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Tarifas do Trump

Senadores dos EUA acusam Trump de tentar interferir no Judiciário brasileiro por meio de ameaça comercial

Publicado 29/07/2025 • 14:24 | Atualizado há 2 dias

Giovanni Porfírio, do Times Brasil

KEY POINTS

  • Quatro senadores norte-americanos divulgaram uma carta oficial nesta terça-feira (29) endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual expressam preocupação com a ameaça de tarifas comerciais contra o Brasil.
  • Segundo os parlamentares, a medida seria um instrumento de pressão para que o governo brasileiro interrompa processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • Os senadores alertam para o possível fortalecimento da influência chinesa na região em decorrência do conflito comercial.

Quatro senadores norte-americanos divulgaram uma carta oficial nesta terça-feira (29) endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual expressam preocupação com a ameaça de tarifas comerciais contra o Brasil.

Segundo os parlamentares, a medida seria um instrumento de pressão para que o governo brasileiro interrompa processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Os senadores Tim Kaine, Jeanne Shaheen, Adam B. Schiff e Richard J. Durbin alegam que a iniciativa representaria um abuso de poder por parte do Executivo norte-americano e colocaria em risco empregos, empresas e interesses estratégicos dos Estados Unidos na América Latina. Eles também alertam para o possível fortalecimento da influência chinesa na região em decorrência do conflito comercial.

Leia a seguir a carta na íntegra:

Ao Honorável Donald J. Trump
Presidente
A Casa Branca
1600 Pennsylvania Ave. NW
Washington, D.C. 20500

Prezado Presidente Trump,

Escrevemos para expressar sérias preocupações sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça de tarifas por parte de sua Administração claramente não tem esse objetivo. Tampouco se trata de um déficit comercial bilateral, já que os EUA tiveram um superávit de US$ 7,4 bilhões no comércio de bens com o Brasil em 2024 e não registram déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Na verdade — como o senhor afirma explicitamente em sua carta ao Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva — a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem ao Representante de Comércio dos EUA para iniciar uma investigação sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 têm como principal objetivo forçar o sistema judiciário independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O Sr. Bolsonaro é um cidadão brasileiro sendo processado em tribunais brasileiros por supostas ações sob jurisdição local. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de tramar um golpe de Estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses procedimentos em nome de um amigo é um grave uso indevido de poder, enfraquece a influência americana no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. O anúncio de sua Administração em 18 de julho de 2025, sobre sanções de visto contra autoridades do judiciário brasileiro envolvidas no caso do Sr. Bolsonaro, indica — mais uma vez — a disposição de sua Administração em priorizar sua agenda pessoal acima dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para famílias e empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre EUA e Brasil sustenta cerca de 130 mil empregos nos Estados Unidos, que são colocados em risco com ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e o senhor prometeu retaliar da mesma forma — o que significa que os exportadores americanos sofrerão, e os impostos sobre importações para os americanos subirão além dos 50% ameaçados.

Uma guerra comercial com o Brasil também contribuirá para aproximar o Brasil da República Popular da China (RPC), justamente em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais e ligadas ao Estado chinês estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo diversos projetos portuários em andamento, e recentemente o China State Railway Group firmou um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar um projeto de ferrovia transcontinental.

Essas considerações não se limitam ao Brasil. Em toda a América Latina, a RPC está trabalhando para ampliar sua influência por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota. Estamos preocupados que suas ações para enfraquecer um sistema judiciário independente apenas aumentarão o ceticismo quanto à influência americana na região e darão mais credibilidade aos oficiais chineses e empresas estatais para promoverem sua agenda. A mesma tendência também ocorre no Leste e Sudeste Asiático.

Os principais objetivos dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o enfrentamento da influência da RPC. Instamos o senhor a reconsiderar suas ações e priorizar os interesses econômicos dos americanos que desejam previsibilidade, não outra guerra comercial.

Atenciosamente,
Tim Kaine – Senador dos Estados Unidos
Jeanne Shaheen – Senadora dos Estados Unidos
Adam B. Schiff – Senador dos Estados Unidos
Richard J. Durbin – Senador dos Estados Unidos

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