Na era Trump, empresas reformulam esforços para diversidade e inclusão, mas não desistem
Publicado 30/03/2025 • 14:54 | Atualizado há 2 dias
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Publicado 30/03/2025 • 14:54 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
@WhiteHouse/Fotos Públicas
Depois que o Google descartou suas metas de contratação voltadas para diversidade, equidade e inclusão (DEI) em fevereiro, o CEO Sundar Pichai abordou o assunto com os funcionários em uma reunião geral da empresa.
“Queremos construir uma força de trabalho representativa”, disse Pichai, de acordo com um áudio obtido pela CNBC. “Somos uma empresa global, temos usuários ao redor do mundo e acreditamos que a melhor forma de atendê-los bem é tendo uma equipe que represente essa diversidade — e continuaremos a fazer isso.”
Ele acrescentou: “Ao mesmo tempo, como empresa, sempre teremos que cumprir as leis locais.”
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Uma das mudanças mais notáveis no Google até agora foi em relação à Melonie Parker, que era chefe de diversidade da empresa. Desde fevereiro, seu cargo passou a ser vice-presidente de engajamento dos funcionários do Google.
A abordagem do Google em relação à DEI reflete mudanças que empresas em todo os Estados Unidos vêm adotando em seus programas de diversidade após a eleição de Donald Trump e suas primeiras ações ao retornar à Casa Branca.
Nos últimos dez anos, o Vale do Silício e outros setores usaram programas de DEI para reduzir vieses em contratações, promover equidade no ambiente de trabalho e impulsionar a carreira de mulheres e pessoas não brancas — grupos historicamente negligenciados.
Embora a sigla DEI tenha surgido como um conceito abrangente para promover equidade, ela se tornou um termo carregado de controvérsias.
Em 2023, a Suprema Corte dos EUA decidiu contra as políticas de ação afirmativa da Universidade Harvard — uma decisão com implicações diretas sobre como as empresas contratam.
Em uma de suas primeiras ações do segundo mandato, Trump assinou uma ordem executiva em janeiro, encerrando os programas de DEI do governo e afastando funcionários federais responsáveis por essas iniciativas.
A ordem determina que “todos os departamentos e agências tomem medidas rigorosas para acabar com a discriminação de DEI no setor privado, incluindo investigações de conformidade civil”. Segundo a Bloomberg, o governo já apontou quase 50 empresas que considera violar suas novas diretrizes contra a DEI.
Uma das primeiras empresas investigadas foi a Walt Disney Company. A Comissão Federal de Comunicações dos EUA informou à companhia na sexta-feira que abrirá uma investigação sobre seus esforços relacionados à DEI.
Trump tem demonstrado disposição para responsabilizar políticas de DEI por tragédias humanas. Após a colisão aérea entre um jato regional da American Airlines e um helicóptero militar Black Hawk sobre Washington, em janeiro, Trump criticou as políticas de DEI do governo Biden pelo acidente — sem apresentar qualquer evidência.
Ele afirmou que a DEI “poderia ter sido” a causa do pior acidente aéreo nos EUA desde 2001.
“Quando o presidente culpa a DEI por um acidente de avião, faz sentido que as empresas queiram se afastar desse termo, independentemente de como definem essas políticas internamente”, disse Joelle Emerson, consultora de diversidade e inclusão.
Apesar de a DEI ter se tornado um tema divisório, muitas empresas não estão encerrando seus esforços — estão apenas reformulando como os apresentam. Algumas continuam com as iniciativas, mas adotam uma linguagem diferente, utilizando termos como “aprendizado” ou “contratação” para evitar o estigma da sigla.
Joelle Emerson trabalha desde 2014 como consultora para centenas de clientes em estratégias de diversidade e inclusão. No entanto, no ano passado, ela decidiu mudar a forma como descreve sua plataforma digital Paradigm.
Antes, a Paradigm se apresentava como uma empresa que ajudava clientes a “aproveitar o poder da diversidade e inclusão para criar uma cultura onde todos possam fazer o seu melhor trabalho e prosperar”. Agora, o site afirma que a empresa oferece soluções para “criar uma cultura inclusiva e de alto desempenho, onde todos possam fazer o seu melhor trabalho e prosperar”.
A Paradigm começou a usar a sigla DEI em 2020, quando o termo se popularizou na resposta corporativa aos protestos pela morte de George Floyd.
“Começamos a usá-lo muito em nossos sites para que empresas que buscassem ‘DEI’ nos encontrassem”, disse Emerson à CNBC. “Antes da eleição, ao percebermos a reação negativa ao termo, reduzimos seu uso porque não achávamos que ele descreveria bem o nosso trabalho.”
Devika Brij, que atua no mesmo segmento com sua consultoria Brij The Gap, publicou uma newsletter em fevereiro intitulada “Desenvolvimento de carreira e liderança personalizado não é DEI”. Para empresas como a dela, essa reformulação é essencial para a sobrevivência dos negócios — alguns de seus clientes reduziram os orçamentos para DEI em até 90% desde 2023.
Não são apenas consultorias que estão adotando essa mudança. Em março, o JPMorgan anunciou que substituiria a palavra “equidade” por “oportunidade” em seu programa de DEI. Em novembro, o Walmart declarou que passaria a usar o slogan “Walmart para todos” em vez de DEI. Segundo a Paradigm, entre 2023 e 2024, houve uma queda de 22% no uso dos termos “DEI” e “diversidade” entre as empresas da Fortune 100, enquanto expressões como “pertencimento” cresceram 59%.
Para Emerson, 2023 foi um ponto de virada para a DEI no Vale do Silício. Foi quando o Google começou a eliminar funcionários responsáveis por recrutar candidatos de grupos sub-representados, segundo a CNBC. A empresa também demitiu líderes de DEI sob o comando de Parker.
A Amazon, por sua vez, reorganizou sua equipe de DEI em 2023, reunindo as equipes globais sob um único grupo chamado “Experiências Inclusivas & Tecnologia”. A mudança, segundo a empresa, visava refletir melhor a natureza do trabalho.
A retração da DEI se intensificou em 2025. Em fevereiro, o Google anunciou que abandonaria suas metas aspiracionais de contratação após as ordens executivas de Trump. O compromisso da empresa para 2025 incluía aumentar em 30% o número de pessoas de grupos sub-representados em cargos de liderança e mais que dobrar o número de funcionários negros em níveis não executivos.
“As nossas crenças são duradouras, mas temos que seguir as direções legais conforme elas evoluem”, disse Pichai em reunião com os funcionários.
Embora o termo “DEI” esteja cada vez mais sensível, estudos mostram que o conceito continua popular entre trabalhadores e empresas. Segundo o Pew Research, em 2023, 86% dos funcionários tinham uma opinião neutra ou favorável sobre a promoção da diversidade, equidade e inclusão no ambiente de trabalho. Já a Paradigm descobriu que 73% das empresas ainda incluem esses princípios entre seus valores corporativos.
Para especialistas, a reformulação dos programas pode ser uma oportunidade para eliminar ações performáticas, como declarações de apoio a movimentos sociais sem medidas concretas. Em vez de apenas divulgar relatórios de diversidade baseados em gênero e etnia, muitas empresas agora monitoram taxas de promoção e retenção.
A ReadySet, consultoria especializada na área, desenvolveu uma ferramenta de avaliação de risco para ajudar empresas a entenderem os desafios legais e reputacionais da continuidade dos esforços de DEI.
“Independentemente do nome que usem, as empresas precisam investir nos funcionários”, disse Emerson. “O que elas querem evitar é gastar recursos brigando na Justiça.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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