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Como a força dos carros elétricos chineses está mudando o mercado automotivo global

Publicado 28/08/2025 • 08:00 | Atualizado há 1 hora

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • A revolução dos veículos elétricos na China está causando um verdadeiro rebuliço no mundo todo.
  • O rápido crescimento do setor automotivo chinês é resultado de subsídios, incentivos fiscais e investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento.
  • Rella Suskin, analista de ações da Morningstar, afirma que a competitividade dos carros elétricos chineses em várias partes do mundo ainda está só começando.

Funcionários da montadora chinesa de veículos elétricos NIO inspecionam carros na área final de controle de qualidade, na linha de produção automatizada da fábrica da empresa, em 17 de janeiro de 2025, em Hefei, China.

A velocidade e a dimensão da revolução dos carros elétricos no país pegaram o mundo de surpresa, e especialistas afirmam que essa tendência está longe de perder força.

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Elon Musk, CEO da Tesla, foi um dos que subestimaram o potencial das fabricantes chinesas de veículos elétricos. Em 2011, Musk chegou a zombar da BYD durante uma entrevista à Bloomberg.

“Você já viu o carro deles?”, disse Musk. “Acho que não é nada atraente, a tecnologia deles não é grande coisa. E a BYD enfrenta problemas sérios no próprio mercado chinês. Acho que eles têm mais é que se preocupar em não sumir na China.”

Concessionária da BYD em Florianópolis, Santa Catarina
Divulgação/BYD

Ascensão da BYD e outras fabricantes chinesas

Parece que quem riu por último foi a BYD. A empresa liderou a ofensiva dos carros elétricos na China, ampliando rapidamente seu mercado interno e ultrapassando a Tesla como maior fabricante mundial em receita, em 2024.

Startups chinesas como a Nio e a Li Auto, junto com montadoras tradicionais como a Geely e a SAIC Motor, também figuram entre as principais fabricantes do setor. Já a gigante das baterias CATL tem papel central ao fornecer energia para esses veículos.

Henner Lehne, vice-presidente de inteligência competitiva, análise de mercado e previsões da S&P Global Mobility, afirmou que a indústria chinesa de carros elétricos virou “uma força de peso” na transformação do mercado automotivo mundial.

“Até poucos anos atrás, as montadoras chinesas não eram vistas como concorrentes de verdade das gigantes globais. Mas isso mudou rapidinho em questão de poucos anos”, disse Lehne ao canal CNBC por e-mail.

“Só a BYD cresceu cerca de 1 milhão de unidades por ano nos últimos três anos, tirando o sorriso do rosto de muitos gerentes de produto das marcas tradicionais. E essa concorrência não fica só na China”, concluiu.

Pixabay

Pressão no mundo inteiro

Em 2023, a China ultrapassou o Japão e se tornou o maior exportador de veículos do planeta. As vendas internas também bateram recorde: foram 31,4 milhões de veículos vendidos no ano, com os carros elétricos representando cerca de 41% de toda a produção.

O crescimento do setor automotivo chinês se deve a subsídios, incentivos fiscais e, entre 2009 e 2023, cerca de US$ 230 bilhões (R$ 1,25 trilhão) investidos no desenvolvimento de veículos elétricos. Outros fatores citados por analistas incluem o custo do trabalho mais baixo, o yuan desvalorizado, inovações tecnológicas e uma cadeia de suprimentos de baterias robusta, considerados pontos fortes de Pequim.

Essa ascensão fez com que mercados ocidentais passassem a observar com mais rigor as práticas chinesas, levantando suspeitas de concorrência desleal. Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia já impuseram tarifas extras sobre veículos elétricos chineses para proteger suas marcas tradicionais.

Michael Dunne, CEO da Dunne Insights e pesquisador do mercado automotivo chinês, acredita que a China deve consolidar sua liderança na fabricação de veículos, “assim como já fez com painéis solares, construção naval, drones e aço nos últimos anos”.

Para 2030, Dunne disse à CNBC que espera que a China produza 36 milhões de veículos por ano, ou quatro de cada dez carros fabricados no mundo. Ele também prevê que Pequim exporte cerca de 9 milhões de veículos por ano, bem acima do 1 milhão de 2020.

“Países com indústrias menores, como Tailândia, África do Sul e Espanha, já estão sentindo a pressão das importações chinesas”, afirmou Dunne à CNBC por e-mail.

Expansão internacional e desafios internos

No Reino Unido, as vendas de carros elétricos chineses dispararam. Só em junho, marcas do país representaram cerca de 10% de todos os carros novos vendidos, um salto em comparação com anos anteriores.

Na Noruega, um dos mercados mais favoráveis aos elétricos, as marcas chinesas também avançaram rapidamente. Desde a chegada do primeiro carro da MG ao país, em janeiro de 2020, elas já alcançaram, juntas, cerca de 10% de participação.

Rella Suskin, analista da Morningstar, destacou que a competitividade dos veículos chineses em várias regiões do mundo está apenas começando. “O mercado chinês está tão saturado que eles precisam buscar novos mercados. E agora estamos só começando a ver as exportações para o resto do mundo. Ainda nem vimos o verdadeiro início disso”, disse Suskin à CNBC.

Nesse contexto, em 2024, pela primeira vez, a indústria chinesa de veículos elétricos investiu mais em fábricas fora do país do que em território nacional.

Por outro lado, dentro da própria China, o cenário não é tão animador. Analistas disseram à CNBC que esperam uma “limpeza” no setor em breve, já que muitas startups estão enfrentando dificuldades para lucrar em um mercado cada vez mais concorrido.

Qual pode ser a resposta da europa?

Sigrid de Vries, diretora-geral da Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA), grupo de lobby do setor, descreveu a China como uma “concorrente de peso” no mercado global.

“Acho que nós, da indústria automotiva europeia, também temos tradição de sermos grandes competidores. Então, de jeito nenhum eu descartaria as marcas europeias, japonesas, coreanas ou americanas nessa disputa.”

A ACEA representa 16 fabricantes europeias, como Volkswagen, BMW, Stellantis, Renault e Volvo. A entidade costuma pedir que a União Europeia adote medidas para garantir a competitividade do bloco na corrida pela eletrificação dos carros.

Para ajudar as montadoras europeias a enfrentar o avanço chinês, de Vries afirmou que equilibrar as regras do jogo faria bastante diferença. “Temos que entender que parte desse equilíbrio, falando da União Europeia, pode ser alcançado com condições próprias. O que pesa é o excesso de burocracia, que aumenta custos e trava a inovação, em vez de estimular o espírito empreendedor.”

Ela acrescentou que, embora a Europa não consiga influenciar muito a China ou os Estados Unidos, o bloco pode ajustar suas próprias regras para “criar o melhor ambiente possível para quem quer investir e produzir aqui”.

A Comissão Europeia, braço executivo da UE, não respondeu ao pedido de comentário da CNBC.

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