Trump alerta que União Europeia e Reino Unido podem enfrentar tarifas
Publicado 03/02/2025 • 08:07 | Atualizado há 3 meses
UE lança disputa contra tarifas dos EUA ao definir 95 bilhões de euros em contramedidas
“O dia mais sortudo da minha vida”: Warren Buffett diz que nascer americano o ajudou a construir sua fortuna
Trump se concentra nas altas tarifas impostas à China antes das negociações comerciais
Maersk reduz perspectivas do mercado de contêineres devido às tensões tarifárias entre EUA e China
Inside India CNBC: a Índia parece pronta para um acordo com os EUA — mas a que custo?
Publicado 03/02/2025 • 08:07 | Atualizado há 3 meses
KEY POINTS
REUTERS/Carlos Barria
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo (2) que tarifas comerciais serão impostas à União Europeia e ao Reino Unido, mas sinalizou que ainda pode haver um acordo com a Grã-Bretanha.
Trump provocou turbulência nos mercados globais ao cumprir sua ameaça de impor tarifas de importação sobre os maiores parceiros comerciais dos EUA, aplicando uma taxa de 25% sobre importações do México e do Canadá e uma tarifa de 10% sobre produtos da China. As tarifas entrarão em vigor na terça-feira (4).
Leia também:
Os três países condenaram as medidas. O Canadá reagiu com suas próprias sanções sobre importações dos EUA, enquanto o México ameaçou fazer o mesmo. A China afirmou que entraria com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Questionado no domingo sobre a possibilidade de tarifas sobre produtos do Reino Unido e da União Europeia (UE), Trump disse à BBC que ambos estavam “fora de linha”, mas que a UE estava se comportando pior e poderia enfrentar tarifas “muito em breve”.
“Eles não aceitam nossos carros, não aceitam nossos produtos agrícolas, praticamente não aceitam nada, e nós aceitamos tudo deles. Milhões de carros, enormes quantidades de alimentos e produtos agrícolas”, comentou ao chegar a Maryland. Ele afirmou que não há um cronograma para a imposição das tarifas, mas que elas seriam aplicadas “muito em breve”.
Quanto ao Reino Unido, com quem os EUA têm uma relação comercial mais complexa, o presidente disse acreditar que ainda é possível fechar um acordo.
“O Reino Unido está fora de linha. Mas esse, eu acho, podemos resolver”, disse Trump, acrescentando que está “se dando muito bem” com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Trump há muito tempo acusa alguns dos maiores parceiros comerciais dos EUA de explorar o país, citando déficits comerciais persistentes. Ele considera as tarifas uma forma de corrigir esse desequilíbrio, argumentando que a medida impulsionará empregos e o crescimento nos EUA.
Críticos alertam que essas tarifas também prejudicarão os cidadãos americanos, já que os custos serão repassados aos consumidores.
A UE é vista como o próximo alvo das tarifas de Trump, já que é o maior bloco a manter comércio com os EUA e frequentemente recebe críticas pelo seu superávit comercial com o país.
Dados da Comissão Europeia mostram que, em 2023, a UE teve um superávit de 155,8 bilhões de euros (US$ 159,6 bilhões) com os EUA em bens, mas registrou um déficit de 104 bilhões de euros em serviços.
Máquinas e veículos representam a maior parte das exportações da UE para os EUA, seguidos por produtos químicos, outros bens manufaturados e produtos medicinais e farmacêuticos.
No domingo, Trump classificou o déficit comercial dos EUA com a UE como uma “atrocidade”, repetindo suas alegações anteriores de que o bloco “se aproveitou” da relação com os EUA.
“Posso dizer isso, porque eles realmente se aproveitaram de nós. E, veja, temos um déficit de mais de US$ 300 bilhões. Não diria que há um cronograma [para as tarifas], mas será muito em breve”, afirmou Trump.
Autoridades da UE já sugeriram anteriormente que o bloco poderia responder às tarifas dos EUA de forma “proporcional”. No domingo, a Comissão Europeia reafirmou que responderia “com firmeza”.
“Medidas tarifárias generalizadas aumentam os custos para as empresas, prejudicam trabalhadores e consumidores. Tarifas criam uma perturbação econômica desnecessária e impulsionam a inflação. Elas prejudicam todos os lados”, disse um porta-voz da Comissão Europeia em um comunicado.
“No momento, não temos conhecimento de novas tarifas impostas a produtos da UE. Nossa relação comercial e de investimentos com os EUA é a maior do mundo. Há muito em jogo. Deveríamos estar focados em fortalecer essa relação”, acrescentou o porta-voz.
A posição aparentemente mais branda de Washington em relação ao Reino Unido reflete a relação comercial mais equilibrada entre os dois países e as mudanças frequentes no fluxo de mercadorias.
Segundo dados dos EUA, o país teve um superávit comercial de bens e serviços com o Reino Unido em 2022. Em 2023, o saldo mudou a favor do Reino Unido, conforme indicado pelo Escritório Nacional de Estatísticas britânico.
Os dados mais recentes mostram que o Reino Unido registrou um superávit comercial de £4,5 bilhões (US$ 5,5 bilhões) com os EUA em bens, nos quatro trimestres encerrados no segundo trimestre de 2024.
Economistas já apontaram que a relação comercial mais equilibrada e a “relação especial” entre os dois países podem permitir que o Reino Unido saia relativamente ileso de uma possível guerra comercial.
O governo trabalhista do Reino Unido tem tentado se manter à margem da ofensiva tarifária de Trump. A ministra das Finanças, Rachel Reeves, disse à CNBC no Fórum Econômico Mundial em Davos, no mês passado, que o Reino Unido “não faz parte do problema” dos déficits comerciais persistentes que Trump deseja combater.
Nesta segunda-feira (3), um porta-voz do governo britânico declarou: “Temos uma relação comercial justa e equilibrada, que beneficia ambos os lados do Atlântico”, segundo informações da Reuters. A CNBC solicitou mais comentários ao governo britânico e aguarda resposta.
A ameaça de tarifas deve estar no centro das discussões quando Starmer se reunir com líderes da UE em Bruxelas nesta segunda-feira para discutir a estratégia de defesa da região. É provável que o risco de uma guerra comercial esteja no topo da agenda, já que Reino Unido e UE buscam aprofundar seus laços econômicos e políticos cinco anos após a saída britânica do bloco.
A possibilidade de novas tarifas surge em um momento difícil para a UE, já que tanto a zona do euro quanto o bloco mais amplo enfrentam dificuldades econômicas. Dados divulgados na última quinta-feira mostraram que a economia da zona do euro ficou estagnada no quarto trimestre, enquanto a economia da UE cresceu apenas 0,1% no mesmo período, em relação ao trimestre anterior.
Estrategistas do Deutsche Bank alertaram em uma nota de pesquisa divulgada nesta segunda-feira que qualquer tarifa imposta por Trump à UE representaria um “golpe sério” para a economia da região.
“Se a UE tiver que suportar tarifas de 10%, a análise anterior de nossos economistas sugere que isso poderia reduzir entre 0,5% e 0,9% do PIB, considerando todas as outras variáveis constantes.”
A Europa provavelmente será alvo de medidas impactantes, segundo Holger Schmieding, economista-chefe do Berenberg Bank, mas o bloco pode tentar negociar com Trump.
“Ao aumentar os gastos militares e intensificar a importação de gás natural liquefeito dos EUA, a UE poderá evitar uma escalada na guerra comercial com os EUA. Se isso acontecer, as tensões comerciais vão restringir, mas não impedir, um fortalecimento gradual do crescimento europeu a partir da primavera, após um inverno de estagnação”, disse Schmieding em comentários enviados por e-mail nesta segunda-feira.
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
Mais lidas
Saiba quem foi Leão XIII e como ele inspira o novo papa
Quem é Robert Prevost, o novo papa eleito com o nome de Leão XIV
Ricardo Gondo, presidente da Renault no Brasil: "País precisa de estabilidade"
Itaú Unibanco tem lucro líquido gerencial de R$ 11,128 bi no 1º tri, alta de 13,9% em um ano
Frank Abagnale, o golpista que virou referência em segurança, participa de brincadeira no SAS Innovate 2025