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Tarifas do Trump

Em carta, Trump é acusado por senadores democratas de ‘claro abuso de poder’ por tarifas contra o Brasil

Publicado 25/07/2025 • 13:22 | Atualizado há 12 horas

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • Em carta enviada à Casa Branca, 11 senadores democratas acusam o presidente dos EUA de agir em benefício pessoal ao sobretaxar o Brasil em meio à crise com Bolsonaro.
  • Senadores dizem que Trump usa economia dos EUA para “proteger amigo” e alerta para riscos de retaliação brasileira
  • Parlamentares veem risco de aproximação do Brasil com China e enfraquecimento da influência americana
  • Carta aponta que tarifas podem afetar 130 mil empregos e elevar custos para famílias dos EUA

Onze senadores democratas dos Estados Unidos acusaram o presidente Donald Trump de promover um “claro abuso de poder” ao impor tarifas de 50% sobre as importações do Brasil.

Em carta enviada à Casa Branca nesta quinta-feira (24), os parlamentares criticam a medida como uma interferência direta em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro e alertam que a guerra comercial pode prejudicar famílias americanas e aproximar o Brasil da China.

“Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em favor de um amigo é um grave abuso de poder, enfraquece a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região”, afirmam os senadores no texto.

Eles sustentam que a medida coloca em risco cerca de 130 mil empregos nos EUA relacionados ao comércio bilateral com o Brasil e poderá elevar o custo de produtos como café, carne e minerais. Em 2024, os Estados Unidos importaram mais de US$ 40 bilhões em bens brasileiros, incluindo US$ 2 bilhões apenas em café, segundo dados mencionados na carta.

Crítica à tentativa de interferência judicial

Os senadores afirmam ainda que a motivação de Trump é pessoal, não econômica, e que sua pressão para que o governo brasileiro retire acusações contra Bolsonaro representa uma grave afronta à soberania jurídica de um país aliado.

“Interferir no sistema legal de uma nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação”, alertam os parlamentares.

Aproximação com a China preocupa senadores

Outro ponto de destaque na carta é o temor de que uma guerra comercial empurre o Brasil ainda mais para a órbita de influência da China. Os senadores alertam que a medida tarifária pode gerar um realinhamento geopolítico desfavorável aos interesses americanos na América Latina.

“Uma guerra comercial com o Brasil também aproximaria o país da República Popular da China em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência chinesa na região”, escreveram.

Respostas e resistência brasileira

Enquanto a carta ganhava repercussão, uma delegação de senadores brasileiros embarcava para os EUA em busca de uma solução diplomática. Segundo apuração da imprensa brasileira, o presidente Trump não autorizou conversas formais com representantes do governo Lula até o momento.

Além disso, o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, demonstrou interesse nos minerais críticos brasileiros, o que levou o presidente Lula a reforçar sua defesa da soberania nacional. “Este país é do povo brasileiro”, afirmou Lula, citando petróleo, ouro e minerais estratégicos como recursos que “ninguém vai pôr a mão”.

A crise tarifária entre Brasil e Estados Unidos segue sem uma solução clara, com pressão crescente de ambos os lados e forte impacto político e econômico no comércio bilateral. A íntegra da carta enviada pelos senadores democratas pode ser consultada nos canais oficiais do Senado dos EUA.

Veja abaixo a íntegra da carta traduzida para português:

24 de julho de 2025

Prezado Presidente Trump,

Escrevemos para expressar preocupações significativas sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça tarifária de sua Administração claramente não se dirige a isso. Nem se trata de um déficit comercial bilateral, já que os EUA tiveram um superávit comercial de bens de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024, e não tiveram um déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Em vez disso – como você afirma explicitamente em sua carta ao Presidente brasileiro Lula da Silva – a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem para o Representante de Comércio dos EUA iniciar uma investigação sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 destinam-se principalmente a forçar o sistema judicial independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Interferir no sistema legal de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O Sr. Bolsonaro é um cidadão brasileiro sendo processado em tribunais brasileiros por supostas ações sob sua jurisdição. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de planejar um golpe de estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um grave abuso de poder, mina a influência da América no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. O anúncio de sua Administração, em 18 de julho de 2025 de sanções de visto contra funcionários do judiciário brasileiro que trabalham no caso do Sr. Bolsonaro indica – mais uma vez – a disposição de sua Administração em priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para famílias e empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio EUA-Brasil sustenta quase 130.000 empregos nos Estados Unidos, colocados em risco por ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e você prometeu retaliar preventivamente da mesma forma – o que significa que os exportadores dos EUA sofrerão e os impostos sobre as importações para os americanos aumentarão além do seu nível ameaçado de 50%.

Uma guerra comercial com o Brasil também fará com que o Brasil se aproxime da República Popular da China (RPC) em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais e conectadas ao estado chinês estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo vários projetos portuários em andamento, e recentemente o China State Railway Group assinou um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar um projeto de ferrovia transcontinental.

Essas considerações não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a RPC está trabalhando para aumentar sua influência por meio de sua Iniciativa do Cinturão e Rota. Estamos preocupados que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas aumentem o ceticismo da influência americana em toda a região e forneçam aos funcionários da RPC e às empresas apoiadas pelo estado-maior credibilidade para sua agenda. A mesma tendência também está ocorrendo no Leste e Sudeste Asiático.

Os objetivos primordiais dos EUA na América Latina devem ser o aprimoramento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC. Instamos você a reconsiderar suas ações e priorizar os interesses econômicos dos americanos que desejam previsibilidade, não outra guerra comercial.

Atenciosamente,

Tim Kaine, Senador dos Estados Unidos

Jeanne Shaheen, Senadora dos Estados Unidos

Adam B. Schiff, Senador dos Estados Unidos

Richard J. Durbin, Senador dos Estados Unidos

Peter Welch, Senador dos Estados Unidos

Kirsten Gillibrand, Senadora dos Estados Unidos

Mark R. Warner, Senador dos Estados Unidos

Catherine Cortez Masto, Senadora dos Estados Unidos

Michael F. Bennet, Senador dos Estados Unidos

Jacky Rosen, Senadora dos Estados Unidos

Raphael Warnock, Senador dos Estados Unidos

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