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‘Tudo vai ficar muito caro’: pequenos empresários dizem que tarifas de Trump podem obrigá-los a aumentar preços
Publicado 04/08/2025 • 17:42 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 04/08/2025 • 17:42 | Atualizado há 4 horas
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Pequenas e médias empresas.
Unsplash.
“Tudo vai ficar muito, mas muito caro”, diz Melanie Abrantes, empresária de Oakland, Califórnia, que trabalha com artigos de decoração para casa.
Abrantes faz parte de um grupo de donos de pequenas e médias empresas de produtos de consumo nos Estados Unidos que afirmam que as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump podem obrigá-los a reajustar os preços ainda este ano.
Na semana passada, Trump atualizou as tarifas para dezenas de países, estipulando taxas que variam de 10% a 41%, válidas a partir de 7 de agosto. Produtos considerados como transbordados — ou seja, enviados por um país intermediário para disfarçar a origem e evitar taxas — vão receber um adicional de 40% de tarifa.
Segundo eles, empresas americanas que estocaram mercadorias no início do ano agora começam a ficar sem estoque. Quando precisarem fazer novos pedidos aos fornecedores estrangeiros, vão encarar custos de importação bem mais altos.
“Estocar produtos antecipadamente ajudou a evitar aumentos nos preços, mas vai ficar cada vez mais difícil para os empresários segurarem o impacto das tarifas à medida que o estoque anterior acabar”, avaliaram economistas do Wells Fargo em um relatório divulgado em julho. “Esperamos que os preços dos produtos subam ainda mais no segundo semestre do ano por causa disso.”
Matt Hassett (sem parentesco com o economista Kevin Hassett) comanda a Loftie, uma startup de Nova York. Ele conta que, em abril, quando Trump detalhou o plano de tarifas, tinha estoque para cinco meses do seu despertador inteligente.
Em setembro, Hassett vai precisar importar um novo lote do fabricante da Loftie na China. Com a tarifa atual de 30%, ele prevê que vai ter que aumentar o preço do seu despertador inteligente, que hoje custa US$ 170 (R$ 934), para US$ 185 (R$ 1.017), uma alta de 9%.
“Muita gente acha que a situação das tarifas ainda não está tão ruim porque os empresários estavam com estoque cheio”, comenta Hassett. “Mas agora é que o aumento começa a aparecer de verdade no preço dos produtos. Acho que muita gente não percebeu a gravidade do problema.”
De acordo com novas estimativas do The Budget Lab da Universidade Yale, os consumidores americanos vão enfrentar uma tarifa média efetiva de 18,3%, a maior desde 1934. Segundo o centro de pesquisas, isso deve custar, em média, US$ 2.400 (R$ 13.199) por família nos EUA em 2025.
Abrantes, que fabrica e vende produtos como tigelas, cachepôs e vasos de madeira ou cortiça, importa parte dos itens e matérias-primas de Portugal. Ela já aumentou em até US$ 50 (R$ 274) o preço de alguns produtos e acha que pode ser preciso reajustar novamente até o fim do ano. Está avaliando simplificar a linha — vendendo menos opções ou itens mais baratos — para cortar custos.
“Meu produto é premium, feito para um público bem específico”, diz Abrantes. “No fim das contas, o consumidor não vai sair gastando à toa.”
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Mesmo pequenos aumentos de preço, em um cenário econômico incerto, podem afastar clientes de baixa e média renda, levando-os a deixar de comprar ou a optar por produtos mais baratos, mostrou um estudo do Boston Consulting Group em 2024.
Pequenas empresas geralmente trabalham com margens de lucro apertadas. Se os clientes reduzirem as compras, muitas dessas empresas podem fechar as portas, alerta Todd McCracken, presidente da National Small Business Association.
“Os varejistas conseguiram segurar os preços até agora, mas essas novas tarifas vão impactar os estoques nas próximas semanas”, afirmou David French, vice-presidente de relações governamentais da Federação Nacional do Varejo, à CNBC em 1º de agosto. “Recebemos relatos de pequenos lojistas preocupados se vão conseguir sobreviver com essas tarifas tão altas.”
Segundo French, “o efeito direto das tarifas será preços mais altos, menos contratações, menos investimentos e menos inovação”.
O impacto pode ser grande: quase metade dos trabalhadores americanos estão empregados por pequenas empresas, que representam 43,5% do PIB dos EUA, de acordo com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos.
Há meses, empresários tentam encontrar uma saída para as tarifas. Trump já sugeriu várias vezes uma solução simples: transferir a produção para os EUA. Mas donos de empresas e fabricantes dizem que não é tão fácil assim.
Em comparação com fábricas no exterior, as americanas ainda não conseguem oferecer preços competitivos e nem têm a mesma experiência em produção em larga escala. Segundo empresas ouvidas em pesquisa da CNBC em abril, levaria pelo menos de três a cinco anos para mudar essa realidade — ou até mais.
Kim Vaccarella é CEO da Bogg Bag, empresa de bolsas de praia sediada em Secaucus, Nova Jersey. Ela conta que fabrica seus produtos fora dos EUA porque, por aqui, não encontra a mesma qualidade.
Vaccarella diz que pretende fazer o próximo pedido de estoque no fim do ano, em fábricas da China e do Vietnã. Dependendo das tarifas em vigor na época, pode ser que tenha que reajustar os preços.
“Estamos tentando salvar o que der de 2025”, afirma Vaccarella. “Não queremos aumentar o preço e depois perceber que isso nem cobre uma parte das tarifas.”
Algumas pequenas empresas estão se endividando para não fechar as portas, diz McCracken. Hassett já precisou pegar dinheiro emprestado e usar suas próprias economias para pagar os salários dos nove funcionários da Loftie em junho.
Outros empresários estão recorrendo a métodos criativos, mas temporários, para levantar dinheiro. A Busy Baby, startup que vende tapetes e mordedores para bebês, recebeu uma cobrança de US$ 35.000 (R$ 192.486) em tarifas ao repor estoque na última primavera, conta a CEO Beth Benike. Por isso, lançou uma vaquinha online no GoFundMe e conseguiu arrecadar US$ 38.000 (R$ 209.985) para cobrir os custos.
Mas não dá para depender de vaquinhas para sempre. Se as tarifas continuarem nesse nível, a Busy Baby vai adicionar uma taxa extra de 10% sobre as compras feitas no site, na próxima vez que repor o estoque, diz Benike.
“Eu fico perguntando: ‘O que é o sonho americano?’, porque achei que estava vivendo isso”, diz Benike. “Servi meu país, estudei, comprei uma casa, abri um negócio… Isso já não parece mais um sonho.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.