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Montadoras chinesas correm para substituir chips da Nvidia com tecnologia própria
Publicado 06/08/2025 • 09:56 | Atualizado há 3 dias
Publicado 06/08/2025 • 09:56 | Atualizado há 3 dias
KEY POINTS
Divulgação/BYD
Diante da possibilidade de novas restrições dos Estados Unidos à exportação de semicondutores, montadoras e fabricantes de chips da China estão acelerando o desenvolvimento de soluções próprias para substituir tecnologias de empresas estrangeiras, como a Nvidia. A iniciativa é para garantir o avanço de sistemas de direção autônoma e outros recursos embarcados em veículos inteligentes, segundo apuração da agência de notícias Nikkei.
Marcas emergentes como Xpeng e Nio, que utilizavam chips da Nvidia, passaram a adotar semicondutores desenvolvidos internamente. A Xpeng equipou seu novo modelo com o chip Turing, enquanto a Nio incorporou o Shenji NX9031. A agência Nikkei apurou que essas decisões fazem parte de um movimento maior, alinhado à meta de Pequim de atingir 100% de autossuficiência em chips automotivos.
Fabricantes locais como Horizon Robotics, HiSilicon (Huawei), Black Sesame, SemiDrive e Siengine Technology estão ganhando espaço como fornecedores de soluções de direção inteligente para um número crescente de montadoras domésticas. Estima-se que pelo menos dez empresas chinesas tenham colocado o mercado automotivo como prioridade em seus planos de desenvolvimento.
Empresas como a XLMEC, especializada em microcontroladores e chips de gerenciamento de energia, e a United Nova Technology, que atua com componentes de controle de potência, também estão entre as candidatas a preencher a lacuna deixada por fornecedores estrangeiros. Já a CanSemi Technology, com investimentos da GAC Motor, aposta na produção local de chips de nível automotivo.
A SMIC, maior fabricante de chips sob contrato da China, vem ampliando sua presença no setor. Hoje, chips para automóveis e aplicações industriais já representam 10% de sua receita — frente a menos de 3% em 2020. A concorrente Hua Hong Semiconductor também está expandindo sua capacidade fabril em Wuxi para atender essa demanda crescente.
Paralelamente, montadoras como BYD, GAC, FAW, Great Wall e Geely têm investido diretamente no desenvolvimento, fabricação e empacotamento de chips. A estimativa do BofA Global Research é que os chips locais respondiam por 9% da oferta em 2024, podendo chegar a 20% em 2025. Com a adoção de chips internos pelas próprias montadoras, esse percentual pode alcançar 50% em cinco anos.
Apesar de os chips chineses ainda apresentarem limitações na integração com sistemas de terceiros — algo que a Nvidia domina —, muitas empresas estão dispostas a priorizar o custo-benefício. Em modelos de entrada, o desempenho um pouco inferior tende a ser compensado pela redução de custos.
A Horizon Robotics, por exemplo, já fornece chips e software de direção autônoma para mais de 40 marcas, incluindo BYD, Geely e Li Auto, cobrindo mais de 310 modelos. Seus semicondutores são projetados internamente e fabricados pela TSMC. Modelos mais simples usam chips da Horizon, enquanto os mais sofisticados mantêm o uso da Nvidia.
Segundo uma fonte do setor ouvida pela Nikkei Asia, os chips da Horizon já atingem desempenho próximo ao da Nvidia, com custo inferior e consumo energético competitivo. A empresa liderou o mercado de soluções para veículos inteligentes de nível 0 a 2 em 2024, com 33,97% de participação, à frente da Mobileye (20,35%) e da Nvidia (14,71%).
A SemiDrive, de Pequim, informou que passará a produzir em massa chips de 4 nanômetros em 2026. A Siengine, subsidiária da Geely, já colocou em produção um chip de 7 nm capaz de realizar até 512 trilhões de operações por segundo (TOPS), o dobro da capacidade do Orin X da Nvidia.
A guerra tecnológica entre China e EUA tem afetado o fornecimento de chips avançados. Desde 2023, empresas como TSMC e Samsung estão proibidas de vender semicondutores de 7 nm ou mais avançados com aplicação em inteligência artificial à China, o que levou as fabricantes chinesas a buscarem soluções internas, inclusive para IPs e empacotamento.
Segundo a consultoria Gaogong Intelligent Automobile, a rápida digitalização dos veículos chineses abriu espaço para novas empresas como Black Sesame e ECarX, além da própria Horizon. Essas startups têm se beneficiado do crescimento de recursos digitais, especialmente no segmento popular.
Apesar do avanço, ainda há desafios. A China já domina a produção de chips de potência e sensores, mas ainda enfrenta gargalos em tecnologias mais sofisticadas, como os chips de cockpit inteligente e os de direção autônoma. Projeções da IBS indicam que a autossuficiência em microcontroladores (MCUs) deve saltar de 19% em 2024 para 67% até 2030.
O país também deve atingir 74% de produção interna de chips de carbeto de silício para controle de energia, usados em veículos elétricos. Esses avanços são impulsionados por empresas como a divisão de semicondutores da BYD, que já produz chips de alta performance para recarga rápida de carros elétricos.
Para o estrategista Eugene Hsiao, da Macquarie Capital, a China já domina toda a cadeia dos chips de tecnologia madura usados em carros e está aproveitando a eletrificação como alavanca para entrar também nos segmentos mais avançados.
A tendência é clara: quanto mais restrições dos EUA, mais acelerado será o movimento chinês por independência tecnológica.
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