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Como o “Careca do INSS” usava 22 empresas para garantir esquema de fraudes bilionárias

Publicado 12/09/2025 • 12:55 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, teria movimentado mais de R$ 53 milhões por meio da Prospect Consultoria e SPEs.
  • Associações de fachada cadastravam aposentados sem autorização e repassavam valores a consultorias, servidores e familiares ligados ao INSS.
  • AGU e CGU conseguiram bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens de entidades e empresas envolvidas; prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões.

As investigações da Polícia Federal sobre os descontos irregulares que desviaram valores de aposentados e pensionistas em todo o país durante seis anos revelaram como empresas participavam do esquema – algumas já existentes, outras criadas especificamente para o golpe.

A Operação Cambota, deflagrada na manhã de sexta-feira (12) pela PF, cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, em São Paulo e no Distrito Federal. Um dos presos foi o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, detido em Brasília. Ele é apontado pela PF como o principal operador do esquema.

Como o esquema operava

Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), associações criadas de forma irregular cadastravam aposentados sem autorização, utilizando assinaturas falsas. Descontos mensais eram inseridos diretamente nos contracheques, muitas vezes sem o conhecimento dos beneficiários.

Os valores seguiam para consultorias ligadas a lobistas e empresários, como a Prospect Consultoria, do “Careca”. Parte do dinheiro era repassada a servidores do INSS e a familiares de dirigentes do órgão.

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Atuação de Camilo Antunes, o ‘Careca do INSS’

Antunes aparece como sócio de 22 empresas, usadas para dar aparência de legalidade às movimentações. Muitas delas foram abertas como Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e apresentavam características repetidas: mesmo endereço, telefone, capital social e até a mesma classificação de atividades (CNAE).

A Prospect Consultoria, aberta em janeiro de 2022, é considerada a principal engrenagem do esquema. Registrada como empresa de consultoria e gestão empresarial, também listava atividades como teleatendimento e até serviços de encadernação.

Entre 2022 e 2024, a Prospect recebeu R$ 31 milhões de seis entidades sob suspeita e repassou R$ 9,3 milhões a pessoas ligadas a dirigentes do INSS.

Apenas entre março e agosto de 2023, o filho de um diretor do Instituto recebeu R$ 1,3 milhão da empresa. Apesar disso, quando a Justiça determinou o bloqueio das contas da Prospect, o Banco Central localizou apenas R$ 24,8 mil disponíveis. A PF afirma que Antunes agia rápido para dificultar o rastreio do dinheiro.

Relatórios ainda apontam que as empresas de Antunes receberam ao todo R$ 53,5 milhões das entidades investigadas. Além disso, ele teria usado uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para blindar parte de seu patrimônio.

organograma detalhado no relatório da Polícia Federal. Divulgação

Outros investigados

O empresário Maurício Camisotti, do setor de seguros e planos de saúde, é apontado como “sócio oculto” da Ambec, associação que teria faturado R$ 178 milhões entre 2019 e 2024. Segundo a PF, ele controlava três entidades que movimentaram mais de R$ 1 bilhão desde 2021, muitas delas comandadas por parentes e funcionários de suas empresas.

O advogado Nelson Willians também foi alvo de busca e apreensão em São Paulo. Fundador de um dos maiores escritórios do país, é investigado por ligação com Camisotti e com a Ambec.

Medidas judiciais

Em maio, a Advocacia-Geral da União (AGU) obteve bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens de empresas e pessoas ligadas ao esquema. A Justiça Federal determinou ainda a quebra de sigilos bancário e fiscal dos investigados entre 2019 e 2025. O prejuízo estimado pode chegar a R$ 6,3 bilhões, segundo a CPMI do INSS.

Entre as entidades citadas pela CGU, PF e AGU estão: Ambec, CBPA, Unaspub, AAPB, AAPPS Universo, AAPEN, Asbrapi, Asabasp, Apbrasil, Cebap/Cebasp, Apdap Prev e CAAP.

O que dizem as defesas

  • Nelson Willians: afirma colaborar integralmente com as autoridades. Diz que sua relação com um dos investigados é estritamente profissional e legal, e que valores mencionados se referem à compra de um terreno vizinho à sua residência. Ressalta que a medida é investigativa e não implica culpa.
  • Maurício Camisotti: afirma que não há motivo para sua prisão, classificando a ação como arbitrária. Sua defesa disse que adotará todas as medidas legais para reverter a prisão e assegurar os direitos do empresário.
  • Antônio Carlos Camilo Antunes: até o fechamento desta reportagem, não havia nota formal de sua defesa.

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