Alibaba lidera investimento de US$ 100 milhões em startup chinesa de robôs humanoides

PEQUIM — À medida que a corrida por robôs domésticos esquenta, a startup chinesa de humanoides X Square Robot anunciou nesta segunda-feira (8) que garantiu cerca de US$ 100 milhões em uma rodada de financiamento liderada pela Alibaba Cloud.

Segundo a diretora de operações, Yang Qian, esta foi a oitava rodada de captação da startup, sediada em Shenzhen, desde sua fundação em dezembro de 2023 — há menos de dois anos. Ela disse à CNBC que o novo aporte eleva o investimento total na X Square Robot para cerca de 2 bilhões de yuans (US$ 280 milhões).

A rodada também contou com a participação da HongShan (antiga Sequoia Capital China), além de Meituan, Legend Star, Legend Capital e INCE Capital. A startup preferiu não comentar sua avaliação de mercado.

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Investidores de capital de risco têm direcionado recursos para robôs humanoides diante da expectativa de que sua integração com a inteligência artificial generativa transformará a forma como máquinas interagem com seres humanos.

“Agora precisamos de robôs capazes de operar e executar tarefas complexas de forma autônoma”, disse Yang em mandarim, com tradução da CNBC. Ela destacou que, após décadas de tentativas de desenvolver robôs que em sua maioria conseguiam apenas realizar tarefas limitadas, como pegar objetos, a indústria percebeu que a inteligência artificial é necessária para ampliar essas capacidades.

A X Square Robot também anunciou nesta segunda-feira o lançamento de um “modelo fundamental de código aberto para IA incorporada”, chamado Wall-OSS.

Código aberto significa que desenvolvedores e o público em geral podem acessar o código-base e utilizá-lo gratuitamente. IA incorporada se refere ao uso da tecnologia em integração com hardware, como robôs ou veículos autônomos.

Segundo a empresa, esta foi a primeira vez que um modelo de IA do tipo, dedicado à robótica, foi disponibilizado em código aberto — e a expectativa é que “mordomos robóticos” se tornem realidade em até cinco anos. A CNBC, no entanto, não conseguiu verificar a afirmação.

Yang reconheceu que a inteligência artificial aplicada a robôs ainda está atrás dos avanços da IA generativa usada em bate-papo ou geração de código. Ela avalia que a tecnologia para robôs não atingirá capacidades comparáveis ao ChatGPT 3.5 antes de, pelo menos, 12 meses. Também ressaltou que a chamada “IA incorporada” ainda não possui métricas claras que permitam medir seu progresso relativo.

Embora a startup utilize chips da Nvidia para processamento, Yang disse que outras funções exigem apenas chips automotivos menos potentes, que podem ser obtidos no mercado doméstico.

O ChatGPT 3.5 foi o modelo de chatbot lançado em novembro de 2022 pela norte-americana OpenAI, que transformou as expectativas de negócios sobre o potencial da IA. Empresas chinesas só lançaram um concorrente viável neste ano, com o modelo de código aberto DeepSeek R1. Analistas avaliam que a China está no caminho para conquistar uma vantagem global em aplicações de IA, incluindo robótica.

Além do software de código aberto, a X Square Robot lançou nesta segunda-feira seu robô Quanta X2, que pode acoplar mopas para limpeza em 360 graus e possui mãos capazes de perceber mudanças sutis de pressão, um passo em direção a funcionalidades mais próximas das humanas.

A startup afirmou que ainda não possui um produto pronto para o mercado de massa e que os preços variam de acordo com a aplicação do robô. Segundo a consultoria Humanoid Guide, o valor de referência do humanoide é de US$ 80 mil.

Atualmente, a rival Unitree comercializa um humanoide por US$ 16 mil, embora não esteja claro o nível de sofisticação de suas funções.

Yang disse que a empresa planeja se preparar para uma oferta pública inicial (IPO) no próximo ano, mas ainda não definiu em qual mercado fará a listagem. Ela destacou que a X Square Robot já gera receita com vendas para escolas, hotéis e casas de repouso, e espera ampliar esse faturamento em 2026.

A executiva acrescentou que a startup já mantém conversas com clientes no Japão e em Cingapura. No entanto, para que os robôs realmente cheguem ao mercado consumidor, o preço precisa cair para cerca de US$ 10 mil — algo que, segundo Yang, pode ser alcançado em três a cinco anos, principalmente por meio da redução nos custos de hardware.

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