O presidente e CEO do Walmart Inc., Doug McMillon, fez uma palestra principal durante a CES 2024, no The Venetian Resort Las Vegas, em 9 de janeiro de 2024, em Las Vegas, Nevada.
Profissionais de todas as áreas precisam estar prontos para se adaptar ao avanço da inteligência artificial no ambiente de trabalho, alerta McMillon, líder do maior empregador privado dos Estados Unidos.
“Está mais do que claro que a inteligência artificial vai mudar, literalmente, todos os empregos”, afirmou McMillon ao The Wall Street Journal, em entrevista publicada na sexta-feira (27). Ele acrescentou: “Talvez exista algum emprego no mundo que a IA não vá afetar, mas eu ainda não pensei em nenhum.”
McMillon se juntou a outros CEOs de peso que, recentemente, anunciaram planos para enxugar suas equipes nos próximos anos à medida que incorporam cada vez mais ferramentas e agentes baseados em IA. Entre eles estão Andy Jassy, da Amazon, e Jim Farley, da Ford. Segundo o WSJ, o Walmart pretende manter congelado o número global de funcionários — atualmente em 2,1 milhões — pelos próximos três anos, mesmo prevendo crescimento na receita, que deve vir justamente da adoção maior da inteligência artificial.
O executivo acredita que os cargos de escritório, principalmente aqueles de “colarinho branco”, serão os primeiros a sentir o impacto, já que o Walmart está investindo em chatbots e outras ferramentas movidas por IA para tarefas como atendimento ao cliente e rastreamento de logística.
No entanto, com o tempo, até mesmo quem trabalha nas lojas e centros de distribuição do Walmart vai perceber a IA assumindo mais funções. Quem permanecer, destaca McMillon, também vai precisar se abrir para as novas tecnologias se quiser continuar relevante, conforme disse em outra entrevista publicada pela Associated Press.
“Acho que ninguém sabe ao certo como isso vai acontecer”, afirmou à AP, reforçando sua expectativa de que “basicamente, todos os empregos vão passar por mudanças”.
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Profissionais precisam estar ‘turbinados’ e se adaptar ao uso de IA no trabalho
A dica de Doug McMillon para quem quer se preparar para a era da inteligência artificial é se familiarizar com as novas ferramentas e tecnologias, buscando ser o mais eficiente e produtivo possível.
“O melhor jeito de pensar sobre isso é ficar ‘turbinado’”, disse ele à AP. “Como posso me destacar no cargo que eu tenho, seja qual for, adotando novas ferramentas, aproveitando tudo que elas oferecem e melhorando o que já existe?”
Com cada vez mais empresas apostando em IA no dia a dia, recrutadores já estão de olho em profissionais com mente aberta e capacidade de se adaptar rápido às mudanças no trabalho.
Usar essas novas ferramentas de IA de forma eficiente já é um grande desafio. Uma pesquisa feita em setembro com 1.150 trabalhadores de escritório nos EUA mostrou que 40% deles receberam o chamado “workslop” — trabalhos gerados por IA que fingem ser produtivos, mas ficam aquém do que um humano faria, exigindo horas de ajustes. Os dados são de um estudo da BetterUp com a Universidade Stanford.
Esse pode ser um dos motivos pelos quais McMillon e outros CEOs insistem tanto na importância, a longo prazo, dos chamados “soft skills” — as habilidades interpessoais. Embora as empresas precisem de pessoas capacitadas para integrar bem a IA em seus processos, os humanos ainda se destacam em áreas como comunicação e pensamento crítico, que continuarão valiosas no futuro, como comentou Matt Garman, CEO da Amazon Web Services, à CNBC.
“Essas habilidades são importantes hoje. E acredito que vão ser tão importantes quanto — ou até mais — daqui pra frente”, disse Garman.
McMillon concorda que os colaboradores trazem competências que o Walmart sempre vai valorizar em várias funções, especialmente no contato direto com o cliente. “Enquanto estivermos atendendo pessoas — e não robôs humanoides com carteira cheia —, vamos priorizar a interação humana”, comentou ao WSJ. “A gente vai continuar colocando gente para atender gente.”
No fim das contas, McMillon acredita que os profissionais mais requisitados sempre serão aqueles capazes de unir habilidades comportamentais às técnicas, como contou à AP.
Ele citou os gerentes de loja do Walmart como exemplo: eles precisam se comunicar bem com clientes, equipes de vendas e pessoal da logística. Para exercer bem essa função, afirma McMillon, “o gerente tem que ter tanto habilidades humanas quanto técnicas”, misturando comunicação e pensamento crítico com o domínio das ferramentas de IA para acompanhar desde tendências de vendas até o fluxo de mercadorias.
“Acho que as habilidades que temos enquanto seres humanos são valiosas”, concluiu. “Sempre foram, e vão ser ainda mais daqui pra frente.”
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