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PIB da construção cresce 4,1% em 2024, mas setor prevê desafios em 2025 com alta da Selic

Publicado 16/12/2024 • 21:32

Estadão Conteúdo

KEY POINTS

  • A CBIC revisou para cima, pela quarta vez consecutiva, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto da construção civil em 2024.
  • A projeção inicial de 1,3% passou para 4,1%, impulsionada pelo dinamismo da economia.
  • Apesar dos resultados positivos em 2024, o presidente da CBIC, Renato Correia, alerta para uma possível desaceleração em 2025, especialmente no mercado imobiliário de médio padrão.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou para cima, pela quarta vez consecutiva, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil em 2024.

A projeção inicial de 1,3% passou para 4,1%, impulsionada pelo dinamismo da economia, aquecimento do mercado imobiliário e investimentos públicos.

No entanto, o cenário para 2025 preocupa o setor, especialmente no mercado de médio padrão, devido à elevação da taxa básica de juros (Selic).

Crescimento acima do esperado

De acordo com a CBIC, o bom desempenho da construção civil foi impulsionado por fatores como:

  • Aquecimento do mercado imobiliário: nos primeiros nove meses do ano, os lançamentos somaram 259.863 unidades (+17,3%), enquanto as vendas totalizaram 292.557 unidades (+19,7%), indicando uma demanda maior que a oferta.
  • Geração de empregos: o setor criou 230,8 mil novas vagas entre janeiro e outubro, elevando o total de trabalhadores na construção para 2,978 milhões, próximo ao recorde histórico de 2014.
  • Crescimento na produção de materiais: a produção avançou 5,3% no ano, impulsionada por pequenas obras e reformas.
  • Investimentos públicos: obras associadas às eleições municipais também contribuíram para o aumento dos números.

“O desempenho da construção neste ano surpreendeu positivamente, refletindo o fortalecimento da economia e a expansão de programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV)”, afirmou Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.

Projeções para 2025: menos lançamentos no setor de classe média

Apesar dos resultados positivos em 2024, o presidente da CBIC, Renato Correia, alerta para uma possível desaceleração em 2025, especialmente no mercado imobiliário de médio padrão (imóveis acima de R$ 350 mil).

A principal preocupação é a alta da Selic, que já está em 12,25% ao ano e deve chegar a 14,25% no início de 2025, segundo sinalização do Banco Central. Os financiamentos para esse segmento dependem de recursos da poupança (SBPE), que estão escassos, forçando os bancos a recorrer a fontes mais caras, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

Correia explica que o custo financeiro elevado limita novos projetos:

“A alta da Selic é muito rápida e impacta diretamente o investimento em habitação e infraestrutura. Muitos empresários vão aguardar uma estabilização para retomar os lançamentos.”

Impacto da Selic na construção

A elevação dos juros reduz a margem das empresas, que enfrentam dificuldades para financiar obras fora do FGTS e do SBPE. Ao mesmo tempo, os bancos têm priorizado a liberação de crédito para a compra de imóveis pela pessoa física, em vez de financiamentos diretos às construtoras.

Com isso, a expectativa da CBIC é que o setor de classe média registre queda nos lançamentos em 2025, enquanto a demanda deve continuar aquecida no segmento popular, impulsionado pelo programa Minha Casa Minha Vida.

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