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Tarifas do Trump

Apesar do tarifaço, real lidera valorização global ante o dólar no último mês; economistas analisam cenário

Publicado 14/08/2025 • 09:51 | Atualizado há 1 hora

Allan Ravagnani, da Redação

KEY POINTS

  • Real valorizou 3,7% ante o dólar entre 13 de julho e 13 de agosto.
  • Expectativa de corte de juros nos EUA e diferencial de juros com Brasil sustentam valorização.
  • Investidores se antecipam a cenário político e capital especulativo favorece moeda brasileira.
Imagem de notas de reais.

Pixabay.

Imagem de notas de reais.

Mesmo após o anúncio (em 9 de julho) e a entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump (6 de agosto), que colocou o Brasil como o país mais tarifado do mundo, o real foi a moeda que mais se valorizou frente ao dólar nos últimos 30 dias.

Entre 13 de julho e 13 de agosto, a moeda brasileira subiu 3,7% em relação à americana, desempenho superior ao de moedas como o rand sul-africano (1,8%), o forint húngaro (1,3%) e o peso chileno (1,2%). Apenas outras quatro moedas tiveram variação positiva no período — libra esterlina (0,5%), peso mexicano (0,8%), zloty polonês (0,1%) e o euro (0,1%) —, todas com ganhos próximos de zero.

Considerando apenas os últimos cinco dias, o real manteve a liderança na valorização. No mesmo intervalo, o peso argentino e a rúpia indiana caíram 3% e 2%, respectivamente.

Para Silvio Campos Neto, sócio e economista sênior da Tendências Consultoria, o movimento não é isolado do Brasil. “A nossa taxa de câmbio está acompanhando uma desvalorização global do dólar, não apenas pela expectativa de corte dos juros nos Estados Unidos, reforçada por dados mais fracos do mercado de trabalho, mas também pelos abalos institucionais conduzidos pelo governo Trump, que aumentaram a percepção de risco sobre os EUA”, disse.

O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas estrangeiras, acumula queda de 20% desde o início do ano.

Silvio Campos acrescenta que os ataques de Trump ao Federal Reserve, especialmente ao presidente Jerome Powell, geram receio de um banco central mais leniente a partir da troca de comando em maio de 2026. “Há o temor de que seja escolhido um presidente que simplesmente sancione demandas por reduções voluntaristas de juros, o que preocupa os mercados”, afirmou.

Para João Piccioni, CIO da Empiricus, o cenário atual reflete uma mudança no apetite global por risco. “O mercado global demonstra, no momento, uma propensão significativa ao risco. Observando a dinâmica dos fluxos de capitais, com investidores globais buscando alternativas de investimento fora dos Estados Unidos, percebemos um enfraquecimento do dólar. Esse movimento está menos relacionado a estresse ou incertezas e mais conectado à busca por diversificação de carteiras globais”, avaliou.

Piccioni reforça que o dólar segue sendo a moeda central das transações internacionais, mas o direcionamento de recursos para outras economias, inclusive emergentes como o Brasil, impulsiona moedas locais. “No Brasil, a taxa Selic elevada incentiva investidores a manterem recursos em ativos domésticos, aproveitando o diferencial cambial. Isso ajuda a explicar parte da retração do dólar desde o início do ano”, disse, acrescentando que o impacto do tarifaço e a condução da política fiscal devem ser acompanhados de perto, especialmente em um ano pré-eleitoral.

Já para Luciana Chalela, doutora em mercados financeiros e finanças corporativas pela EAESP-FGV, a conjuntura internacional reforça o movimento de valorização do real. “O dólar está no menor patamar dos últimos 14 meses, influenciado por dados de inflação dos EUA abaixo do esperado. O mercado já precifica cortes de juros a partir de setembro, apostando em dois a três cortes até o fim do ano, o que tende a enfraquecer o dólar globalmente”, disse.

Luciana observa que o Brasil mantém taxa de juros de 15% sem perspectiva de cortes no curto prazo, ampliando o diferencial de juros — ou carry trade — frente a outros países. “Isso atrai investidores com apetite para risco e em busca de retornos mais elevados”, explicou. Sobre o impacto do tarifaço, ela ressalta que, apesar de ser a maior tarifa imposta em termos relativos, a isenção de muitos itens limitou o efeito imediato. “A medida afetou 35,9% do valor total exportado, embora algumas regiões fora da isenção sintam mais, já que esse percentual representa US$ 14,5 bilhões em produtos exportados”, completou.

Para Jefferson Rugik, sócio da Correparti, o diferencial de juros também sustenta o real. “O dólar está se desvalorizando globalmente com a forte possibilidade de um ciclo de cortes dos juros americanos já em setembro, e o real está se beneficiando do diferencial de juros entre os Estados Unidos e o Brasil, que pode trazer capital especulativo para o país”, disse.

Alexandre Viotto, chefe de banking da EQI Investimentos, destaca que as apostas por cortes de juros pelo Fed já passam de 90%, segundo dados da Bloomberg. “Isso mantém a pressão de baixa sobre o dólar e favorece moedas como o real. Além disso, no mercado futuro de câmbio, vemos investidores se antecipando a um possível cenário político mais pró-mercado no ano que vem, o que também sustenta a valorização da moeda brasileira”, avaliou.

Felipe Corletta, sócio da GTF Capital, aponta que fatores domésticos também influenciaram. “Isso se deveu à queda da inflação e à postura ainda dura do Banco Central em manter a Selic alta”, disse.

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