

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