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Brasil aposta em terras raras para enfrentar tarifaço e ganhar peso na disputa geopolítica
Publicado 18/09/2025 • 23:34 | Atualizado há 3 horas
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Publicado 18/09/2025 • 23:34 | Atualizado há 3 horas
KEY POINTS
Terras raras.
Pixabay.
A escalada da tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos pode ter uma saída geopolítica. Especialistas avaliam que o país tem condições de se tornar um ator relevante na cadeia global de terras raras, desde que não se limite à extração, mas também invista no processamento e na transformação dos minérios. Em paralelo, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (18) a urgência de um projeto que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, movimento que reforça a percepção política de que as reservas brasileiras podem servir como ativo de negociação junto ao governo norte-americano.
A decisão de pautar o tema foi tomada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que afirmou a parlamentares ligados ao setor da mineração que o projeto precisa ser tratado como prioridade. A votação da urgência estava prevista para a semana passada, mas foi retirada de pauta a pedido do governo e retomada nesta sessão. Com isso, o texto deve avançar de forma mais rápida no Legislativo.
No Executivo, a discussão também já vinha sendo feita. O governo avalia que os minerais poderiam ser usados como uma carta estratégica para reduzir os impactos do tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a afirmar: “Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Nós podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes na área tecnológica”, disse.
No início de setembro, uma missão empresarial brasileira organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) esteve em Washington para discutir oportunidades estratégicas. Entre os temas apresentados estavam a produção de combustível sintético para aviação, etanol, instalação de data centers e, sobretudo, a exploração de terras raras.
Na ocasião, o assunto chegou a ser tratado como moeda de troca em negociações com autoridades norte-americanas, diante da pressão tarifária. A agenda incluiu encontros na Embaixada do Brasil, reuniões com escritórios de advocacia, grupos de lobby, a US Chamber of Commerce e contatos com membros do governo americano. Nos bastidores, a movimentação da classe empresarial continua.
No plano interno, o Brasil ganhou um novo elemento. A australiana St. George Mining anunciou a descoberta de jazidas em Araxá (MG), região já conhecida pelo potencial mineral. O achado reforça a posição do país como detentor de reservas relevantes de terras raras, com possibilidade de ampliar exportações e atrair investimentos.
Para André Pimenta, coordenador do Instituto de Terras Raras do CIT/SENAI, o Brasil só se consolidará nesse mercado se conseguir ir além da exportação bruta. “A ideia é que o país não apenas extraia o minério, mas faça o beneficiamento e a transformação localmente. Ir da mina ao ímã é o que garante valor agregado e evita a lógica de importar depois o produto acabado”, disse em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.
Pimenta destaca que tanto o nióbio quanto as terras raras são estratégicos para setores como automotivo, construção civil, semicondutores, eletrônicos, equipamentos médicos e defesa. O especialista lembra ainda que o Brasil tem tradição mineradora e universidades que desenvolvem tecnologias de processamento há mais de uma década — o desafio é levar esse conhecimento ao setor industrial.
Esse debate ocorre enquanto a China continua a dominar a produção global. O país responde por 70% da extração e cerca de 90% do processamento das terras raras no mundo, consolidando um monopólio que lhe dá margem para usar os minerais como trunfo em disputas comerciais.
Os ímãs de terras raras são essenciais para veículos elétricos, turbinas eólicas, equipamentos de defesa, data centers e eletrônicos de alta tecnologia — setores em que os Estados Unidos e aliados buscam reduzir a dependência de Pequim.
O exemplo da China pode ser o modelo para o Brasil encontrar uma estratégia para transformar a abundância mineral em poder geopolítico e econômico.
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