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Acordo de paz entre Rússia e Ucrânia pode redesenhar o mercado de gás da Europa
Publicado 23/12/2025 • 09:22 | Atualizado há 3 horas
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BEN CURTIS/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO | Wikimedia
Dependência europeia do petróleo russo é alvo de críticas de Trump, que cobra ação da Otan.
A Europa avança com planos para banir totalmente as importações de gás russo até o fim de 2027, uma medida que limita o futuro energético da Rússia no continente e deve deixar ativos bilionários ociosos, segundo autoridades e analistas do setor.
Os gasodutos submarinos Nord Stream 1 e 2 foram as primeiras grandes vítimas da invasão da Rússia à Ucrânia. A infraestrutura foi sabotada no fim de 2022, e o Nord Stream 2, que custou cerca de US$ 11 bilhões e tinha como objetivo dobrar o fornecimento de gás russo barato à Alemanha, nunca chegou a ser certificado para operação.
Apesar de especulações recorrentes de que a infraestrutura poderia ser ressuscitada em caso de um acordo de paz, as negociações para um cessar-fogo avançam lentamente. Nenhum dos lados demonstra disposição para ceder em relação a territórios ocupados ou soberanos.
Em entrevista ao site britânico UnHerd, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou na segunda-feira que Washington vai “tentar resolver” o conflito, mas alertou que “não diria com confiança que haverá uma resolução pacífica”.
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As expectativas em torno de um eventual acordo reacenderam o debate sobre quais laços econômicos e energéticos poderiam ser restabelecidos entre a Rússia e o Ocidente — e, no caso da Europa, se um cessar-fogo abriria espaço para a volta do gás russo e a reativação do Nord Stream.
Esse cenário, porém, seria altamente controverso. Desde a invasão em larga escala da Ucrânia, em 2022, países europeus têm buscado reduzir a dependência do gás russo, apesar de seu menor custo histórico.
Antes da guerra, em 2021, a Rússia respondia por cerca de 45% do consumo de gás da Europa. Em 2025, as estimativas apontam para apenas 13%, refletindo a diversificação de fornecedores e o avanço do gás natural liquefeito (GNL).
Qualquer movimento de reaproximação também enfrentaria forte oposição política. A Ucrânia veria com indignação benefícios ao seu invasor, enquanto a Polônia já defendeu que os gasodutos, incluindo um que nunca entrou em operação, sejam desmantelados.
Paradoxalmente, a própria Ucrânia se beneficiou durante anos de um gasoduto mais antigo que cruza seu território, por meio da cobrança de taxas de trânsito. Esse acordo, no entanto, expirou no fim de 2024 e não foi renovado devido à guerra.
Os Nord Stream foram projetados justamente para contornar a Ucrânia e evitar essas taxas. Ainda assim, analistas apontam que o trânsito de gás pode voltar a ser usado como instrumento de negociação, caso o fornecimento seja retomado no futuro.
Os Estados Unidos, por sua vez, tendem a resistir a qualquer retorno do Nord Stream, já que buscam reduzir a influência energética de Moscou e ampliar sua participação no mercado europeu de GNL.
Já a Alemanha, diretamente conectada aos gasodutos e com sua indústria pressionada por altos custos de energia, pode encontrar dificuldade política e econômica para resistir à retomada do gás russo, avaliam especialistas.
Em dezembro, o Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a um acordo provisório para eliminar gradualmente as importações de gás russo. O plano prevê um banimento total do GNL russo até o fim de 2026 e do gás transportado por gasodutos a partir do outono de 2027.
A Agência de Energia Dinamarquesa concedeu em janeiro autorização para que o Nord Stream 2 realize trabalhos de preservação nos gasodutos danificados localizados na zona econômica exclusiva (ZEE) da Dinamarca, no Mar Báltico.
Segundo a agência, o objetivo é evitar novos vazamentos de gás e impedir a entrada de água do mar oxigenada, que poderia acelerar a corrosão da estrutura. Apesar da autorização, os trabalhos ainda não começaram.
A permissão foi concedida sob condições rigorosas, incluindo a exigência de que a empresa apresente um plano anual de gestão da instalação, permitindo que a autoridade dinamarquesa monitore continuamente o futuro da infraestrutura. A agência afirmou ainda que não recebeu qualquer solicitação para colocar os gasodutos novamente em operação.
A grande questão é se os Nord Stream ainda podem ser recuperados tecnicamente. Para Sergey Vakulenko, pesquisador sênior do Carnegie Russia Eurasia Center, a resposta é sim — ao menos do ponto de vista técnico.
Segundo ele, os trechos danificados precisariam ser substituídos, enquanto o restante da infraestrutura não exigiria grandes investimentos adicionais. “Eles ainda são reparáveis. Seria necessário substituir alguns quilômetros do gasoduto, mas isso pode ser feito”, afirmou à CNBC.
Vakulenko estima que o custo poderia chegar a cerca de US$ 1 bilhão, mas observa que ao menos uma das linhas ainda tem capacidade operacional. Atualmente, no entanto, os gasodutos não estão sendo mantidos. “Eles não estão sendo cuidados de forma alguma”, disse.
Mesmo que a infraestrutura seja recuperável, a viabilidade política e econômica é outra história. Antes da guerra, cada linha do Nord Stream tinha capacidade de 55 bilhões de metros cúbicos por ano. Hoje, segundo Vakulenko, o que restou equivale a cerca de 27,5 bilhões, volume que provavelmente representa o máximo que a Europa estaria disposta a comprar da Rússia.
Ele avalia que a Europa poderia considerar algum retorno ao gás russo apenas em um cenário de mudança política profunda na Rússia, como a saída de Vladimir Putin do poder — uma hipótese considerada remota.
“A Rússia é o fornecedor de menor custo para a Europa, e alguns países não se importariam em ter algum gás russo na matriz energética para reduzir a dependência dos EUA”, disse. “Mas esse é um ‘se’ muito grande.”
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A Europa ainda não se recuperou totalmente da crise energética iniciada após a invasão da Ucrânia. Segundo a Agência Internacional de Energia, os preços do gás no Dutch Title Transfer Facility (TTF) — referência do continente — estavam cerca do dobro dos níveis pré-guerra no início de 2025.
A pressão é agravada pela corrida da inteligência artificial, que aumentou a demanda por energia e mudou o discurso de transição energética para adição de capacidade.
Ainda assim, analistas veem fortes barreiras regulatórias. Para Tancrede Fulop, da Morningstar, a nova legislação europeia torna muito difícil a reintegração do gás russo no curto prazo, embora existam exceções emergenciais para países como Hungria e Eslováquia.
Segundo a União Europeia, a mudança de política busca evitar que o gás volte a ser usado como instrumento geopolítico, após a Rússia ter “transformado o fornecimento energético em arma”.
Outro ponto em aberto é se a Rússia teria interesse em retomar o fornecimento. Analistas lembram que a crise energética começou antes da guerra, em 2021, quando Moscou já havia reduzido os fluxos de gás, possivelmente para pressionar a certificação do Nord Stream 2.
Hoje, porém, a Rússia está em posição de negociação mais fraca. “Esse gás é um ativo ocioso para Moscou”, disse Vakulenko. “A Europa poderia negociar condições mais favoráveis.”
Ainda assim, a Rússia vem redirecionando exportações para a Ásia, especialmente para a China, por meio do gasoduto Power of Siberia.
Mesmo com um eventual acordo de paz, especialistas avaliam que um retorno ao gás russo não é o cenário mais provável. A queda recente dos preços, a expansão de terminais de GNL nos EUA e a busca por diversificação energética devem ajudar a Europa a compensar o fim definitivo das importações russas, concluem analistas.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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