O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode se tornar um peso político para candidatos brasileiros nas eleições de 2026. É o que mostra a nova pesquisa do Instituto Ipespe divulgada nesta quinta-feira, 24, ao revelar que 53% dos brasileiros acreditam que o apoio ou vínculo com Trump prejudicaria um presidenciável no Brasil. Apenas 32% consideram que esse endosso ajudaria um candidato, e 14% não souberam ou não responderam.
A percepção negativa cresce de acordo com o posicionamento ideológico do eleitor. Entre os que se identificam com a esquerda, 88% veem o apoio de Trump como prejudicial. No centro, o número cai para 69%. Já entre os eleitores de direita, 66% acreditam que um candidato apoiado por Trump sairia beneficiado.
A avaliação foi feita em meio à crise diplomática provocada pelo tarifaço anunciado pelo governo Trump contra produtos brasileiros. A medida gerou reação imediata de autoridades brasileiras, tanto de oposição quanto da base do governo.
Rejeição a Bolsonaro e aliados
A pesquisa Ipespe também perguntou sobre a avaliação dos brasileiros em relação às declarações de lideranças nacionais após o anúncio das tarifas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 60% de desaprovação, seguido por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com 59%.
Ambos têm defendido publicamente as sanções impostas por Trump. Eduardo, que se mudou para os Estados Unidos em fevereiro, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por supostos atos contra a soberania nacional.
Outras lideranças também sofreram desgaste: os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tiveram 49% de desaprovação cada. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que inicialmente endossou o discurso de Trump, teve reprovação de 46%.
Avaliação positiva da base governista
A resposta do governo federal à crise tarifária foi mais bem recebida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve 50% de aprovação, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) teve 42%, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, 38%.
No geral, 50% dos entrevistados aprovaram a postura do governo brasileiro diante do tarifaço, enquanto 46% desaprovaram.
Apoio à taxação de big techs
Segundo o Ipespe, 55% dos brasileiros apoiam a posição de Lula de taxar empresas digitais americanas, como parte da resposta às pressões dos Estados Unidos contra novas regulações do setor no Brasil. Outros 40% discordam, e 5% não opinaram.
A tensão comercial cresceu após o avanço brasileiro sobre temas como regulação da inteligência artificial, novas regras para plataformas digitais e a jurisprudência sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet. Esses movimentos, alinhados à agenda do Brics sobre soberania digital, têm incomodado Washington.
Reprovação às sanções contra o STF
Outro dado da pesquisa mostra que 57% dos entrevistados desaprovam a decisão do governo Trump de revogar o visto do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e de seus aliados na Corte. Apenas 37% aprovam a medida, e 6% não responderam.
Metodologia
A pesquisa Ipespe ouviu 2.500 pessoas com 16 anos ou mais, entre os dias 19 e 22 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95,45%.
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