Publicado 25/12/2024 • 16:54
KEY POINTS
Donald Trump durante discurso
Evan Vucci/Associated Press/Estadão Conteúdo
Grandes empresas e seus CEOs estão prometendo milhões de dólares ao comitê que organiza a festa de posse do presidente eleito Donald Trump –trata-se de uma tentativa de aproximação e de ter alguma influência antes do início do governo.
Entre as doações planejadas, destacam-se as seguintes:
Outras contribuições de líderes do setor financeiro também estão em andamento.
Trump teve uma vitória eleitoral expressiva, e prometeu reformular a política econômica dos EUA de forma a beneficiar setores específicos, como o de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, ele tem valorizado encontros presenciais e elogios públicos de executivos de grandes empresas.
“Todo mundo quer ser meu amigo!!!”, disse Trump na quinta-feira na Truth Social, sua rede social.
Muitos desses executivos já visitaram ou têm planos para visitar Mar-a-Lago, o resort de Trump na Flórida, que funciona como sede de transição, na busca por influência e acesso à nova administração.
Para esses líderes, o comitê da festa de posse de Trump é uma oportunidade única, afirma Brendan Glavin, diretor de pesquisas do OpenSecrets, uma organização que monitora o financiamento político.
Os comitês de posse, criados pelos presidentes eleitos, organizam e financiam as cerimônias que marcam a transição de poder entre administrações.
As doações beneficiem um político (no caso, o eleito), mas não têm o mesmo peso de uma doação de campanha, que financia atividades partidárias. Além disso, não há limites para quanto indivíduos, corporações ou sindicatos podem doar a esses comitês.
E como Trump já venceu a eleição, essas contribuições não são arriscadas como o apoio a um candidato derrotado, o que seria prejudicial para executivos. “É uma grande oportunidade para conquistar o favor da nova administração”, disse Glavin.
Apesar de não ser novidade que grandes corporações contribuam generosamente com comitês de posse, especialistas apontam que a presença de Trump altera a dinâmica.
“Tudo está mais intenso agora”, afirmou Glavin. “Nenhuma dessas pessoas quer ser o alvo de Trump durante quatro anos.”
A festa de posse de Barack Obama em 2009 arrecadou US$ 53 milhões (R$ 323 milhões).
Michael Beckel, diretor de pesquisa do grupo de reforma política Issue One, disse: “Um dos ditados mais antigos em Washington é que, se você não estiver na mesa, está no cardápio. E o preço para ter um lugar na mesa só aumenta.”
O aumento no financiamento do segundo comitê de posse de Trump é, em parte, impulsionado por gigantes da tecnologia, muitos dos quais evitaram apoiar sua primeira posse.
Na posse de 2017, apenas Robert Parsons, fundador da GoDaddy.com, fez uma doação significativa de US$ 1 milhão, enquanto poucos líderes do setor de tecnologia participaram.
Trump, na época, entrou em conflito aberto com alguns deles, como Zuckerberg e Bezos, que também é dono do Washington Post, um dos alvos frequentes do presidente eleito.
Mas a situação é diferente desta vez. Com Trump prometendo eliminar regulamentações federais, mas mantendo críticas de que as grandes empresas de tecnologia sufocam a concorrência, os líderes da indústria têm mais motivos do que nunca para estreitar laços com a Casa Branca.
O novo tom amigável de Trump com o setor de tecnologia é evidente, especialmente em sua relação crescente com Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX. Musk já gastou mais de US$ 250 milhões (R$ 1,5 bilhão) para ajudar na eleição de Trump.
Musk tem aparecido ao lado de Trump antes e depois da vitória eleitoral e, segundo relatos, está envolvido em todos os aspectos do planejamento de transição. Ele e o empreendedor Vivek Ramaswamy foram designados para liderar um grupo consultivo focado em cortar custos do governo.
Sam Altman, CEO da OpenAI, também fez uma doação de US$ 1 milhão ao comitê de posse e elogiou Trump recentemente. “O presidente Trump liderará nosso país na era da inteligência artificial, e estou ansioso para apoiar seus esforços para manter os EUA à frente”, declarou Altman.
Craig Holman, lobista do grupo progressista Public Citizen, comentou que muitos executivos “temem que Trump tome represálias contra eles”. “Então, estão jogando dinheiro aos seus pés para conquistar favores”, afirmou Holman.
Após a eleição, Trump anunciou a criação do “Trump Vance Inaugural Committee, Inc.”, uma entidade sem fins lucrativos. O comitê é co-presidido pelo investidor imobiliário Steve Witkoff e pela ex-senadora republicana Kelly Loeffler, escolhida por Trump para liderar a Administração de Pequenas Empresas.
Reince Priebus, ex-chefe de gabinete de Trump, foi nomeado como presidente financeiro do comitê, de acordo com uma postagem na rede X.
Os comitês de posse são obrigados a divulgar os nomes de doadores que contribuem com US$ 200 ou mais, mas as informações só precisam ser apresentadas 90 dias após a posse.
Na posse de 2017, a expectativa era que o comitê de Trump tivesse dezenas de milhões de dólares sobrando após pagar pelos eventos. No entanto, anos depois, ainda há dúvidas sobre o destino de parte dos recursos.
Registros federais mostram que cerca de um quarto do valor arrecadado — US$ 26 milhões (R$ 160 milhões) — foi pago a uma empresa criada por uma conselheira da então primeira-dama, Melania Trump.
“Quando analisamos o histórico de financiamento de posses, fica claro que o dinheiro vem de grandes doadores, interesses corporativos e pessoas ricas que quase sempre têm negócios pendentes com o governo federal. Isso é um verdadeiro pântano de compra de favores”, afirmou Holman, do Public Citizen.
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